Nova oferta de seguro de vida atrai clientes

Com cobertura flexível, contratação digital impulsiona crescimento e amplia acesso entre jovens

Segundo o Valor Econômico, o seguro de vida vem se reposicionando e construindo uma nova forma de relacionamento com o consumidor. As seguradoras buscam romper uma das principais barreiras que, por muito tempo, limitaram o crescimento da modalidade: o conceito de um produto “engessado”, restrito a casos de morte e com capital segurado praticamente fixo. Nos últimos anos, o seguro de vida se tornou uma solução mais flexível, voltada ao planejamento financeiro, com coberturas que podem ser utilizadas em vida.

Esse reposicionamento foi impulsionado pela tecnologia. Com a operação das seguradoras, a digitalização de processos garantiu a eficiência operacional, abrindo novos canais de venda e comunicação, automatizaram a emissão de apólices e, principalmente, conquistaram novos clientes. O total de prêmios emitidos no seguro de vida individual chegou a R$17,9 bilhões em 2024, um aumento real (descontada a inflação) de 16,4% em relação a 2023. No primeiro trimestre de 2025, a alta foi de 7,7%, com R$4,6 bilhões em prêmios arrecadados, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). A expectativa é de continuidade no crescimento.

De acordo com a Allianz, 55% dos clientes atuais que possuem seguro de vida fizeram a contratação em 2024. Para o Valor Econômico, o movimento não se deve apenas à maior preocupação com segurança, mas também ao novo modelo do produto. Segundo Fabio Morita, diretor executivo de auto, massificados e vida da Allianz Seguros, trata-se de uma reação ao reposicionamento do mercado.

Para a seguradora, o seguro de vida é hoje um mix de coberturas de sobrevivência que funcionam como reserva financeira para diferentes situações, como tratamento de doenças graves, cirurgias, internações ou diárias temporárias, no caso de profissionais liberais afastados do trabalho por questões de saúde. Nesse sentido, Júlia Normande Lins, diretora de infraestrutura de mercado e supervisão de conduta da Susep, pontua: “A Susep tem atuado em diversas frentes para impulsionar o mercado de seguros e especialmente o produto vida”, acrescentando que o trabalho para implementação do seguro de vida universal, que unirá vida e previdência, deve aproximar ainda mais os consumidores. “Entendemos que vai aproximar mais as pessoas desse mercado”, ressaltou a executiva.

Para o Valor Econômico, é consenso entre as seguradoras que o uso de plataformas digitais, com contratação simples e rápida, aliado ao leque ampliado de coberturas, têm atraído um novo perfil de cliente: os jovens, que passam a enxergar no seguro de vida uma ferramenta de planejamento financeiro. Segundo a MAG Seguros, quase 50% (49,8%) dos clientes que contrataram o seguro em 2024 têm entre 20 e 39 anos — anos atrás, a média era de 45 anos. “Hoje, temos coberturas no seguro de vida que foram evoluindo e entendem mais a realidade das pessoas”, ressaltou Marcio Batistuti, diretor comercial da MAG, citando coberturas para doenças graves, cirurgias e internações hospitalares.

O avanço também se explica pela chegada das insurtechs, fintechs de seguros que alavancaram os modelos digitais. “Saímos do zero cinco anos atrás quando chegamos ao mercado, para um capital segurado hoje de R$80 bilhões”, comentou Rafael Cló, CEO da insurtech Azos, que conta com cerca de 70 mil clientes.

Uma pesquisa realizada pela Prudential Seguros em 2022, em parceria com a FGV, indicou que a proteção financeira ainda tem enorme espaço para crescer. “Uma força muito grande hoje do seguro de vida é a ampliação do conceito de proteção financeira”, avaliou Victor Bernardes, diretor de vida e previdência da SulAmérica.

O Valor Econômico conclui que investimento em comunicação e tecnologia tem sido fundamental para a expansão do setor. “Nos últimos anos investimos R$1 bilhão em tecnologias, da automação ao chatbox e IA, ajustando a forma de nos comunicarmos. Hoje, tratamos o produto não como um seguro de cobertura de morte, mas um seguro voltado à longevidade”, destacou André Lauzana, vice-presidente da Prudential. A tecnologia também tem melhorado a experiência do cliente. “Pensamos em soluções que melhorem a jornada dos clientes na contratação do seguro, que permita sermos mais assertivos em suas necessidades”, finalizou Alesandro Malavazi, superintendente sênior da Bradesco Vida e Previdência.

Fonte: CQCS