Setor de seguros mergulha em sustentabilidade

No Brasil, entre 2021 e 2024, foram registrados 1.690 eventos naturais, levando o país ao mapa global de altos riscos

 

DYOGO Oliveira, presidente da CNSeg

 

As perdas econômicas decorrentes de desastres naturais, em 2024, em termos globais, chegaram a U$ 368 bilhões e, apenas, 40% delas estavam asseguradas. No Brasil, entre 2021 e 2024, foram registrados 1.690 eventos naturais, levando o país ao mapa global de altos riscos, registrando prejuízos no setor privado de mais de R$ 327 bilhões, sendo 90% deles vindos da agricultura e da pecuária. Os dados foram debatidos durante evento organizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), no Rio de Janeiro, na sexta-feira passada 22. O presidente da entidade, Dyogo Oliveira, reiterou a necessidade urgente do setor de seguros estar mais imerso na sustentabilidade, especialmente, em virtude da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos. A entidade busca a mobilização de outros atores para aumentar o movimento em torno da agenda sustentável no ambiente de seguros. Elencou sete temas centrais: seguro social catástrofe; green bonds e investimentos sustentáveis; proteção de investimentos em infraestrutura; seguro rural e fundo rural; hub de riscos climáticos; taxonomia sustentável brasileira; e soluções baseadas na natureza.

 

Preocupação climática

 

Na agenda do evento da Cnseg, a palestra de abertura do Paulo Artaxo, especialista em mudanças climáticas e professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), chamou atenção pelo choque de realidade sobre como ficará o clima, com altas temperaturas, do planeta nos próximos anos.

 

“A COP 30 tem que ser a virada focada na agenda da ação. Espera-se a realização da transição justa rápida de combustíveis fósseis para energias sustentáveis, a eliminação do desmatamento de florestas tropicais até 2030”, reforçou.

 

E, complementou, com a efetivação de financiamento climático para países em desenvolvimento, US$ 1,3 trilhões; a implementação de políticas de adaptação ao novo clima; e enfatizar o multilateralismo, reforçando na aliança dos Brics.

 

Casa do Seguro

 

Para articular acordos e declarações relacionadas a sustentabilidade de forma efetiva na COP 30 para o setor de seguros, a Cneg vai ter o espaço Casa do Seguro. O projeto conta com metas de neutralização de emissões de carbono, resíduo zero, eficiência energética, economia circular e mão de obra local. A programação inclui debates com autoridades governamentais, lideranças empresariais e contrapartes estrangeiras para debater as prioridades da agenda climática no Brasil. Na agenda, temas como inteligência climática, infraestrutura resiliente e seguros para frotas verdes.

 

Emissão de gases

 

A Cerbras levantou suas emissões de GEE, seguindo a metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol e, em 2023, a empresa alcançou o índice de 2.661 KgCO2/m², superando a meta definida de 3 KgCO2/m². Entre as ações já implementadas estão investimentos em energia solar, a otimização da frota logística; a gestão eficiente de resíduos; e projetos de eficiência energética. A empresa também mantém um viveiro próprio, que contribui para o reflorestamento e integra sua estratégia de compensação de emissões.

 

Segurança para elas

 

A Sandora, startup investida pelo Atlântico por meio do Praia – Veículo de Venture Capital do Atlântico, venceu o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025 na categoria Ciência e Tecnologia. A proposta do negócio é transformar ambientes de trabalho em espaços mais seguros, inclusivos e saudáveis. A tecnologia é usada para apoiar empresas na prevenção de assédio e na gestão de riscos psicossociais, reduzindo passivos trabalhistas, protegendo a reputação corporativa e promovendo o bem-estar das equipes.

 

Educação ambiental

 

A escola bilíngue TreeHouse lançou, em parceria com a empresa Top Plant, uma estufa pedagógica que alia ciência, tecnologia e propósito educacional. O espaço será usado como laboratório vivo para que os estudantes compreendam, na prática, como nasce, cresce e se mantém uma planta, desde o preparo do solo até o impacto social da colheita.

 

A iniciativa insere no currículo a educação ambiental e conceitos de ESG, aproximando crianças e jovens da biologia, da geografia, da matemática e até do empreendedorismo. A cada ano escolar, os alunos serão responsáveis por projetos distintos: cultivo de hortaliças para doação em comunidades, produção de plantas ornamentais para estudo de mercado e plantio de espécies nativas destinadas ao reflorestamento urbano.

 

*Jornalista viajou ao Rio de Janeiro a convite da Cnseg

 

Fonte: O Povo – Últimas | Jornal