CNseg alerta que orçamento menor do programa de subvenção limita o acesso de pequenos e médios produtores
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) revisou as projeções para o setor de seguros e confirmou queda nas operações de seguro rural em 2025. Segundo o presidente da entidade, Dyogo Oliveira, a retração é consequência direta da redução dos recursos públicos destinados ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
De acordo com o balanço divulgado pela CNseg, o ramo rural arrecadou R$ 8,7 bilhões até agosto, o que representa queda de 6,7% em relação ao mesmo período de 2024. A projeção atualizada para o fechamento de 2025 indica retração de 2,7% no volume total arrecadado com a modalidade.
A entidade aponta que o orçamento para o programa caiu de cerca de R$ 1 bilhão em 2024 para menos de R$ 500 milhões neste ano. O resultado, de acordo com o setor, é o menor nível de cobertura já registrado: a taxa caiu para 2,3% da área plantada, a mais baixa desde o início da série histórica, em 2006.
Já chegamos a ter mais de 16% da área plantada coberta por seguro rural. Este ano, a estimativa é de apenas 2%”, afirmou Oliveira.
Além disso, o dirigente ressaltou que mais de 90% das apólices do seguro rural atendem pequenos e médios produtores, que dependem da subvenção federal para contratar as apólices. “Sem o apoio do governo, esses produtores acabam assumindo o risco sozinhos, o que aumenta a vulnerabilidade no campo”, destacou.
Cenário geral do setor
Mesmo com a retração no seguro rural, outros ramos do mercado segurador seguem em expansão. O segmento de danos e responsabilidades acumula alta de 6,5% até agosto, com destaque para os seguros patrimoniais (+12,6%), garantia (+21,2%) e riscos financeiros (+15,9%).
Já o setor de saúde suplementar mantém ritmo forte, com crescimento de 12,3% no acumulado até junho. Em sentido oposto, os produtos de previdência aberta, afetados pela incidência do IOF sobre aportes em VGBL, apresentam queda de 15,2%, puxando para baixo o resultado do setor de coberturas de pessoas (-8,9%).
Com isso, o setor segurador sem saúde teve retração de 2,8% até agosto, enquanto o mercado total (incluindo saúde) cresceu 4,2% no mesmo período.
Diálogo com o Congresso
O presidente da CNseg afirmou que há expectativa de normalização do seguro rural a partir de 2026, com avanços nas discussões legislativas. Segundo ele, tramita no Congresso Nacional o projeto de lei de autoria da senadora Tereza Cristina (PP-MS), que traz duas medidas estruturais para o setor.
A primeira propõe tornar os recursos do seguro rural “incontingenciáveis”, assegurando que o valor aprovado no orçamento seja efetivamente aplicado aos produtores. A segunda cria um fundo de estabilização, que funcionará como reserva técnica para amortecer perdas em anos de maior sinistralidade, reduzindo oscilações de custo.
O fundo vai permitir uma dinâmica mais estável do seguro rural ao longo do tempo. Os produtores terão mais previsibilidade e isso tende a ampliar a adesão”, afirmou Oliveira.
Se aprovado, o projeto pode abrir espaço para uma recuperação gradual do seguro rural em 2026, com cenário mais previsível de preços e maior participação de produtores no programa.
Fonte: Canal Rural








