A 19ª edição do CONEC (Congresso de Corretores de Seguros), promovida pelo SINCOR-SP mostrou um novo momento do mercado de seguros. Diferente de outras edições onde falar em venda digital era quase um atentado ao pudor, o clima nos três dias do evento era verdadeiramente de “superação, o tema desta edição escolhido pelo organizador.

Assim como o tema diversidade e inclusão entrou na pauta do setor nos vieses de gênero, raça e escolha sexual, também permeia os canais de distribuição, sendo 130 mil corretores de seguros cadastrados na Susep. Cada corretor tem e opção de ser o que quer ou o que pode neste momento. Em cada entrevista era possível identificar a união de todos para consolidar o corretor de seguros como um dos principais distribuidores de seguros do Brasil, em suas diferentes versões: individuais presenciais, individuais digitais, pequenos, médios, grandes, cooperativas, assessorias, MGA, consultores financeiros, plataformas digitais para comparar preços ou para fazer a venda de ponta a ponta.

“É preciso capacidade e resiliência para que, juntos, possamos desenvolver, ainda mais, a nossa profissão. Neste novo cenário de mudanças de hábitos de consumo, internet das coisas e inteligência artificial, o corretor tem que informatizar a sua corretora, tem que aprender a lidar com funil de vendas, tem que usar as ferramentas que as seguradoras oferecem para ajudar o corretor iniciar, sem nenhum investimento, a digitalização e o marketing. As mudanças vão ser ainda maiores e nós não podemos ficar numa distância cada vez maior do consumidor”, afirmou o presidente do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo), Boris Ber.

Dito isso, a organização do evento se debruçou em trazer conteúdo e conhecimento para cerca de 10 mil corretores de seguros presentes de 5 a 7 de outubro no Transamérica Expo Center, na zona sul de São Paulo. Os profissionais tiveram oportunidades diversas, desde ouvir do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que precisa do apoio das seguradoras, especialistas em gerenciar riscos, para melhorar a administração da maior cidade do país, passando por discursos rápidos de entidades como Fenacor, Susep e CNseg, bem como dos principais porta-vozes de companhias de seguros.

E claro, descontração nas mais divertidas atrações preparadas pelos expositores para intensificar o networking com os profissionais de vendas. As modelos profissionais que distribuíam brindes nas edições anteriores deram lugar a especialistas em cuidar da saúde integral, enfatizando a importância da prevenção de riscos e do cuidado com a qualidade da saúde física mental e financeira desde o nascimento até a morte.

Já numa pegada mais digital, para levar o brinde era exigido alguma ação lidada a tecnologia com seguir o perfil da companhia, numa clara amostra da importância dada para a qualidade de seus seguidores nas redes sociais. Assim como o “Segures não”, o setor entra na fase “Robô não”, o que remete a um imenso movimento de superação, com ganho de eficiência para conquistar clientes de verdade, com corretores de verdade, com produtos que protegem de verdade.

Unidos pela democratização do seguro

A palestra de abertura, no formato talk show, contou o superintendente da Susep, Alessandro Octaviani, o talk show teve ainda um debate com o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, com o presidente da Fenacor, Armando Vergílio, e com o presidente do Sindseg-SP, Rivaldo Leite.

Segundo informa o portal Sincor-SP, Octaviani iniciou a conversa destacando como construir um futuro guiado em três pilares. “O primeiro pilar é melhorar a qualidade da regulação, um desafio para a autoridade reguladora que pensa as leis de seguros com responsabilidade. O segundo é olhar para a qualidade do seguro ofertado; e o terceiro é a poupança popular e como conectar esse patrimônio aos grandes projetos de desenvolvimento nacional.” Segundo o xerife do setor, com ajustes, é possível fazer com que mais pessoas tenham acesso ao seguro e ampliar o mercado interno. “Para os clientes entrantes, devemos fornecer produtos com qualidade. Um cliente satisfeito em um dia, retorna no outro. O mercado precisa inspirar confiança. Para isso, precisamos da ajuda do corretor, o principal indutor de seguro e agente para alcançar os novos nichos.”

Nesta mesma linha, o presidente da CNseg destacou a urgência das seguradoras desenvolverem produtos para todos os públicos. “Cerca de 67% da população brasileira ganha cerca de dois salários-mínimos e precisamos fornecer seguros para esta camada. A projeção de crescimento do mercado é de 9,4% para este ano. O setor é sólido e atravessa a modernização e digitalização. Estamos preparados para o futuro e temos muito o que crescer. Trabalhamos com pessoas, e o cerne do negócio sempre será a proteção. Precisamos nos unir e achar o melhor caminho”, afirmou Oliveira.

Rivaldo Leite enfatizou a união em torno da inovação do setor. “É extremamente importante para o mercado que as lideranças olhem para frente e se unam como agora. O caminho está alinhado e temos muito trabalho pela frente. O mercado está inovando e se modernizando cada vez mais. Tenho certeza de que o futuro será próspero”, projetou.

Vergílio destacou que o Conec traz propostas e decisões que criarão as bases para sustentar um futuro melhor, não apenas para o corretor de seguros, mas para a sociedade brasileira. “Uma projeção de 10% de representatividade no PIB brasileiro até 2030 não é uma pretensão absurda. As possibilidades de ampliar os negócios são infinitas. No Brasil, há uma rede de distribuição de seguros muito forte. Uma vasta e capilar força de vendas chamada corretor de seguros. Uma força de mais de 130 mil profissionais responsáveis por mais de 90% da venda de seguros.”

Tecnologia como aliada

No painel de abertura do segundo dia do evento, CEOs de seguradoras foram convidados para falar sobre os desafios dos corretores. Única mulher do painel, Patricia Chacon, presidente da Liberty Seguros, seguradoras em processo de ser incorporada pela HDI Seguros, disse que o papel de líderes do setor é reinventar o negócio no ritmo das mudanças sociais. “Nosso mercado está em constante transformação, e em momentos de mudança é prioritário ter clareza sobre qual é a nossa essência”. Ela citou o Conselho de Corretores, onde os parceiros têm apoiado a Liberty em sua transformação. “Por meio da co-criação, nós lançamos juntos a Aliro, um produto mais acessível para o momento de aperto no bolso do cliente, criamos o novo Portal de Corretores (MEC) e desenvolvemos uma plataforma inovadora de venda de seguros de Vida, Meu Momento de Vida”.

O aniversariante do dia, Eduardo Dal Ri, CEO da HDI, falou sobre as recentes compras da Sompo e da Liberty, uma vez que do ponto de vista do corretor reduz as opções aos clientes.” Estou ficando especialista em aquisições”, comentou fazendo referência a outras negociações nas quais já esteve à frente. “Teremos uma nova marca para operar com os produtos e serviços da Liberty. Não poderemos usar a marca Liberty, por isso estamos nos dedicando agora a criar uma marca e contamos com a parceria dos corretores para escolher o novo nome. O apoio dos corretores é a chave para o sucesso”, contou.

Para Edson Franco, CEO da Zurich, discutir o futuro do corretor é coisa do passado. ” Há 25 anos escuto que o corretor ia acabar. Não existe ameaça ao papel do corretor, pois ele é parte da cultura do nosso setor, e nada irá substituir sua força na distribuição de seguros no Brasil, que ainda tem um potencial imenso para todos. Menos de 25% da frota de veículos no Brasil é segurada, apenas 17% das residências contam com uma apólice e 7% dos brasileiros contrataram o seguro de vida”, citou. Segundo Franco, a tecnologia veio para agregar valor tanto na maior capilaridade de vendas como na redução do custo final do seguro.

Ivan Gontijo, presidente do grupo Bradesco Seguros, destacou a profissionalização do corretor. “Temos de começar a olhar para o corretor como um consultor que tem o conhecimento técnico e sabe o momento adequado para apresentar o produto para seus clientes, sejam pessoas ou empresas. Ninguém conhece melhor o cliente do que o corretor e somente ele pode nos ajudar a criar produtos personalizados para cada consumidor em seu momento da vida”.

Tão importante como a digitalização, a humanização é condição si ne qua non para o sucesso da operação de seguros, segundo disse o diretor executivo de Operações, Tecnologia e Sinistros da Tokio Marine, Adilson Lavrador. “E isso quem melhor pode oferecer é o corretor. É o corretor que tem o cliente na mão, ele é quem constrói o elo entre o segurado e a seguradora. Temos um banco de informações imenso, alimentado também por esses parceiros, com o qual estamos criando coberturas mais aderentes e personalizadas para atrair consumidores para o setor”.

Felipe Nascimento, CEO de seguros da Mapfre no Brasil, seguiu o mesmo tom na valorização do profissional. ” Temos a missão de atrair novos consumidores com ações que facilitem o entendimento da sociedade sobre a importância de estar protegida. “Efetuamos uma série de mudanças com o robusto investimento que o grupo tem aportado em tecnologia e estamos colhendo bons resultados. Temos diversos exemplos, desde facilidades e benefícios para conquistar o corretor de seguros até triplicar as vendas apenas por alterar a ordem da oferta durante a jornada do cliente”.

Seguro de vida conquista o pequeno corretor

Até pouco tempo atrás, o seguro de vida era um produto vendido exclusivamente por bancos. Hoje, as instituições ainda são as principais distribuidoras dos produtos de pessoas, como previdência, vida, seguro prestamistas, de acidentes pessoais ou invalidez. Mas aos poucos, as seguradoras vêm conquistando os corretores com um leque de produtos e benefícios para todos os bolsos de consumidores. E, claro, com um pacote de remuneração que compensa o tempo que o profissional de vendas precisa dedicar para conquistar o cliente. Enquanto no seguro de carro e cliente demanda o produto, no seguro de vida é preciso ainda criar a cultura da importância da proteção financeira.

Luciano Soares, CEO da Icatu Seguros, contou que a mudança trazida pela pandemia ao conceito da importância de todos para o seguro de vida elevou consideravelmente a demanda pelos treinamentos de corretores antes dedicados apenas à venda do seguro de automóvel. “Os profissionais começam a ter mais curiosidade e quererem entender mais sobre as técnicas de venda de seguro de vida. Então eu acredito que o desafio está nas seguradoras, em criar programas de treinamentos eficientes para esses profissionais que estão próximos dos consumidores finais e que podem orientá-los em suas mais diversas necessidades de proteção financeira”.

“A pandemia mostrou o valor do seguro para as pessoas e para as empresas. E isso chamou a atenção do corretor de seguros, que passa assume um papel de agente social, levando à sociedade a proteção financeira para situações que não se resumem apenas a morte, mas também a uma invalidez, uma doença grave, um acidente em uma viagem”, afirmou Ramon Gomez, vice-presidente da MetLife, uma das patrocinadoras do Conec 2023.

O executivo afirmou que os corretores tem sido verdadeiros conselheiros no desenho dos produtos pela seguradoras. “Eles nos trazem suas percepções e juntos criamos produtos e serviços sob medida com olhos para conquistarmos uma parcela maior da população. Uma parceria importante e que tem sido a responsável por elevar as vendas de seguros de pessoas no Brasil”.

Ramon afirma que o portfolio existente no mercado segurador é tão amplo e tão diverso que se encaixa em qualquer necessidade de que o cliente venha a ter. “Temos programas de seguros flexíveis para que o corretor desenhe o produto sob medida para a Gig Economy, que abrange os trabalhadores que deixaram o ambiente estável dos escritórios para conduzir sua própria carreira, até às empresas tradicionais que compram a cobertura para atrair e reter talentos contratados pela tradicional CLT”.

Como afirmou Boris Ber, munidos de qualificação e relacionamento os corretores continuarão com um papel fundamental na distribuição de seguros no Brasil. Que no próximo Conec tenha um painel formado apenas por corretores e outro por consumidores, dando “dicas” para os seguradores na plateia sobre como tornar os produtos e serviços do setor ainda mais atraente para os consumidores.

 

Fonte: Sonho Seguro