CNseg lança Casa do Seguro na COP30 e prevê novos produtos

Anúncios foram feitos durante o workshop para jornalistas com foco em mudanças climáticas e na conferência de Belém

 

Por Sônia Araripe e Felipe Araripe, de Plurale

 

Fotos de Felipe Araripe, de Plurale

 

Dyogo Oliveira, presidente da CNseg

 

O setor de seguros marcará presença na Conferência do Clima de Belém do Pará, que será realizada em novembro próximo. O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, anunciou que vão lançar a Casa do Seguro na COP30, e antecipou que lá em Belém serão lançados alguns novos seguros, como para florestas e para carbono. O anúncio foi feito durante o workshop de mudanças climáticas para jornalistas, realizado na sede da Confederação, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (22/08).

 

O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, advertiu que as mudanças climáticas são ainda mais perversas porque, primeiro, atinge os países mais pobres, que menos contribuíram para esse cenário global, e depois, porque, nos países mais pobres e em outros igualmente atingidos, o grupo mais vulnerável da população é o que mais sofre. os últimos 10 anos. As perdas causadas por eventos climáticos superaram a casa de U$300 bilhões de dólares no mundo. “Desde a COP de Dubai, o tema principal é a transição justa. Achei muito conveniente. Mas, me preocupo muito que as ações que são efetivamente tomadas não estão indo muito na direção da justiça, da transição justa, muito pelo contrário. As ações que estão sendo tomadas, de novo, estão colocando um encargo e um custo de adaptação sobre os países mais pobres, enquanto os países mais ricos se furtam a assumir os custos dessa transição”, destacou. Dyogo destacou a polêmica em torno da discussão no âmbito da COP sobre a criação dos fundos de compensação e o pagamento por serviços ambientais. “Nada disso anda. Então, acho que há todo um processo de discussão e não está realmente trazendo essa justiça na transição climática”.

 

O setor de seguros, segundo o executivo, tem feito a sua parte, ajudando a liderar a agenda de debates sobre as mudanças climáticas e como proteger as pessoas de fatores extremos: “Nossa sugestão é um PIX emergencial, que indenizará os atingidos em R$10 mil, pelo PIX, em situações de emergência. Há um longo caminho pela frente. Virão novos produtos para serem lançados na COP30”. Questionado pela imprensa, ele citou como exemplo, os seguros de florestas e o seguro de carbono, porém, sem dar detalhes sobre os desdobramentos.

 

Carla Simões, Superintendente Executiva de Comunicação e Marketing da CNseg

 

Carla Simões, Superintendente Executiva de Comunicação e Marketing da CNseg, falou sobre a Casa do Seguro, que será um hub de conhecimento sobre a área na Conferência do Clima em Belém. Anunciou ainda para os jornalistas, inovação no VIII Prêmio de Jornalismo em Seguros, com correalização com a ENS, Escola Nacional de Seguros e Sincor, sindicato de corretores de seguros. A edição deste ano está aceitando inscrições até 21 de novembro. O prêmio tem várias categorias, inclusive uma sobre sustentabilidade e seguros. Este ano as premiações terão valores maiores, com o primeiro lugar de cada categoria recebendo R$20 mil.

 

Professor Paulo Artaxo

 

O keynote speaker do evento foi o professor da USP, Paulo Artaxo, um dos maiores especialistas em mudanças climáticas no mundo. Artaxo alertou sobre o impacto deste cenário atual no mundo, citando o setor de seguros como: “O mais vulnerável às mudanças climáticas, que estão modelando os setores de maneira muito forte. Precisamos construir uma sociedade baseada nos 17 ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e a mudança climática faz parte do processo, no qual a humanidade está passando na sua evolução, para agora um mundo sustentável. O modelo atual não é sustentável a longo prazo”.

 

Outro destaque do workshop foi Lincoln Muniz Alves, coordenador-geral do Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima. Lincoln trouxe a perspectiva do setor público sobre inovação nos setores da economia e que para haver transformações no aumento dos padrões de temperatura e clima, a mídia precisa desempenhar a conscientização da sociedade: “Nada disso vai adiantar se não tivermos uma mudança de comportamento, qualquer mudança começa na transformação das pessoas e setores, daí que vem vocês jornalistas. Fico feliz de ver a evolução nos últimos 10 anos o engajamento do setor de seguros nas mudanças do clima. A CNseg está dando passos importantes trazendo hub de conhecimento para o setor.”

 

Lincoln Muniz Alves, coordenador-geral do Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima

 

A diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade, ICS, Maria Netto, destacou que é melhor prevenir, do que remediar, investindo em infraestrutura correta, transformando as cidades em espaços mais sustentáveis e resilientes, o que reduziria também os gastos das seguradoras: “Importante pensar que se eu invisto em infraestruturas que são mais resilientes, que algumas atividades já possam ser feitas, eu reduzo consideravelmente o custo econômico, isso requer o planejamento e a integração desses riscos na resiliência no longo prazo”.

 

A CNseg está começando a construir em rede com a academia e especialistas, um centro de informações com estatísticas e métricas atualizadas sobre mudanças climáticas. O presidente da CNseg frisou que a ampliação do seguro rural é outra proposta para remediar os efeitos do clima, já que o pequeno produtor rural é muito afetado.

 

Fonte: Revista Plurale Online | Site