Seguros: prêmio global cresceu 8,6% em 2024, aumento de 557 bi de euros

Estima-se que o setor de seguros globalmente tenha crescido 8,6%, em 2024, superando, mais uma vez, o avanço de 8,2% registrado no ano anterior. As seguradoras em todo o mundo alcançaram um incremento de 557 bilhões de euros em prêmios, elevando a receita total de prêmios para 7 trilhões de euros. Os dados são da Allianz Research publicados no seu mais recente “Relatório Global de Seguros!, que analisa a evolução dos mercados de seguros em todo o mundo.

 

O seguro de Vida permaneceu como o maior segmento, com receita de prêmios de 2,902 trilhões de euros, seguido pelo seguro de P&C (2,424 trilhões de euros) e pelo seguro Saúde (1,682 trilhão de euros).

 

O crescimento do seguro de P&C foi de 7,7% no ano passado, ligeiramente inferior ao do ano anterior (+8,3%). Vale ressaltar que o avanço foi impulsionado principalmente pelo maior mercado, a América do Norte, onde a receita de prêmios aumentou 8,2%. Mais da metade dos prêmios mundiais são emitidos nessa região. Enquanto a receita de prêmios na Europa Ocidental teve alta de 6%, o mercado asiático foi menos dinâmico, crescendo apenas 4%. Portanto, ainda é menor do que seu equivalente na Europa Ocidental.

 

O seguro de Vida registrou incremento de 10,4% em 2024, superando os outros dois segmentos e também evoluindo mais do que em 2023 (+8,2%). O principal impulsionador foi, mais uma vez, a América do Norte, que cresceu impressionantes 14,4%. Com as taxas de juros atingindo novos máximos, houve uma corrida às anuidades.

 

Espaço Publicitário

 

Taxas de juros mais altas também levaram a um aumento na receita de prêmios na Europa Ocidental (+7,1%). Na Ásia, a maioria dos mercados apresentou forte expansão, liderado pela China, com uma taxa de crescimento de 15,4%. Em contraste com o domínio dos EUA em seguros de P&C, as quotas de mercado globais em seguros de Vida são distribuídas relativamente de maneira uniforme. A Ásia (incluindo Japão e China) lidera com mais de um terço dos prêmios.

 

O seguro Saúde obteve alta de 7%. A demanda permaneceu muito forte, especialmente na Ásia (+12,6%). Isso reflete a ainda baixa penetração de seguros (prêmios em % da produção econômica) na região, que é inferior a 1% em todos os mercados, exceto Taiwan. Mais do que no seguro de Vida, cuja demanda é impulsionada pelas condições do sistema de previdência social, no segmento de Saúde a procura é fortemente influenciada pelo nível e pela qualidade da assistência médica pública.

 

Incertezas geopolíticas e tensões comerciais podem impactar os volumes de seguros devido ao crescimento econômico mais fraco, à desaceleração do comércio e ao aumento dos riscos de crédito e de mercado. Por outro lado, um efeito de proteção também pode ser visível, à medida que as empresas demandam mais soluções de gestão de riscos neste ambiente incerto e assolado por crises. A longo prazo, a fragmentação financeira e o enfraquecimento da cooperação internacional, incluindo em relação à preparação climática, cibernética ou para pandemias, podem aumentar o custo do seguro desses riscos.

 

Brasil: forte crescimento

 

Segundo o estudo da Allianz, o mercado brasileiro de seguros apresentou forte crescimento em 2024, expandindo 11,1% – o quarto ano consecutivo de crescimento de dois dígitos. A receita total de prêmios atingiu 44,5 bilhões de euros no final do ano passado, tornando o Brasil o maior mercado de seguros da região e respondendo por cerca de um terço de todos os prêmios emitidos na América Latina.

 

Todos os segmentos contribuíram para esse desenvolvimento positivo. Enquanto o mercado de seguros de Vida apresentou uma alta acelerada de 15,8% – o mais rápido desde a pandemia – o aumento em P&C desacelerou ligeiramente, caindo de +9,6%, em 2023, para robustos +7,8%. Por fim, os prêmios de seguro Saúde tiveram elevação 13,9%. Ao contrário de muitos outros mercados, o Saúde não é um nicho de mercado no Brasil, detendo uma participação de mercado de 28% – maior que a do seguro de Vida (22%).

 

Perspectivas

 

No geral, espera-se que o mercado global de seguros cresça a uma taxa anual de 5,3% nos próximos dez anos, ligeiramente acima da produção econômica. Para o Brasil, o aumento geral esperado é de 9% (PIB nominal: 5,2%). Para P&C, esperamos um incremento anual de 4,5% até 2035 (Brasil: +7,4%). O segmento apresentará taxas de crescimento sólidas em quase todos os mercados, visto que a crescente necessidade de proteção é um fenômeno global.

 

A Allianz Research também permanece confiante em relação ao seguro de Vida, que pode esperar um avanço anual de 5% graças às taxas de juros mais altas. Ásia e China continuam sendo os motores do crescimento, impulsionados pela necessidade de provisão privada diante da aceleração da mudança demográfica (Brasil: +11,1%). O menor segmento, o seguro Saúde, deve permanecer o mais dinâmico, com crescimento anual de 6,7% (Brasil: +9,8%). A Ásia, em particular, ainda tem muito a recuperar.

 

Em termos absolutos, o conjunto global de prêmios crescerá 5,319 trilhões de euros nos próximos dez anos. A maior parte desse crescimento virá do seguro de Vida (2,055 trilhões de euros). Mais da metade desse conjunto adicional de prêmios será gerado na Ásia e na China (1,071 trilhão de euros), mais do que na América do Norte (416 bilhões de euros) e na Europa Ocidental (351 bilhões de euros) combinadas. No seguro de P&C, cerca de 40% dos prêmios adicionais de 1,522 trilhão de euros virão da América do Norte. No seguro de Saúde, esperamos prêmios adicionais de 1,743 trilhão de euros, a maior parte dos quais provenientes do mercado americano.

 

“O setor de seguros continua sendo um setor em crescimento”, afirmou Ludovic Subran, economista-chefe do Grupo Allianz. “No entanto, esse crescimento é em grande parte impulsionado pela inação política: o subinvestimento em adaptação está levando ao aumento dos danos climáticos, enquanto o atraso nas reformas previdenciárias exige maiores esforços de poupança por parte dos indivíduos. No longo prazo, porém, o setor de seguros privados não pode arcar com o ônus de atuar como ‘oficina mecânica’ da sociedade. Somente trabalhando juntos conseguiremos enfrentar os principais desafios da “dupla transformação”.

 

Fonte: Monitor Mercantil Digital online