Apesar do ano não ter sido tão aquecido no setor de automóveis, a Porto tem tido bons resultados por meio da diversificação dos negócios. De acordo com informações divulgadas no Valor Econômico, a companhia dobrou de tamanho nos últimos cinco anos e, para Paulo Kakinoff, CEO do Grupo Porto, parte do crescimento é atribuído à busca por novas áreas de atuação e à divisão do negócio em verticais, implementada em 2023.
“Houve uma redução do peso que um único ramo tinha no resultado total da companhia, para uma diversificação importante em ambientes macroeconômicos e políticos tão cíclicos como temos no Brasil”, afirmou Kakinoff em entrevista ao portal.
Atualmente, a companhia atua com quatro verticais: seguro, saúde, banco e serviços. Dentre os impactos dessa divisão, os mais visíveis são crescimento de receita e de lucratividade, bem como na base de clientes, que, hoje, chega a aproximadamente 18 milhões, segundo o executivo.
“Evidentemente, em todos os segmentos temos períodos de maior ou menor demanda e uma força competitiva que também varia. Só que são quatro verticais que juntas produzem 120 produtos e serviços”, afirmou Kakinoff.
O seguro de automóveis representava quase 80% dos resultados da empresa há dez anos. No segundo trimestre deste ano, a participação caiu para 35%. No segundo trimestre, os prêmios emitidos e a frota segurada registraram crescimento de aproximadamente 3%. Já no acumulado dos três primeiros meses do ano, o setor avançou 4% em prêmios e 2% em frota.
Esse avanço mais discreto está alinhado ao comportamento do mercado como um todo. Segundo dados mais recentes da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), a arrecadação das seguradoras com seguro auto aumentou 5,4% de janeiro a agosto deste ano.
“O [ramo de] automóvel apresenta crescimento, mas em taxas menores, porque já é um mercado mais maduro”, afirma Kakinoff. “Alguns segmentos de seguro ainda crescem em ritmo de dois dígitos, o que é menos provável em auto, dada a penetração que temos e o nível de maturidade do mercado”, completa o executivo.
Para expandir as vendas e impulsionar as unidades menos conhecidas, a Porto aposta no uso do canal de distribuição dos corretores, que já comercializam seguros, para oferecer produtos de outras verticais.
No segmento “Bank”, um dos planos de Kakinoff é desenvolver produtos financeiros para os principais parceiros, como oficinas mecânicas credenciadas, fornecedoras de peças e corretores. “São pessoas com as quais temos um fluxo de transações financeiras muito intenso, para pagamento de sinistro, compra de peças, pagamento de comissão, e que podem se interessar por produtos como antecipação de recebíveis”, explica ele.
A companhia também vê potencial no segmento de consórcios. No segundo trimestre, a carteira administrada cresceu 29,2% no segundo trimestre, alcançando R$ 82,2 bilhões. A receita aumentou 28%, chegando a R$ 377,3 milhões.
“Ele tem se tornado cada vez mais um instrumento de planejamento financeiro especialmente em momentos com uma taxa básica de juros tão elevada. É uma forma que os clientes encontraram de ter uma disciplina de poupança, de proteção do patrimônio, para a viabilização de um projeto que dificilmente teria condições de estruturar, como uma casa ou um carro”, diz.
Ainda segundo o Valor Econômico, as verticais de serviço e saúde obtiveram, em agosto de 2024, registro de companhia aberta, o que tem gerado questionamentos de analistas e investidores sobre uma eventual abertura de capital ou até mesmo a venda integral de alguma delas. “Não há nenhum interesse da companhia em deixar de controlar as unidades”, afirmou.
Segundo ele, a abertura de capital foi realizada para reforçar a governança e permitir que as verticais possam acessar o mercado de capitais “em um momento em que haja um alinhamento de planetas que torne, de fato, muito atraente fazer isso”, completa.
As operações de fusões e aquisições (M&A) continuam no radar da companhia. Há algum tempo, a administração da companhia sinaliza ao mercado que tem recebido propostas de empresas e fundos de investimento para possíveis compras de participação. “Para nós, só fará sentido se a proposta trouxer algum tipo de ‘know-how’ ou tecnologia de gestão que ainda não temos.”
Fonte: CQCS








