O presidente da Fenacor, Armando Vergilio, aponta, entre os desafios “mais gritantes” que o mercado brasileiro enfrenta, atualmente, a falta de produtos inovadores e a concentração em alguns segmentos de negócios. Segundo ele, tais desafios limitam o crescimento efetivo de proteção a ser oferecida à população brasileira, permitindo, inclusive, o surgimento das associações de socorro mútuo. “Essas associações, em uma verdadeira reengenharia do risco, reciclam aqueles que as seguradoras não tiveram interesse ou não conseguiram subscrever pelas razões mais diversas possíveis”, alertou Vergilio, no café da manhã promovido pela Fenacor e a CNseg, nesta terça-feira (26), na Fides Rio 2023.
Para Armando Vergilio, ainda assim, há um imenso espaço para o crescimento do mercado. Inclusive naqueles ramos de negócios onde há “certo grau de concentração”, o que, na visão dele, pode proporcionar “boas possibilidades para quem desejar empreender e participar do setor”.
Na visão do presidente da Fenacor, o fato de o mercado de seguros brasileiro ser apenas o 18º no ranking mundial mesmo com a economia do país ocupando a 8ª posição no cenário global, é outro indício de que “há muito espaço para crescer, com nítidas e grandes oportunidades de avançar nessa escala”.
Vergilio vê a utilização da tecnologia como algo inexorável no mercado de seguros. De acordo com o presidente da Fenacor, não há como frear o seu avanço. Pelo contrário. “É preciso entender esse movimento e aproveitar ao máximo o que a tecnologia pode nos proporcionar.”
Contudo, Armando Vergilio não teme a possibilidade de o avanço tecnológico afetar os Corretores de Seguros. “Esses profissionais possuem a perspicácia e a tenacidade de enfrentar os desafios e os obstáculos com muita perseverança, resiliência e, sobretudo, humanidade”, enfatizou.
Ele pontuou ainda que a Fenacor e os seus Sindicatos buscam, “diuturnamente”, a consolidação do corretor de seguros como o principal e o mais importante “canal de distribuição de produtos e de coberturas securitárias” existente. “Para isso, essas entidades, juntamente e com o imprescindível apoio da ENS, trabalham e investem no conhecimento e no aperfeiçoamento profissional dos corretores de seguros e na melhoria do ambiente de negócios”, assinalou.
Disse ainda que a federação e os Sincors estão dispostos a ser incentivadores e os catalizadores de interessados que pretendam investir no mercado brasileiro. “Ninguém melhor que os corretores, responsáveis por 90% da distribuição de produtos de seguros, para auxiliar nessa importante jornada”, argumentou.
O encontro, no formato de talk show, teve como tema central “Mecanismos de Distribuição de Seguros no Brasil e na América Latina”. Além de Armando Vergílio, participaram os presidentes da CNseg, Dyogo Oliveira e da Associação Argentina de Produtores de Seguros (AAPS), Sebastián Del Brutto.
Oliveira conclamou todos os segmentos do mercado a um esforço conjunto para que se possa promover o que ele classificou como “uma profunda mudança na comunicação do setor”.
Segundo ele, o principal ponto dessa mudança deve ser a substituição do “segurês” pelo português, com a adoção de termos que sejam mais facilmente compreendidos pela sociedade, principalmente os segmentos mais pobres da população. “No Brasil, 67% da população ganham menos de dois salários mínimos por mês. Essas pessoas não falam nem compreendem o segurês”, frisou o presidente da CNseg.
Ele também destacou o papel exercido pelos Corretores de Seguros no mercado local. “O setor sempre teve e sempre terá Corretores de Seguros, que fazem uma ligação humana do setor com os clientes. As ferramentas tecnológicas estão vindo para auxiliar essa relação humana”, asseverou o executivo.
Por sua vez, Del Brutto lamentou pelo crescimento dos canais alternativos na comercialização de seguros no mercado argentino.
Na opinião dele, ao buscarem esses canais, as seguradoras argentinas criam um risco claro para o consumidor. “Esses canais alternativos, como os bancos, mentem e desinformam os clientes. São fantásticos na hora de vender o seguro, mas abandonam o segurado quando este mais precisa”, criticou.
Fonte: CQCS