Carros clássicos recebem outro tipo de tratamento e há uma explicação do porquê as seguradoras convencionais não abrirem o mercado para esses veículos
Não é sempre que um carro usado ou clássico é aceito pelas seguradoras tradicionais. Para isso, algumas empresas disponibilizam esse tipo de serviço para os modelos que não se enquadram. A QUATRO RODAS fez uma seleção de opções disponíveis no mercado e explica como funciona.
Até 35 anos de uso
Recentemente, a Azul Seguros, marca do ecossistema Porto Seguro, lançou uma opção para automóveis entre quatro e 35 anos de uso. Trata-se do chamado “Azul Auto Compacto”, que apresenta uma lista de coberturas essenciais, com pagamento de forma anual. A companhia ainda conta com outra opção, mensal, a “Azul por Assinatura”.
Ambos os produtos possuem uma cobertura que engloba colisão, roubo, furto, incêndio e para terceiros (em até R$ 50 mil), além de assistência 24h para o carro e passageiros (Azul Compacto 500 km e Azul por Assinatura 400 km).
Em uma cotação para um Volkswagen Gol 1995, por exemplo, o valor médio ficou em R$ 1.256,75/ano (Azul Compacto) e R$ 97,61/mês (Azul por Assinatura). O perfil utilizado foi o de um homem de 35 anos, que reside na Zona Sul da capital paulista.
De acordo com a Azul Seguros, o custo envolve: o perfil do condutor, modelo/ano do veículo, localização (pernoite e circulação), uso do veículo (lazer ou trabalho) e, também, as coberturas contratadas. Na opção mensal é pago 80% da Fipe e na anual 90%.
O consumidor pode contratar o serviço Azul Compacto por meio do corretor, enquanto o Azul por Assinatura ocorre por meio de um representante ou pelo site da empresa.
A Azul explica que o reparo dos veículos são realizados exclusivamente na rede Porto Seguro. As peças utilizadas são novas e fabricadas com as mesmas especificações técnicas das originais, porém produzidas por fabricantes independentes.
“Por conta disso, possuem maior disponibilidade no mercado, agilizando o processo de reparo do veículo. Elas também têm menor custo, o que permite o seguro ficar mais barato. Importante destacar também que a Porto possui um critério rigoroso na escolha dos fabricantes, garantindo peças de alta qualidade e desempenho similar às peças originais”, explica Jaime Soares, diretor de Seguro Auto da Porto Seguro.
Clássicos
Para os modelos com idade avançada, há outro tipo de aspecto: a do colecionador. E há também uma explicação do motivo das seguradoras convencionais não abrirem o mercado para esse tipo de veículo.
“À medida que o carro se desvaloriza ou ‘envelhece’, algumas seguradoras consideram mais complexa a reposição de peças, caso seja necessária. Essa combinação de fatores faz com que companhias tradicionais deixem de aceitar esses modelos, ou só os aceitem com preços mais altos”, afirma Jorge Martinez, diretor de produtos da Suhai Seguradora.
A Suhai oferece no mercado o seguro para carros usados sem limite de fabricação. “Para se ter uma ideia, atualmente, o veículo mais antigo da nossa base de clientes é um Ford 1929. Também temos outros de 1951 e, entre 1960 e 1970, há uma quantidade maior, principalmente de Fuscas”, reforça Martinez.
No caso dos carros mais antigos, não é utilizada a tabela Fipe para definição de valor a ser indenizado. Nesses casos, a Suhai Seguradora determina um valor fixo estimado para o veículo (valor determinado) e permite a elevação desse valor base nos casos de placa preta. A empresa diz que, em muitos casos, ela subsidia o custo do rastreador para veículos de colecionadores, entendendo que, para esses proprietários, o mais importante nem sempre é a indenização, mas sim recuperar o carro e preservá-lo.
“Por exemplo: se um Opala Diplomata 1988 está com valor determinado base para aceitação em R$ 40 mil, ele pode ser contratado por um valor de até R$ 52 mil, caso o cliente avalie mais adequado, ou até R$ 64 mil, caso seja um veículo de placa preta. Os veículos com placa preta precisam ter o certificado de colecionador (que garante a placa preta) e são avaliados com um valor maior por se tratarem de carros totalmente originais”, explica o diretor da Suhai.
Na simulação realizada para um Chevrolet Opala Diplomata 1988 placa preta, com valor determinado em R$ 64 mil, o seguro com cobertura exclusiva de roubo e furto e assistência 24 horas, em um bairro da Zona Norte de São Paulo, tem custo na faixa de R$ 1.500 (anualmente). Caso o consumidor queira contratar mais coberturas, como perda total por colisão + responsabilidade civil de terceiros, o seguro fica na faixa de R$ 3.000. Nestes exemplos, o veículo conta com rastreador instalado.
O seguro pode ser contratado da mesma forma que para os carros mais novos e demais veículos (motos e caminhões): ao fechar o seguro, o proprietário recebe uma apólice com validade de 12 meses.
O consumidor preenche um formulário de cotação no site da Suhai Seguradora ou pode procurar um corretor. Depois, o corretor faz a cotação e, caso o consumidor queira efetivar a contratação, há uma análise da Suhai. Após a aceitação o seguro, o próximo passo é a realização de uma autovistoria e/ou a instalação do rastreador. Esse processo pode ser concluído no mesmo dia, caso o proprietário faça a autovistoria, ou em até cinco dias, no caso de instalação de rastreador, por visita domiciliar.
Há as seguintes opções de cobertura para carros:
Roubo e Furto: oferece proteção essencial em casos de roubo e furto do veículo;
Roubo e Furto + Perda Total: além da proteção contra roubo e furto, cobre perda total por colisão ou danos;
Roubo e Furto + Perda Total + Terceiros: inclui proteção contra roubo, furto, perda total e danos materiais, pessoais e morais a terceiros;
Roubo e Furto + Terceiros: combina cobertura contra roubo e furto e proteção a terceiros;
Terceiros (RCF): cobre danos causados pelo segurado envolvendo outros veículos ou pessoas;
Cobertura Compreensiva: reúne proteção contra roubo, furto, perda total por colisão ou danos e perdas parciais – na Suhai, por enquanto, essa cobertura é válida para veículos com até 20 anos de fabricação e elétricos com até 5 anos.
A empresa ressalta que a cobertura compreensiva possui franquia e, em alguns casos, especialmente para carros mais antigos, uma cobertura mais enxuta pode ser mais vantajosa.
Colecionador
A Howden, por sua vez, tem um perfil de seguro com foco apenas no colecionador de clássicos, para carros com 30 anos ou mais, sem limite máximo de idade — há exemplares dos anos 1950 e até anteriores que são aceitos. O valor do veículo é determinado, sem base na tabela FIPE. O custo do seguro vai depender, principalmente, do valor do veículo, como é a garagem e segurança, da frequência de uso e do perfil do colecionador.
“As taxas variam conforme se trate de uma coleção ou de um veículo individual. Para coleções, a taxa costuma ficar entre 0,5% e 1% sobre o valor total segurado. Para um veículo único, as taxas variam de 0,8% até, no máximo, 3%, mas, na maioria dos casos, ficam em torno de 1,5%. De modo geral, veículos de menor valor tendem a ter taxas proporcionais mais altas do que modelos de valor mais elevado”, detalha Ricardo Minc, diretor de esportes, mídia e entretenimento da Howden Brasil.
A contratação ocorre de forma anual, com emissão pela Ezze Seguros e intermediação da Howden, que atua como corretora e consultora técnica em todo o processo. Para adquirir o seguro, o consumidor deve informar o valor do veículo, dados de guarda e uso, e se pertence a algum clube filiado à Federação Brasileira de Veículos Antigos — o que garante 10% de desconto.
Com isso, há a emissão de uma cotação e, caso aprovado pelo proprietário do carro, a Howden envia um link de vistoria online, semelhante ao dos seguros tradicionais. A diferença é que o laudo é feito por um avaliador especializado em veículos clássicos, que confirma o estado de conservação e o valor de mercado. Detalhe é que se o consumidor apresentar uma nota fiscal de leilão ou de aquisição, o valor é aceito automaticamente. Depois da vistoria e aprovação, a apólice é emitida e o pagamento realizado.
A vistoria é custeada pela seguradora, mas se o cliente desistir da contratação, há uma taxa referente ao laudo técnico. A proposta pode ser assinada digitalmente após a vistoria, sem necessidade de deslocamento ou envio físico de documentos. Em média, são necessários de dois a três dias úteis para que o veículo esteja segurado. O veículo passa a estar coberto logo após a vistoria e o envio da proposta assinada.
O seguro é do tipo “All Risks”, ou seja, cobre todos os danos que não estejam expressamente excluídos. Isso inclui praticamente qualquer ocorrência imprevista: fenômenos da natureza (como raio, explosão, granizo e alagamento), roubo, furto, incêndio, queda de objetos, vandalismo, arranhões, colisões, quebra de faróis e amassamentos, entre outros.
Um exemplo simples: se o segurado acidentalmente derrubar um líquido que danifique o estofamento do veículo, o sinistro estará coberto — algo incomum em seguros tradicionais.
Os principais riscos excluídos são desgaste natural, defeitos mecânicos, uso em competições, condução por pessoas não habilitadas, confisco, guerra, terrorismo e atos dolosos. Em caso de perda parcial possui franquia para ser realizado o conserto em oficina de livre escolha.
Fonte: Quadro Rodas







