O avanço da produção de milho na região do Matopiba, que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, abre oportunidades estratégicas para o setor segurador, apesar da ainda tímida adesão ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Em 2024, a produção deve ultrapassar 9 milhões de toneladas, consolidando o território como uma das potências do agronegócio brasileiro.
Segundo Glaucio Toyama, presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg, o momento é favorável para que seguradoras ampliem sua presença na região. “A tecnologia empregada e o desenvolvimento climático favoreceram Matopiba neste ciclo, mas também sinaliza para a necessidade de as seguradoras terem um olhar para a região, a partir do desenvolvimento de modelos e produtos adequados”, diz. O executivo destaca que a distribuição geográfica dos riscos é estratégica para garantir a sustentabilidade do setor. “Precisamos desenvolver produtos aderentes ao Matopiba e garantir, junto ao governo federal, condições de subvenção que estimulem a contratação dos produtos”, afirma.
Apesar do crescimento da procura por seguro rural na região — 11,4% em 2023, bem acima da média nacional de 1,5% —, apenas 192 apólices foram subsidiadas pelo PSR, número considerado baixo diante do potencial agrícola local. A arrecadação chegou a R$ 901 milhões, o que representa 6,4% do total nacional.
Para Renato Magalhães, diretor do SindSeg BA/SE/TO, é preciso reforçar a importância da proteção financeira. “O Seguro Rural é essencial para dar segurança financeira ao produtor diante de perdas por clima ou mercado. Sem ele, todo o investimento feito na lavoura fica vulnerável. A baixa adesão ao PSR mostra que ainda há um longo caminho para tornar essa ferramenta acessível e eficaz na região”, pontua.
O PSR é hoje uma das principais políticas públicas voltadas ao campo e, segundo o Atlas do Seguro Rural, viabilizou mais de 24 mil apólices para o milho em 2024. Ainda assim, esbarra em entraves como o teto de R$ 60 mil de subvenção por produtor e restrições orçamentárias.
Outro desafio crescente é o impacto das mudanças climáticas, que vêm afetando a produtividade por meio de secas, enchentes, temperaturas extremas e aumento de pragas. Nesse cenário, o seguro rural se reforça como ferramenta crucial para manter o desenvolvimento da agricultura brasileira.
Fonte: CQCS