Durante sua participação no 2º Fórum IRB – Transferência de Riscos: Estratégias e Inovações, realizado em 6 de agosto, no Rio de Janeiro, a diretora de Sustentabilidade da CNseg, Claudia Prates, defendeu a necessidade de o Brasil fortalecer o papel do seguro na agenda de adaptação às mudanças climáticas. Segundo ela, a baixa participação de seguros no país impõe limites severos à capacidade de resposta diante de desastres como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024.
“O estado teve perdas estimadas em R$ 100 bilhões, mas apenas R$ 6 bilhões estavam segurados. E isso no estado com a quarta maior participação de seguros do país”, destacou Claudia, alertando para o enorme “gap de cobertura” no Brasil. “Se num estado como o Rio Grande do Sul só 6% estavam cobertos, imagine nos outros.”
Claudia pontuou que a escolha entre recapear uma rua ou investir em adaptação climática representa um dilema constante para gestores públicos, sobretudo diante de orçamentos apertados. “Mas cada real que se deixa de investir em adaptação climática se transforma em muitos reais de despesa pública depois”, afirmou. “E no Brasil, com a situação fiscal que temos, é preciso entender que é necessário um layer anterior ao setor público, que é o setor segurador.”
A diretora também ressaltou a importância de aproximar o mercado segurador de universidades, governos locais e bancos públicos e privados, para ampliar o entendimento sobre os benefícios da transferência de riscos. “Quando eu estava no BNDES, vi a mobilização para financiar a reconstrução do Rio Grande do Sul, mas financiamento não resolve o problema anterior.”
Dos R$ 6 bilhões pagos em indenizações no estado gaúcho, R$ 3 bilhões foram para apólices de grandes riscos, R$ 1 bilhão para o seguro de automóveis, R$ 600 milhões para o seguro residencial e R$ 180 milhões para o seguro agrícola. “Ou seja, mais de 90% das famílias e dos pequenos negócios estavam descobertos. Isso é alarmante. Falta educação securitária no país”, alertou.
A CNseg, segundo ela, tem atuado para ampliar a consciência sobre o seguro como ferramenta essencial de resiliência. “Não se trata de uma questão regional. É preciso olhar o país como um todo para distribuir melhor os riscos e garantir uma cobertura mais eficaz. Se o Rio Grande do Sul tivesse mais seguros, sua reconstrução teria sido muito mais rápida”, concluiu.
Fonte: CNseg