Gestão de Riscos e Seguros em Debate no ANSP Fórum I

Evento reuniu especialistas de diferentes áreas para debater o assunto, apresentou estudos de caso e um fórum aberto para perguntas e trocas de experiências

A Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) realizou, no dia 16 de junho, a primeira edição do ANSP Fórum I – Logística de Carga: Gestão de Riscos, Seguros e Sustentabilidade. O evento, promovido em formato interativo, reuniu especialistas de diversas áreas — incluindo representantes do governo, seguradoras, transportadoras e associações — para debater os principais desafios e oportunidades do setor. Patrocinado pela Sompo, o fórum foi sediado em São Paulo, na unidade da companhia, e transmitido ao vivo pelo YouTube. A programação incluiu estudos de caso, painel de debates e um espaço aberto para perguntas e troca de experiências entre os participantes.

O encontro abordou os principais desafios e inovações na logística de cargas, com o objetivo de fomentar discussões estratégicas e acadêmicas sobre gestão de riscos, prevenção de crises ambientais, ESG e compliance no setor de transporte de cargas. O evento teve a participação do presidente da ANSP, Ac. Rogério Vergara, e do CEO da Sompo, Ac. Alfredo Lalia Neto. Também atuaram como moderadores dos painéis a diretora de Portos e Logística da Lockton Brasil, Ac. Simone Ramos; o sócio da Risk Veritas e diretor da ANSP, Ac. Alfredo Chaia; e o sócio da ANP Sociedade de Advogados, Ac. Adilson Neri Pereira.

Participaram como debatedores: Mirian Alves (Tokio Marine), Rodrigo Oliveira (Sompo), Adailton Dias (NSTECH), Fabio Barreto (Chubb Seguros), Dennys Spencer (AMBIPAR), Guadalupe Nascimento (Gallagher Brazil), Jéssica Anne de Almeida Bastos (Susep), Rafaela Barreda (FENABER), Ida Patrícia de Sá (Natura), Felipe Name (Zurich Seguros) e Vitor Boaventura (Veirano Advogados).

Na abertura, o presidente da ANSP falou sobre a importância do Fórum. “Este encontro é mais do que um debate — é uma chamada para ação. ESG, diversidade e equidade deixaram de ser opcionais; são compromissos inegociáveis que precisam permear a cultura das empresas. Cabe a cada líder, independentemente de gênero, agir com coragem para transformar processos, incluir vozes diversas e levar esse movimento para todo o mercado”, disse Rogério Vergara, presidente da ANSP.

Painel 1 – Inovação e Soluções Digitais em Gestão de Riscos na Logística de Cargas

O painel explorou tecnologias aplicadas à segurança logística, como telemetria, sensores de fadiga, IoT, rastreamento inteligente e inteligência artificial. Foram debatidas estratégias para monitoramento em tempo real, prevenção de perdas e precificação dinâmica em seguros — com destaque para modelos como pay-as-you-drive e Open Insurance. A qualificação de motoristas também foi apontada como um fator-chave na mitigação de riscos.

“No Brasil, a cada 30 mil desvios ou não conformidades ocorre um acidente fatal. O objetivo da tecnologia é apoiar na redução dessas perdas, diminuindo a volumetria dos desvios. Quanto menos desvios, menos acidentes, menos perdas humanas e financeiras”, destacou Rodrigo Oliveira, VP de Visibilidade e Gestão de Riscos (VGR) da NSTECH.

Painel 2 – Sustentabilidade (ESG) na Logística de Cargas

Com foco em práticas sustentáveis, o painel abordou ações para redução de emissões, gestão de resíduos e resposta a crises ambientais. Também tratou do bem-estar dos motoristas, propondo pontos de parada humanizados, alimentação adequada e acesso à saúde. A importância de cláusulas de responsabilidade socioambiental nos contratos com transportadoras e o ESG como diferencial competitivo foram temas centrais.

“É necessária uma mudança cultural nas organizações, com uma cultura inclusiva que valorize a diversidade. É preciso educar e fomentar iniciativas intencionais, trazendo o tema para a pauta corporativa”, afirmou Fabio Barreto, Diretor de Risco Ambiental e Climático da Chubb Seguros.

Para Alfredo Lalia, CEO da Sompo, Diversidade não pode ser um valor negociável. “Para nós, da Sompo, isso já é prática: temos programas afirmativos, apoiamos causas sociais e escolhemos projetos que reflitam nosso compromisso real com a transformação. Não basta discurso bonito, é preciso coragem para agir, refletir a sociedade dentro da empresa e gerar impacto fora dela.”

Segundo Dennys Spencer, Head Global de Resposta a Emergências da AMBIPAR, o ambiente ideal é baseado em meritocracia e pertencimento: “As pessoas precisam se sentir reconhecidas por sua capacidade técnica, independentemente de gênero, raça ou crença.”

Ele também ressaltou o papel fundamental do motorista na cadeia logística: “O fator humano é a principal causa de acidentes. Se não tratarmos o motorista com humanidade, teremos dificuldades na gestão do risco. Ele não apenas dirige um caminhão — ele conduz um ativo valioso.”

Durante o painel, também foram discutidos temas como responsabilidade corporativa, exploração infantil, o papel social dos motoristas, seguro ambiental e sustentabilidade nas operações.

Painel 3 – Marco Regulatório: Os Impactos da Nova Lei do Seguro para o Setor Logístico

Encerrando o evento, o terceiro painel debateu os impactos da Nova Lei do Seguro (Lei 15.040/2024), da Lei do Transporte Rodoviário (Lei 14.599/2023) e da Resolução CNSP 472/2024. Os especialistas analisaram as mudanças nos contratos de seguro, a distribuição de responsabilidades entre embarcadores, transportadoras e seguradoras, e a flexibilização das exigências de gerenciamento de risco, com foco em soluções personalizadas baseadas em tecnologia.

A diretora de Organização de Mercado e Regulação de Conduta (DIORE) da Susep, Jéssica Anne de Almeida Bastos, afirmou: “Temos mantido um diálogo contínuo com todas as partes interessadas desde o início da construção da norma, ouvindo preocupações e propostas de regulamentação.”

Para Felipe Name, Head Jurídico da Zurich Seguros, a nova legislação exige adaptação:

“Vamos enfrentar as mudanças da melhor forma, seja para o mercado, os consumidores ou os parceiros.”

Já a presidente da FENABER, Rafaela Barreda, destacou preocupações quanto à operacionalização da lei: “A norma traz muitos pontos positivos, mas também desafios. O mercado ainda está construindo entendimentos e discutindo os ajustes necessários. É um debate produtivo e necessário.”

Assista a live, na íntegra, no canal da ANSP no Youtube:

https://www.youtube.com/live/cPjrQ5V0oCQ

 

Fonte: SEGs