O evento recebeu mais de 2 mil pessoas e abriu a programação com painéis sobre grandes riscos, marco legal e tendências do setor, além de feira de negócios
O primeiro dia da 16ª edição do Seminário de Gestão de Riscos e Seguros, promovido pela Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR), reuniu mais de 2 mil participantes nesta terça-feira (12), no WTC Events Center, em São Paulo. O evento, que também conta com feira de negócios, tem como tema central “O gerenciamento de riscos nas organizações e o marco legal do mercado de seguros” e segue até quarta-feira (13).
A cerimônia de abertura contou com a participação de Luiz Otavio Artilheiro, diretor-presidente da ABGR; Herold Alves Araújo, gerente de riscos e seguros da Companhia Energética de Minas Gerais e membro do conselho deliberativo da entidade; Leonardo de Castro Beto, gestor responsável pela área de seguros do Grupo Energisa e diretor financeiro da ABGR; e Vanessa Mota de Souza, responsável pela área de seguros na Comerc Energia e diretora-secretária da ABGR.
O diretor-presidente da ABGR, Luiz Otavio Artilheiro, destacou ao CQCS a importância do encontro para o networking entre gestores de risco e para a integração do mercado. Ele lembrou que o evento é realizado a cada dois anos e, nesta edição, tem como destaque a Lei 15.040/2015. “O tema central é o Novo Marco Legal [dos Seguros] e a gente espera que ao longo desses dois dias a gente consiga destrinchar todos esses assuntos e levar mais conhecimento para todo o mercado e para os risk managers.” Ele também celebrou a receptividade desta edição: “O evento é um grande sucesso e esperamos daqui a dois anos realizar a nossa próxima edição.”
A primeira exposição do dia abordou a Lei 15.040/24 e a operacionalidade dos grandes riscos, com apresentação de Ernesto Tzirulnik, doutor em Direito pela USP, presidente do Instituto Brasileiro de Direito do Seguro (IBDS) e da Comissão de Direito do Seguro e Resseguro da Ordem dos Advogados de São Paulo, além de coautor da lei. O painel foi moderado por Christian Mendonça, head de riscos e seguros da Norsk Hydro para a América do Sul e vice-presidente do conselho da ABGR, e contou com a participação de Felipe Nascimento, vice-presidente da FenSeg e CEO da MAPFRE Brasil, e Marcos Pessoa de Queiroz Falcão, CEO do IRB(Re).
Tzirulnik, conhecido como “pai da lei de contrato de seguro brasileira”, ressaltou a relevância de se debater o tema e a importância de ele ser tratado na ABGR deste ano. “O destaque dado à discussão a respeito da nova lei de contrato de seguro brasileira”, explicou, lembrando que o Marco Legal do Seguro substitui o Código Civil por uma lei especial, fruto de mais de 20 anos de trabalho democrático com todos os setores do mercado. Segundo ele, o texto “retoma conquistas que o Brasil teve ao longo de décadas de monopólio desde o Estado Novo até a abertura do mercado em 2008”.
Ele também apontou que a lei incentiva o desenvolvimento de novos produtos no mercado, garantindo liberdade na formulação dos negócios sem abrir mão de uma proteção robusta para segurados e beneficiários. “Acredito hoje, e todos compreendem que a lei, ao contrário do que se imaginava, ela não dificulta, mas ela facilita o desenvolvimento de novos produtos, de produtos com maior liberdade de formulação, mas com um regime jurídico protetivo de segurados e beneficiários mais denso”, concluiu.
Outro momento relevante foi o painel sobre o papel e as perspectivas do mercado segurador diante do novo marco legal. Luiz Otavio Artilheiro conduziu a conversa com Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg); Alessandro Octaviani, superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep); Rafaela Maria Barreda, presidente da Fenaber e do Lloyd’s Brasil; e Manuel Dantas Matos, vice-presidente e coordenador do comitê de Open Insurance.
Dyogo Oliveira destacou que a Lei 15.040 traz mais segurança jurídica e organiza as normas do setor, desde a subscrição até a liquidação de sinistros, com prazos e regras previamente definidos. Ele apontou que a medida exigirá maior troca de informações entre segurados e seguradoras e trará mudanças significativas, especialmente para grandes riscos, com questionários e análises prévias mais completos. “Tudo isso vai implicar em mudanças operacionais que precisam ser bem ajustadas. A lei entra em vigor a partir de dezembro. Então daqui até lá a gente tem um grande trabalho, um longo trabalho extenso de interpretação, de preparação operacional.”
O presidente da CNseg afirmou estar confiante no setor: “O mercado está plenamente capacitado para atender a demanda dos segurados e a gente não vai ter nenhum problema com a implantação da lei. É só preciso esse cuidado de tratar das questões operacionais para que ali no dia a dia as coisas funcionem bem azeitadamente.”
Octaviani reforçou a importância da nova legislação e disse ser “uma honra participar do evento da ABGR, que reúne grandes contratantes de seguro”, destacando que a Lei 15.040 traz mais clareza e mudanças significativas na gestão de riscos. “Elas [as empresas] podem ter a certeza de que a qualidade do contrato de seguro está em outro patamar, nós temos ali garantias institucionais, nós temos soluções que foram legisladas, que trazem pro nosso mercado um momento muito propício para crescer.”
Já Rafaela Barreda ressaltou a relevância dos temas discutidos no primeiro dia do evento. “Sem dúvida nenhuma, os painéis trouxeram assuntos muito importantes para o nosso dia a dia, para as mudanças tecnológicas necessárias, as inovações de produtos e, portanto, é sempre muito importante esse tipo de discussão e esse tipo de evento.”
Além dos debates, a feira de negócios proporcionou a apresentação de soluções inovadoras por diversas empresas e oportunidades para gestores se reunirem com parceiros estratégicos.
Fonte: CQCS