A Federação de Seguros Gerais (FenSeg) estima que as vendas de seguro de transporte de carga devem crescer 11,5% em 2025, praticamente o dobro do avanço registrado em 2024, de 5,5%, segundo informações do Valor Econômico. No ano passado, o segmento movimentou R$ 6,12 bilhões em prêmios, enquanto as indenizações atingiram R$ 3 bilhões, representando um aumento de 6,1% em relação a 2023, conforme dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Nos cinco primeiros meses de 2025, a arrecadação com seguros de transporte atingiu R$ 2,7 bilhões, 11,4% acima do mesmo período de 2024, com R$ 1,5 bilhão pagos em indenizações. O crescimento reflete, em parte, a obrigatoriedade legal de contratação de alguns seguros, reforçada por portaria da ANTT em agosto.
De acordo com Marcos Siqueira, presidente da Comissão de Transporte da Federação de Seguros Gerais (FenSeg), o setor observa mudanças nos perfis de risco e na logística, o que exige soluções mais estratégicas das seguradoras.
Uma pesquisa da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) aponta que o país totalizou R$ 1,2 bilhão em prêmios com roubo de cargas no ano passado. Desse volume, a região Sudeste responde por 72%. “Esse cenário pressiona as taxas de seguro, especialmente em rotas críticas como Rio de Janeiro e São Paulo e interior de Minas Gerais, onde a sinistralidade é historicamente alta”, comentou o executivo ao Valor.
Para enfrentar esse desafio, seguradoras que atuam no transporte têm investido em tecnologias que ajudam a reduzir riscos e sinistros, como a Internet das Coisas (IoT) e sistemas de conexão e dados, segundo o Valor. No caso da IoT, sensores embarcados, instalados de fábrica ou posteriormente nos veículos, permitem monitorar aspectos como fadiga do motorista e velocidade, além de possibilitar o bloqueio ou imobilização do veículo em situações críticas.
Já as soluções de conectividade utilizam radiofrequência, GPRS, uma tecnologia de transmissão de dados em redes móveis 2G, e, em breve, conexão 4G, integradas a plataformas avançadas de telemetria. Esses recursos permitem unir informações do veículo ao planejamento logístico, aumentando a segurança, otimizando tempo de viagem e consumo de combustível, e gerando dados que ajudam a antecipar riscos e aprimorar processos.
Na Porto Seguro, uma tendência já está sendo observada: a emissão de prêmios de seguros de carga saltou de 6%, em 2023, para 15,1%, em 2024. “A expectativa é de continuidade, com um nível sustentável e acima do crescimento da economia”, disse Jarbas Medeiros, diretor de Ramos Elementares e Vida da empresa, ao Valor. O índice de sinistralidade está em 33,8%, patamar considerado controlado diante dos riscos do setor, e o portfólio está em ampliação, segundo o executivo.
Igor Di Beo, vice-presidente de Vida e Ramos Elementares do Grupo HDI, projeta que o setor de seguros de carga terá um desempenho acima da média do mercado em 2025. O cenário positivo é sustentado pelos investimentos em infraestrutura e logística, favorecidos por Parcerias Público-Privadas (PPPs) e novos contratos de concessão. A empresa tem investido em produtos personalizados, aliados a planos de gerenciamento de risco integrados.
“Isso deve melhorar a malha de transporte nacional e ampliar o volume de mercadorias transportadas. Há ainda expectativa de retomada dos investimentos industriais, com reflexos na movimentação de cargas, especialmente de insumos e equipamentos de alto valor”, afirmou.
Fonte: CQCS