Painéis destacam adaptação climática, finanças sustentáveis e o papel estratégico do setor de seguros na construção de um futuro resiliente.
No dia 18 de novembro, a manhã da Casa do Seguro na COP30, em Belém, foi marcada por uma programação intensa e pela forte presença da MAPFRE, que conduziu a abertura e trouxe reflexões sobre o papel do setor de seguros diante dos desafios climáticos globais. Os debates reuniram representantes do governo, da academia e do mercado financeiro, com foco na adaptação climática e na consolidação de instrumentos financeiros capazes de impulsionar a transição sustentável no Brasil.
A diretora corporativa de Sustentabilidade do Grupo MAPFRE, Mónica Zuleta, abriu as atividades ressaltando o compromisso da seguradora com a agenda climática internacional. Ela afirmou que participar da conferência foi um momento importante para a companhia. “Para nós, como MAPFRE, é uma grande honra participar deste momento”, disse. Mónica destacou ainda a urgência da transformação ambiental. “Temos que trabalhar hoje, aqui e agora, para poder ter um amanhã muito melhor”, afirmou.
A executiva também reforçou que a sustentabilidade é pilar estratégico do grupo, detalhando metas climáticas ambiciosas. “Queremos ser uma empresa neutra em carbono em 2030. Já para este ano, compensaremos 80% de nossas emissões e em 2050 temos o compromisso de sermos neutros em carbono”, explicou. Para ela, a transição energética e a criação de ambientes resilientes dependem de um esforço conjunto. “Esse é um problema que não pode ser feito somente pelo setor privado, mas que é uma urgência do setor público, do setor privado, das universidades e da comunidade civil.”
No painel seguinte, o diretor de Análise, Estudos Setoriais e Regulamentação da MAPFRE, Ricardo González García, aprofundou a discussão ao apresentar o estudo global sobre mudanças climáticas elaborado pela companhia. Ele ressaltou que a pesquisa analisa riscos extraordinários e propõe caminhos para políticas públicas. “Este é um estúdio polístico que tenta analisar todas as perspectivas, tudo aquilo que pode influir no setor relacionado com o câmbio climático e com os riscos extraordinários”, afirmou. Ricardo destacou ainda a necessidade de reduzir a brecha de proteção, especialmente em países emergentes. “Tenta também dar uma pauta de políticas públicas que poderiam ser implementadas para tentar cerrar a brecha de proteção assaltadora.”
A agenda seguiu com a participação de representantes do governo federal. O subsecretário de Reformas Microeconômicas e Regulação Financeira do Ministério da Fazenda, Vinicius Brandi. Ele afirmou que o Brasil vive um momento de avanço regulatório. “Positiva e otimista em relação ao que vem acontecendo na área de regulação financeira”, disse. Brandi destacou que o mercado de seguros opera com investimentos de grande impacto na economia. “Os investimentos ativos estão na hora de 1,8 trilhão de reais, quase na faixa de 15 a 20% do PIB.”
Ele lembrou ainda da relevância da nova legislação do setor. “Foi promulgada a lei complementar o número 213. E a gente costuma dizer que foi a maior reforma da legislação de seguro nos últimos 60 anos”, afirmou, ressaltando que a norma incluiu a sustentabilidade como objetivo central da política pública de seguros.
A perspectiva científica foi aprofundada por Paulo Artaxo, membro do IPCC e professor da USP, que apresentou dados contundentes sobre o avanço do aquecimento global. “O desafio da adaptação climática é enorme”, afirmou. Ele explicou que eventos extremos se intensificaram e passaram a gerar impactos econômicos e sociais significativos. “A chuva na cidade de São Paulo vem aumentando devagarinho, mas o que é mais importante, o número de dias com chuva acima de 80 milímetros mais do que quadruplicou”, disse.
Artaxo reforçou que adaptação deixou de ser escolha e passou a ser necessidade. “A adaptação ao novo clima é uma política pública absolutamente fundamental para a gente minimizar os impactos sociais, econômicos e da vida humana. A adaptação deixou de ser uma opção. Ela vai ter que ser.”
Fechando o ciclo de apresentações, Luiz Pires, gerente de Sustentabilidade e Inovação da Anbima, destacou o avanço das ferramentas de planejamento. “Sem informação, a gente não consegue fazer nada”, afirmou. Ele reforçou a importância de plataformas como o Adapta Brasil. “A informação do que vai acontecer, do que é provável que aconteça, permite um direcionamento mais adequado dos recursos financeiros.”
Pires destacou ainda a necessidade de conectar inovação, finanças e desenvolvimento local. “Acho que tem oportunidades importantes de conexão entre esses mundos. O recurso para isso existe. A gente precisa entender como que a gente avaliza isso, como a gente cria caminhos para que o recurso consiga chegar no lugar adequado e que vai financiar o Seu José e a Dona Maria lá na ponta.”
A MAPFRE também esteve representada na moderação, conduzida por Fabio Damasceno, diretor técnico de Seguro Agrícola, Pecuário e Patrimonial Rural da companhia, reforçando o protagonismo da seguradora na jornada da manhã.
Com base em dados científicos, direcionamento regulatório e compromissos corporativos, os debates da Casa do Seguro mostraram que a adaptação climática já é um desafio presente e exige articulação entre todos os setores. A contribuição da MAPFRE destacou a relevância do mercado segurador como agente estratégico na construção de um futuro resiliente.
Fonte: CQCS








