A programação abriu a agenda com temas como financiamento climático, liderança feminina negra e cooperação entre iniciativa privada e governo no enfrentamento às emergências climáticas.
A abertura da programação do dia 17 de novembro na Casa do Seguro, durante a COP30, reforçou o papel estratégico do mercado segurador, das instituições financeiras e das iniciativas sociais na construção de soluções para adaptação climática e inclusão. O encontro reuniu especialistas, autoridades e representantes de empresas para debater emissões, modelos de transição, financiamento climático e a importância de ampliar a participação de grupos historicamente excluídos nas discussões sobre clima e risco.
O evento começou com a apresentação do Caderno 1 da formação dedicada a clima, mulheres negras e indígenas, transformações tecnológicas e seguro inclusivo. A proposta foi introduzir conceitos essenciais sobre gênero, raça, tecnologia e riscos climáticos, estabelecendo as bases para as oficinas ao longo da semana.
A advogada e professora Edilene Lôbo destacou o início das atividades do projeto Negra Iá, voltado ao fortalecimento de lideranças femininas negras e indígenas. Ela afirmou que o programa só foi possível graças ao apoio institucional recebido.
“Nós começamos a primeira oficina de um conjunto delas, tratando desse projeto incrível que reúne mulheres negras e indígenas amazônicas para falar de liderança feminina negra e enfrentamento das emergências climáticas. Só conseguimos viabilizar esse projeto com o apoio incondicional da CNseg e das empresas que compõem a entidade”, disse.
Emissões de GEE e o papel do setor de seguros
O primeiro painel do dia, dedicado ao processo de contabilização e mitigação de emissões de gases de efeito estufa no setor de seguros, apresentou um estudo de caso sobre a aplicação do PCAF no Brasil. A discussão reuniu representantes da WAYCarbon, da Porto e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
A diretora de Sustentabilidade da CNseg, Claudia Trindade Prates, conduziu a conversa destacando a necessidade de métricas robustas para apoiar a transição de baixo carbono no setor.
Financiamento climático e adaptação no Brasil
No segundo painel da manhã, o foco foi o papel do mercado financeiro para a adaptação climática, com ênfase nas oportunidades e nos desafios para a economia brasileira.
A diretora do Departamento de Políticas para Adaptação e Resiliência à Mudança do Clima do MMA, Inamara Santos Mélo, ressaltou a urgência do tema. “Nós apresentamos aqui as políticas brasileiras para a agenda de adaptação ao clima, em particular o Plano Clima Adaptação, que traz mais de 16 planos setoriais e cerca de 800 medidas para reduzir os impactos climáticos no Brasil. Praticamente 84% dos municípios brasileiros foram atacados por desastres climáticos na última década. Essa é uma agenda bastante necessária”, afirmou.
Ela reforçou que o país é altamente vulnerável e que a integração com o mercado segurador é fundamental. “Daí a necessidade de uma parceria com as empresas de seguros, já que o Brasil é absolutamente vulnerável aos desastres e precisamos aumentar a capacidade adaptativa de todos nós”, completou.
Representando o Itaú, Luciana Nicola reforçou a importância de mecanismos de financiamento para fortalecer a resiliência do setor produtivo e das cidades. “Trouxemos uma reflexão sobre financiamento climático, principalmente buscando a resiliência de cidades. O clima já aqueceu e precisamos de políticas públicas e iniciativa privada mais preparadas para medidas adaptativas. Com o banco, temos nos preocupado em ajudar nossos clientes no processo de transição”, disse.
Ela destacou que resiliência empresarial reduz sinistros e melhora a estabilidade econômica. “No momento em que trago mais resiliência para as empresas, temos menos sinistros e um equilíbrio econômico entre os setores”, afirmou.
O papel do seguro na resposta climática
A potência do setor segurador na mitigação de riscos e na adaptação climática também foi reforçada pelo presidente do Conselho Diretor da CNseg e do Conselho de Administração da Porto, Roberto Santos. “É a primeira vez que o mercado de seguros se posiciona desta forma, com uma presença robusta na COP. O seguro tem um papel extremamente importante na questão ambiental e na sustentabilidade.”
“Existe um gap de proteção muito grande, aproximadamente 85% de falta de penetração do seguro. As mudanças climáticas já não são mais uma ameaça, são uma realidade, e afetam diretamente a sociedade”, declarou.
O deputado federal Fernando Monteiro, que também participou do encontro, reforçou que a COP30 é um marco para o setor. “Hoje aqui é um dia importante, onde a gente premia o longo trabalho feito pela CNseg. Eu digo sempre que não podemos combater catástrofe climática, mas convivemos com ela. O setor de seguros é o pilar para isso. Trazer esse debate para a COP30 é a prova de que o mercado segurador está disponível para colaborar nesse momento tão importante”, afirmou.
Cooperativismo e seguro: integração necessária
As conexões entre cooperativismo e seguros também marcaram o início do dia, tema que ganharia mais espaço nos painéis da tarde. A gerente de Relações Institucionais do Sistema OCB, Clara Maffia, destacou a importância da parceria entre os dois setores. “Cooperativismo e seguros estão totalmente alinhados para encontrar soluções para problemas importantes para o país”, disse.
Uma agenda integrada para adaptação e inclusão
A programação do dia mostrou a convergência de perspectivas técnicas, sociais e econômicas. Temas como emissões de GEE, adaptação climática, financiamento verde, inclusão de mulheres negras e indígenas e o papel do cooperativismo reforçaram a necessidade de uma abordagem integrada para enfrentar os impactos climáticos no Brasil.
Fonte: Livia Alves








