Setor segurador mantém desempenho positivo em 2025 mesmo diante de incertezas

Até junho, seguradoras registram alta rentabilidade e continuam reduzindo despesas administrativas, reforçando a eficiência do setor

Segundo a coluna “Na Ponta do Lápis!” do consultor econômico Francisco Galiza, apesar das incertezas econômicas e climáticas que marcam o cenário atual, o setor segurador brasileiro segue demonstrando resiliência e bons resultados. Os dados consolidados até maio de 2025 indicam que as seguradoras continuam registrando crescimento real nos prêmios e mantendo uma rentabilidade sólida, variando entre 25% e 30%.

Além do bom desempenho financeiro, o setor mostra avanços importantes no controle de custos. O indicador de Despesas Administrativas em relação aos Prêmios apresentou queda expressiva nos últimos cinco anos, passando de 15,5% para 12,5%. Essa redução revela um ganho de escala e uma maturidade operacional cada vez maior entre as companhias.

Esse cenário reflete uma série de transformações pós-pandemia, que aceleraram a digitalização, otimizaram processos internos e permitiram uma melhor gestão dos recursos. O resultado é um setor mais eficiente, preparado para enfrentar adversidades e contribuir com estabilidade para a economia brasileira.

Segundo Manuel Matos, 1° vice-presidente da Fenacor e vice-presidente de Finanças da Câmara Brasileira da Economia Digital, a resiliência do mercado tem base em estratégias de diversificação e inovação. “As seguradoras brasileiras priorizam estratégias de diversificação de portfólio e otimização de custos para sustentar rentabilidade em 2025, com crescimento projetado acima de 10% na arrecadação de prêmios, conforme estimativas da CNseg.”

Essas iniciativas incluem investimentos em tecnologias preditivas para modelagem de riscos climáticos, parcerias com fintechs e startups para oferta de microsseguros e fortalecimento de práticas ESG e reservas de resseguro. Relatórios de mercado apontam que 58% das seguradoras já utilizam inteligência artificial para otimização de processos, com ganhos de eficiência de até 20%.

Para Alexandre Leal, diretor técnico de Estudos e de Relações Regulatórias da CNseg, as seguradoras também têm avançado no fortalecimento técnico das carteiras. “As seguradoras brasileiras têm adotado um conjunto de estratégias para preservar e ampliar sua rentabilidade em meio a um cenário de incerteza econômica e de transição climática.” 

“Um dos eixos principais é o fortalecimento da subscrição e da precificação, com uso intensivo de dados, inteligência artificial e telemetria para segmentar riscos e ajustar os preços de forma mais aderente à realidade.”, aponta, Alexandre. 

Na avaliação de Leal, a inovação em produtos amplia o alcance e gera novas fontes de receita. “Por fim, a inovação em produtos e serviços tem ganhado espaço, com destaque para os seguros paramétricos, microseguros e soluções de embedded insurance. Além de ampliar o alcance do mercado, essas ofertas criam novas fontes de receita e reforçam o papel do seguro na adaptação às mudanças climáticas.”

Outro ponto central é a transformação digital, que tem impacto direto tanto na eficiência operacional quanto na experiência do cliente.

“A digitalização e a otimização de processos têm transformado profundamente o setor segurador no Brasil, trazendo ganhos relevantes de eficiência operacional”, destaca. Segundo Leal, atividades antes manuais, como subscrição e regulação de sinistros, hoje são feitas de forma mais ágil e com menor custo, reduzindo erros e aumentando a satisfação dos consumidores.

No campo da solvência e credibilidade, Matos aponta que os dois dirigentes apontam avanços consistentes. “O setor adota medidas regulatórias e de governança para elevar solvência acima dos mínimos da Susep, mantendo estabilidade em 2025 apesar de volatilidade econômica e climática”, afirma Matos.

Leal acrescenta que a robustez vem do equilíbrio entre prudência regulatória e inovação. “O setor segurador brasileiro tem reforçado a credibilidade e a solvência por meio de um conjunto de medidas que equilibram prudência regulatória e inovação em gestão de riscos. Em primeiro lugar, as seguradoras intensificaram práticas de governança corporativa e de gerenciamento integrado de riscos, incluindo a realização de testes de estresse que simulam cenários econômicos adversos e eventos climáticos extremos.”

Na visão do consultor econômico Francisco Galiza, o desempenho positivo também se apoia na credibilidade do mercado. “São vários aspectos. Eu acho que a SUSEP tem um papel também por ser um setor regulado. A gente não tem tido problemas de solvência no mercado, isso aumenta a credibilidade. O setor de seguros hoje tem uma credibilidade muito alta […] Então, é um lado positivo esse ambiente favorável, mas é uma série de fatores […]”

Para saber mais sobre o tema, é só acessar a coluna do Galiza no CQCS, “Na Ponta do Lapis”.

Fonte: CQCS