Segundo especialistas, custo pode aumentar conforme a idade; veja simulação com valores médios para diferentes idades
É consenso entre especialistas que o melhor momento para contratar um seguro de vida é o quanto antes, ou assim que a pessoa se torna financeiramente independente. Mas muitas pessoas acabam deixando esse planejamento para última hora e descobrem que pode ser tarde demais.
Isso porque muitas seguradoras colocam uma idade limite para a contratação inicial do seguro de vida. Essa idade pode variar, mas geralmente vai até os 75 anos, embora algumas ofereçam cobertura para clientes de até 85 anos, dependendo do produto.
Segundo a Susep (Superintendência de Seguros Privados), autarquia federal que regula o setor de seguros no Brasil, não existe um limite de idade para contratação de seguro de vida. O que ocorre é que as seguradoras são livres para aceitarem ou não os riscos e para efetuarem a precificação.
É bastante comum, por exemplo, a utilização de tábuas biométricas para precificação do risco de morte. Nesses casos, quanto maior a idade, maior o risco de morte e, por consequência, mais caro vai ser o custo do seguro.
“Assim, embora não haja uma limitação de idade para contratação de seguro de vida, é muito comum que o custo do seguro aumente conforme a idade do segurado”, informou a Susep.
Nos casos específicos de seguro funeral e seguro contra doenças graves ou acidentes, o limite máximo de contratação costuma ser menor, geralmente até 70 anos.
“Ainda estou dentro do limite de idade”
Mas tudo certo, você está numa faixa etária que ainda pode contratar uma cobertura. No entanto, outro problema surge: o custo elevado.
O preço do seguro de vida para pessoas nessa faixa etária costuma ser bem maior do que para os mais jovens. Isso acontece porque muitas apólices são do tipo repartição simples, em que o valor pago pelo segurado aumenta conforme a idade, já que o risco de morte cresce com o passar dos anos.
Um outro modelo, o seguro capitalizado, apresenta um preço nivelado: o segurado paga um valor mais alto no início, mas que se mantém fixo durante todo o contrato, sem reajuste por idade.
A pedido da reportagem, a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), que representa as seguradoras de vida no país, simulou valores médios para diferentes idades, o que ajuda a dar uma ideia prática dos custos do mercado.
Para um seguro de vida com capital segurado de R$ 100 mil em modelo de repartição simples, o valor do prêmio mensal (valor que o segurado paga à seguradora para ter direito à cobertura contratada) fica em cerca de R$ 200 para alguém de 60 anos, aumentando para R$ 337 aos 65 anos, R$ 533 aos 70 anos e chega a R$ 848 aos 75 anos.
Ou seja, no modelo de repartição simples, o custo do seguro para uma pessoa de 75 anos é mais de quatro vezes maior do que o valor pago aos 60 anos – um aumento de aproximadamente 324%.
IDADE PRÊMIO 60 R$ 200,18 65 R$ 336,78 70 R$ 533,46 75 R$ 848,36
Já para um seguro capitalizado com o mesmo capital segurado, o prêmio mensal inicial é mais alto: R$ 359 aos 60 anos, R$ 436 aos 65, R$ 522 aos 70 e R$ 673 aos 75 anos.
No seguro capitalizado, a diferença entre o valor pago aos 60 e aos 75 anos é bem menor, cerca de 88%.
IDADE PRÊMIO 60 R$ 358,64 65 R$ 436,18 70 R$ 522,11 75 R$ 673,41
Segundo Nelson Emiliano, presidente da comissão atuarial da FenaPrevi, as mensalidades também podem variar bastante dependendo da cobertura, do capital segurado, da saúde do segurado e da seguradora escolhida.
“Se a pessoa contratar o seguro de vida já em idade avançada, é mais vantajoso optar pelo modelo de repartição simples, pois o seguro capitalizado vai acabar saindo mais caro, devido à forma como o prêmio é nivelado para toda a expectativa de vida restante”, explica Emiliano.
Ou seja, mesmo que o seguro capitalizado seja bom para quem contrata mais jovem e quer manter o preço fixo, quem busca proteção mais tarde provavelmente pagará menos se optar pelo modelo de repartição simples.
Se os valores elevados forem um fator que pesa na decisão, vale a pena fazer uma pesquisa detalhada e analisar as opções de cada seguradora, considerando o perfil e as necessidades de cobertura.
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“Ultrapassei o limite de idade”
Mas você já ultrapassou o limite de idade para contratação ou quer ajudar seus pais, avós ou sogros a se protegerem? Existem alternativas no mercado.
- Seguro funeral para pais e sogros
Após ultrapassar a idade normalmente aceita para contratação do seguro de vida, ainda existem opções para garantir proteção financeira aos entes queridos. Uma delas é o seguro funeral, que pode ser contratado por filhos, genros ou noras para cobrir pais ou sogros.
Embora na maioria das seguradoras o limite para o titular seja em torno de 70 anos, pais e sogros com idade mais avançada podem ser incluídos na apólice como segurados adicionais dentro da cobertura do titular.
Segundo Nelson Emiliano, presidente da Comissão Atuarial da Fenaprevi, o seguro funeral “é um produto bastante acessível, que atende às necessidades básicas e se torna uma opção válida principalmente para as classes D e E.”
No caso do seguro funeral, o custo médio gira em torno de R$ 10 mensais para uma cobertura básica de R$ 15 mil, tomando como exemplo um titular de 45 anos, segundo simulação da FenaPrevi.
- Previdência privada: VGBL e PGBL
Outra estratégia para quem não consegue contratar seguro de vida devido à idade é investir em planos de previdência privada, como o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre).
Esses produtos funcionam como uma forma de acumulação financeira, que podem ser deixados para a família sem a burocracia de passar pelo inventário, agilizando o pagamento em momentos de necessidade.
Em ambas as modalidades, o investidor pode escolher entre a tabela regressiva ou progressiva de tributação, que impactam no valor do imposto a ser pago.
PGBL ou VGBL: entenda as diferenças e o que avaliar para escolher
- Cobertura em planos de seguro empresarial
Para pessoas idosas que continuam trabalhando, a cobertura do seguro pode ser mantida dentro do plano de seguro coletivo oferecido pela empresa.
Nesse caso, conforme explica Nelson, o risco é diluído entre o grupo de funcionários, o que permite a manutenção da cobertura mesmo na idade mais avançada do participante.
Fonte: InfoMoney