Novo decreto sobre carros sustentáveis amplia oportunidades comerciais para corretores

O Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva assinou, na última quinta-feira (10), um decreto que reduz as alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros mais leves e econômicos, movidos a energia limpa e que atendam aos requisitos de reciclabilidade e segurança. Este decreto cria a modalidade de Carro Sustentável, no qual veículos compactos com alta eficiência energética-ambiental e fabricados no Brasil terão o IPI zerado. Para compreender os impactos da nova norma no mercado de seguros, o CQCS conversou com especialistas sobre o tema. 

Boris Ber, presidente do Sincor-SP, explica que a redução de impostos faz com que os carros novos fiquem mais baratos, estimulando a troca de veículos e movimentando o mercado securitário. “Ao contratar um seguro, o consumidor deve considerar que o valor segurado costuma ter como base a tabela FIPE, que reflete o preço médio de mercado, já com o desconto aplicado”, pontua. No entanto, Boris relembra que o consumidor deve estar atento à possibilidade de que, caso esse desconto deixe de existir no futuro, o valor segurado do veículo possa não ser suficiente para uma eventual reposição. 

Como representante dos corretores de seguros de São Paulo, Boris também destaca que, embora não simbolize uma nova frente de negócios em si, a redução do IPI cria oportunidades para os corretores. “Essa medida beneficia [os corretores], pois o seguro tem como finalidade garantir a reposição do bem em casos de colisão, roubo ou perda total, além de cobrir danos causados a terceiros”, informa Ber. 

Para Frederico Almeida, co-fundador da BMEX Group, a nova norma deve impulsionar a entrada de mais veículos híbridos e elétricos na frota brasileira, abrindo naturalmente uma nova frente para os corretores. “Esses veículos têm características de uso, manutenção e tecnologia diferentes dos carros tradicionais — o que demanda um olhar mais consultivo por parte do corretor. Quem entender esse ecossistema primeiro, tende a se destacar”, pontua Almeida. 

Além dos benefícios, o corretor deve, por obrigação, conhecer as soluções atreladas a esse nicho e estar sempre atualizado. Apesar disso, o principal diferencial, segundo o cofundador da BMEX, é conhecer o mercado, tendo detalhes da vida do cliente e as necessidades dele. “Essa percepção é que muda o jogo para o corretor, que deixa de ser “o carinha do seguro” e passa a ser referência sobre qualquer tema ligado ao nicho. Em tempos de IA, o Corretor precisa expandir e aprofundar sua compreensão holística”, pontua Fred. 

Consumidor mais atento à sustentabilidade abre novas possibilidades

Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, veículos eletrificados estão tendo mais aderência e, atualmente, se consolidam na faixa de 8% de participação do mercado. Quanto a isso, Boris Ber afirma que houve uma mudança no perfil do consumidor, especialmente entre os jovens, que demonstram crescente interesse por carros elétricos e híbridos. Além de refletir uma maior conscientização ambiental, essa mudança de perspectiva eleva o nível de relacionamento entre clientes e corretores. “Os corretores podem aproveitar essa oportunidade para apresentar opções aos seus clientes, informando sobre os veículos disponíveis que se encaixam em seu perfil, especialmente os sustentáveis”, conta o presidente do Sincor-SP. 

Ainda de acordo com ele, as coberturas de seguro, por enquanto, permanecem as mesmas, mantendo os mesmos cuidados e proteções. “Acredito que algumas seguradoras, com uma mentalidade alinhada às questões de sustentabilidade, podem se destacar nesse cenário”, finaliza Boris Ber. 

No entanto, para a Fred, além das coberturas tradicionais, há espaço para o crescimento de coberturas específicas para bateria e sistema elétrico, itens que costumam ser mais caros e sensíveis aos veículos. 

“Também devem ganhar força os serviços de assistência 24h com guinchos adaptados para carros elétricos e os seguros com rastreadores inteligentes, que conversam melhor com essa nova geração de veículos”, explica Almeida. “Outro ponto é o potencial aumento do seguro residencial vinculado, já que muitos usuários vão instalar carregadores em casa — e isso pode gerar novas demandas por proteção patrimonial também”, completa. 

Fred ainda ressalta que os corretores precisam manter o contato com os clientes e, ao mesmo tempo, dialogar com as seguradoras para entender como está sendo feita a precificação, os riscos específicos considerados e se já existem produtos personalizados. “O corretor que souber traduzir tudo isso em valor para o cliente vai ganhar espaço”, conclui Almeida. 

Fonte: CQCS