COP30 começa em Belém com líderes globais e protagonismo inédito do setor de seguros brasileiro

Enquanto chefes de Estado iniciam as negociações climáticas na capital paraense, o setor segurador estreia a Casa do Seguro, iniciativa da CNseg que reúne dez grandes companhias em torno de debates sobre sustentabilidade, adaptação e gestão de riscos durante a conferência.

Os líderes globais começam a se reunir hoje, em Belém, para a cúpula de chefes de Estado que antecede oficialmente a COP30. O encontro marca o início das discussões climáticas e deve definir o tom das negociações que ocorrerão durante as próximas duas semanas. As delegações chegam entre 7h e 10h à zona azul, área diplomática e restrita onde acontecem as reuniões. Às 10h30 está programada a sessão plenária de abertura, com discursos dos líderes mundiais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o primeiro a falar. Às 13h30 ocorre o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, idealizado por Lula para financiar ações de preservação e desenvolvimento em países com grandes áreas de floresta.

Entre os principais resultados esperados da COP30 está o relatório que define o caminho para mobilizar US$ 1,3 trilhão até 2035, somando recursos de governos, empresas e instituições financeiras para financiar a descarbonização e a adaptação aos impactos climáticos. O documento “Caminho Baku-Belém para US$ 1,3 trilhão”, elaborado sob a liderança do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, afirma que o dinheiro existe, mas será preciso uma mudança de mentalidade e de prioridades políticas para direcionar o capital às áreas certas.

O Brasil assume protagonismo nesta edição, não apenas como anfitrião, mas também por levar à conferência uma mobilização inédita do setor financeiro e de seguros. Ontem, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) realizou o pré-lançamento da Casa do Seguro, um espaço de 1,6 mil metros quadrados que funcionará entre 10 e 21 de novembro como a “embaixada do seguro” durante a COP30, a poucos metros do centro oficial da conferência. O evento reuniu cerca de 300 pessoas, entre representantes do governo do Pará, seguradoras, corretores e imprensa.

O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, afirmou que o objetivo da Casa é mostrar como o seguro pode ajudar a sociedade a lidar com os efeitos das mudanças climáticas e a construir soluções de adaptação. “É uma satisfação enorme poder fazer a entrega deste espaço. Não há nada mais relevante nesta agenda do que falar das mudanças do clima e das pessoas que são afetadas diariamente por elas. A Casa do Seguro estará aberta a todos os setores da sociedade. A cada dia, será abordado um tema diferente: infraestrutura, cidades resilientes, cooperativismo, agronegócio, energias renováveis. É um espaço para falar sobre como o seguro pode ajudar a construir soluções”, disse Oliveira.

A Casa do Seguro foi projetada com padrões de sustentabilidade, neutralização de emissões e gestão de resíduos, com certificações de evento neutro e resíduo zero. Para o superintendente executivo da CNseg, Gustavo Brum, a iniciativa representa o ápice da estratégia do setor em se posicionar ativamente nas discussões globais sobre clima, servindo como plataforma de inovação e engajamento.

Entre os dez empoderadores da Casa estão Allianz, AXA, MAPFRE, Porto, Prudential, Tokio Marine, Bradesco Seguros, BB Seguros, Caixa Seguridade e Marsh McLennan. Cada companhia levará painéis e projetos próprios, conectando sustentabilidade, inovação e finanças.

O Grupo Bradesco Seguros abre a programação no dia 10 com o painel “Mudanças Climáticas e Saúde: Impactos e Oportunidades para o Setor de Seguros”, com Thaís Jorge, diretora da Bradesco Saúde, e Bernardo Castello, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, ao lado de especialistas como Celso Granato e Paulo Artaxo. Na sequência, Ney Ferraz, presidente da Bradesco Auto/RE, e Estevão Scripilliti, diretor da Bradesco Vida e Previdência, participam de debate sobre soluções para adaptação climática. À tarde, Ivan Gontijo, presidente do grupo, será um dos keynote speakers do painel “From Rio to Belém”, ao lado de Butch Bacani, da UNEP-FI, destacando os avanços desde o lançamento dos Princípios para a Sustentabilidade em Seguros, em 2012.

“O nosso trabalho começa muito antes do desastre. O antes, o durante e o depois fazem parte da rotina de quem quer proteger pessoas e patrimônios”, enfatiza Ivani Benazzi de Andrade, superintendente de Sustentabilidade da Bradesco Seguros. Segundo ela, o primeiro passo é sempre o da prevenção. “No Brasil, a expansão dos seguros ainda é baixa. As pessoas não compreendem o quanto é importante ter proteção, seja de vida, seja residencial. A conscientização é parte do cuidado preventivo.”

A Porto apresenta em Belém sua estratégia de sustentabilidade Regenera, que estabelece metas até 2030, como reduzir 40% das emissões diretas de gases de efeito estufa, garantir 100% de uso de energia renovável e comercializar 13 bilhões de reais em produtos com atributos sustentáveis. A companhia, pioneira no setor ao adotar a metodologia internacional PCAF, promoverá no dia 17 dois painéis na Casa do Seguro.

O primeiro discutirá o processo de contabilização de emissões no setor de seguros e a experiência da Porto com a PCAF, com participação de Patrícia Coimbra, diretora de Gente e Cultura da companhia, e Butch Bacani, líder global da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP-FI). O segundo painel abordará o papel do mercado financeiro na adaptação climática, com a presença de Patrícia Chacon, COO da Porto, e Luciana Nicola, diretora de Sustentabilidade do Itaú.

A Tokio Marine acredita que se associar a esse evento histórico para o Brasil, com ampla repercussão nacional e internacional. “É uma oportunidade de reforçar o compromisso da Seguradora com causas ESG, além de ampliar a exposição da marca e a visibilidade do setor de seguros como um todo, destacando sua importância na agenda climática”, afirma Luciana Amaral, diretora de pessoas, planejamento e sustentabilidade da Tokio Marine. Para a executiva, o mercado segurador tem função primordial na prevenção e na mitigação de riscos climáticos. “O nosso papel como seguradores é mostrar à população o papel social que o seguro tem na vida das pessoas, o que ficará evidente na Casa do Seguro”, complementa Luciana.

“Apoiar a Casa do Seguro é um reflexo do compromisso da AXA com a pauta climática e com todo o desenvolvimento sustentável. O seguro é um instrumento essencial para resiliência das comunidades e economia e queremos contribuir ativamente para esse debate”, afirma Erika Medici, CEO na AXA no Brasil. A executiva exalta a importância de o evento global ser realizado em plena Amazônia em um momento crítico para a humanidade. “Belém, como sede da COP30, representa um marco na discussão sobre clima e biodiversidade. A Amazônia tem um papel crucial na regulação climática global e o setor de seguros brasileiro não poderia estar fora desse fórum”, salienta.

A MAPFRE realiza no dia 18 dois debates sobre o papel do seguro na construção de uma economia mais resiliente. No primeiro, chamado “Adaptação Climática e Finanças Sustentáveis: Caminhos para a Resiliência”, a companhia apresentará um estudo inédito da MAPFRE Economics sobre os impactos econômicos da crise climática e a brecha de proteção — diferença entre perdas por desastres e o que é efetivamente coberto por seguros.

Participarão do painel Ricardo González García, diretor de estudos da MAPFRE Economics Espanha, o físico Paulo Artaxo, membro do IPCC, e Carlos Takahashi, chairman da BlackRock Brasil, sob moderação de Mónica Zuleta, diretora corporativa de sustentabilidade da MAPFRE. O segundo painel, “O Papel do Setor de Seguros na Consolidação do Mercado de Carbono”, trará o lançamento de um novo seguro ambiental voltado a projetos de reflorestamento não comercial, com a participação de David Canassa, CEO da Reservas Votorantim, e Aloísio Lopes Pereira de Melo, secretário nacional de Mudança do Clima.

A Allianz, por sua vez, promove no dia 12 dois painéis com executivas globais da companhia. No primeiro, “Cidades resilientes: planejamento urbano para um clima imprevisível”, a convidada Lena Fuldauer, líder global de Soluções de Sustentabilidade e Resiliência da Allianz Commercial, discutirá o impacto das mudanças climáticas nas áreas urbanas. No segundo, “Mudanças climáticas e o novo paradigma do seguro”, Gabrielle Durisch, CSO da Allianz Commercial, trará uma visão internacional sobre riscos climáticos e adaptação de produtos. Ambos os painéis terão moderação de Eduard Folch, presidente da Allianz Seguros, e participação de executivos brasileiros como Fábio Morita e Mauricio Masferrer.

O Instituto de Longevidade MAG também marcará presença com a participação de Nilton Molina, que estará no painel “Seguros, Mudanças Climáticas e a Longevidade” no dia 11. O executivo discutirá como o setor de seguros e previdência pode contribuir para uma sociedade mais preparada para o envelhecimento e para riscos climáticos crescentes, reforçando a conexão entre proteção financeira, bem-estar e sustentabilidade.

Reconhecendo a importância de compreender e gerir os riscos climáticos, a Marsh McLennan participa ativamente da COP30, levando a Belém a experiência integrada de suas quatro áreas de atuação — Marsh, Guy Carpenter, Mercer e Oliver Wyman. A companhia busca traduzir as discussões da conferência em soluções concretas para empresas, comunidades e governos, fortalecendo a resiliência climática e o crescimento sustentável em um ambiente de transformação.

Na COP30, a BB Seguros, através da Brasilseg, empresa da Holding, apresentará um projeto piloto de seguro regenerativo, desenvolvido em parceria com a agtech Produzindo Certo, integrando o Consórcio Reg.IA. O modelo oferece condições diferenciadas para produtores rurais que adotam práticas regenerativas validadas, como manejo adequado do solo, cobertura vegetal e práticas de sequestro de carbono. Essa iniciativa não só reduz perdas e aumenta a resiliência, mas cria espaço concreto para soluções de seguro mais justas e eficientes, contribuindo para a transição do agro brasileiro para uma economia de baixo carbono.

Entre as iniciativas que exemplificam essa atuação estão o novo Catálogo de Riscos de Transição Climática, que ajuda gestores a mitigar ameaças em projetos de descarbonização, e os Resilience Breakthroughs, que mostram como ampliar a capacidade de adaptação a eventos extremos. A delegação da Marsh McLennan, formada por líderes globais e locais, participará de diversos painéis e workshops nas zonas azul e verde da COP, além de eventos da World Climate Foundation e da TED Countdown House. A maior corretora de seguros do mundo reforça seu compromisso em apoiar clientes e comunidades na navegação pela transição climática e na construção de um futuro mais resiliente, conectando conhecimento técnico, inovação e gestão de riscos para transformar desafios ambientais em oportunidades de impacto positivo.

Com essa presença articulada, a Casa do Seguro se consolida como o principal ponto de encontro do setor durante a COP30. O espaço abrigará mais de 60 painéis e encontros empresariais, com temas que vão da descarbonização e economia circular à inovação em produtos de proteção climática.

A COP30, que se estende até 21 de novembro, promete colocar o Brasil no centro do debate sobre a transição verde e a construção de uma economia resiliente. Para o setor segurador, é uma oportunidade histórica de mostrar como a proteção e a gestão de riscos podem ser instrumentos de desenvolvimento sustentável.

O Sonho Seguro fará a cobertura completa diretamente de Belém, com reportagens, entrevistas e análises sobre o papel das seguradoras na agenda climática. Acompanhe o blog e as redes sociais para acompanhar os bastidores da Casa do Seguro e os destaques da COP30.

Fonte: Sonho Seguro