Comitê de Política Monetária reforça manutenção da taxa em patamar contracionista por “período prolongado”
O Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira. O nível atual dos juros básicos é o mais alto em 19 anos, o que terá impactos relevantes no mercado de seguros. Segundo o comunicado da autoridade monetária, deve permanecer nesse patamar por um “período bastante prolongado”, diante de um cenário ainda marcado por incertezas econômicas internas e externas.
A decisão tem efeitos diretos sobre o mercado de seguros em várias dimensões. Para os segurados, o cenário de juros elevados encarece o crédito e exige maior reorganização financeira, o que pode impactar a contratação e a renovação de apólices. Para os corretores, o desafio é reforçar o valor do seguro em um ambiente de consumo mais cauteloso. Já para as seguradoras, a taxa alta pode reduzir a demanda por produtos, mas, ao mesmo tempo, sustenta a rentabilidade das aplicações financeiras que compõem as reservas técnicas.
Segundo o consultor econômico Francisco Galiza, a taxa de juros traz efeitos distintos para o setor. “Economia é algo complicado que muitas vezes um fato tem seu aspecto positivo e tem seu aspecto negativo, esse é o caso da taxa de juros.”, ele continua, “Uma taxa de juros mais elevada beneficia a rentabilidade das seguradoras, já que elas têm reservas e elas podem remunerar essas reservas a uma taxa maior, então teria uma influência no resultado financeiro das seguradoras, então é um aspecto positivo.“
Ele também destaca que há reflexos negativos para a comercialização de seguros em um ambiente de crédito mais caro. “Por outro lado, uma taxa de juros mais elevada diminui a taxa de crescimento econômico, as pessoas vão ter mais dificuldade talvez em comprar carros, em comprar algo financiado, o que dificultaria a venda de produtos e, em consequência, a venda de seguros.”
O Copom justificou a decisão afirmando que a manutenção dos juros em patamar significativamente contracionista é necessária para garantir a convergência da inflação à meta de 3,0%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%. A previsão do BC é de que o IPCA fique em 3,4% no primeiro trimestre de 2027, sem alterações em relação ao último encontro.
Mesmo com sinais recentes de desaceleração da atividade econômica e de queda nas expectativas de inflação, o comunicado do Banco Central não sinalizou abertura para cortes ainda este ano. Parte do mercado, inclusive, já projeta que a primeira redução ocorra apenas em 2026.
Fonte: CQCS