As 50 maiores seguradoras do país registraram um lucro líquido consolidado de R$ 10,65 bilhões entre janeiro e abril de 2025, um aumento de 12,3% em relação ao mesmo período de 2024, quando o resultado somou R$ 9,48 bilhões. Os dados foram divulgados pela consultoria Siscorp com base em informações da Susep.
O volume total de arrecadação em prêmios emitidos pelas 50 maiores seguradoras foi de R$ 124,77 bilhões no quadrimestre de 2025, crescimento de 0,9% em relação aos R$ 123,71 bilhões no mesmo período de 2024. Apesar de modesto, esse crescimento ajudou a manter o fôlego do setor em um contexto de desafios econômicos e alta dos juros.
Segundo especialistas ouvidos pelo Sonho Seguro, o crescimento foi impulsionado por dois fatores principais: o aumento no volume de prêmios emitidos e a elevação da taxa Selic, que remunera as reservas técnicas das seguradoras e atingiu 15% ao ano em junho de 2025. Desde setembro de 2024, o ciclo de aperto monetário vem contribuindo para os resultados positivos das seguradoras. A Selic passou de 12,75% para 15% ao ano em apenas seis meses.
Essa elevação favoreceu os ativos financeiros vinculados às reservas técnicas – compostas majoritariamente por títulos públicos indexados a juros ou à inflação. Com mais de R$ 1,5 trilhão sob gestão, as seguradoras viram seus ganhos com aplicações crescer significativamente, em especial nas linhas de previdência, vida e capitalização. A expectativa do mercado é de que o Copom mantenha a Selic elevada ao longo de 2025, o que deve seguir favorecendo a lucratividade do setor.
Os investimentos em tecnologia para inovação em produtos, melhor subscrição de risco e uma busca eterna para aprimorar a jornada ao consumidor para manter-lo fiel à marca, também dão frutos e engordam a rentabilidade. O setor de seguros no Brasil tem investido pesado em tecnologia, com foco em inovação e transformação digital, impulsionado pela CNseg. Em 2024, as seguradoras investiram cerca de R$ 20 bilhões em tecnologia, o que representa 2,6% da receita do setor, segundo a CNseg. Esse investimento tem como objetivo ampliar o mercado, melhorar os serviços aos clientes e otimizar processos internos.
Impacto do IOF no horizonte do setor
Apesar dos bons resultados no início do ano, o setor segurador viu crescer a preocupação com os efeitos do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) instituído recentemente pelo governo federal. A medida, que elevava a alíquota para depósitos mensais acima de R$ 50 mil (ou R$ 600 mil anuais) em planos VGBL, chegou a ameaçar o desempenho das seguradoras especializadas em previdência privada.
O IOF mais alto encarece o crédito, desestimula aportes relevantes em planos de longo prazo e ainda impacta negativamente seguros atrelados a operações de câmbio, além de onerar operações de resseguro. A medida foi derrubada pelo Congresso Nacional nesta semana, após forte reação do setor e de parlamentares que apontaram seus efeitos nocivos para a classe média e para a poupança previdenciária.
Caso fosse mantido, o novo IOF teria afetado diretamente grupos como Brasilprev (Banco do Brasil), Bradesco Vida e Previdência, Caixa, Itaú, Icatu e Zurich – todos com atuação relevante no segmento de previdência individual e empresarial.
A rentabilidade sobre os prêmios (s/PL) ficou em 29% em 2025, ante 26% em 2024. O lucro sobre prêmios ganhos e rendas de previdência (s/PG + RGP) também aumentou, passando de 19% para 20%.
Ranking
O Banco do Brasil lidera o ranking tanto em lucro quanto em faturamento no primeiro quadrimestre de 2025. O conglomerado segurador estatal lucrou R$ 2,07 bilhões e arrecadou R$ 21,17 bilhões em prêmios, com 17% de participação de mercado. Apesar da queda de 20% no volume de prêmios em relação ao mesmo período do ano anterior, o lucro cresceu 15%, beneficiado pela alta dos juros.
Em segundo lugar, o Bradesco apresentou lucro de R$ 1,52 bilhão, alta de 6% frente ao ano anterior, com prêmios emitidos de R$ 20,98 bilhões, praticamente estáveis em relação a 2024. A Caixa manteve a terceira colocação em lucro (R$ 1,35 bilhão) e também em prêmios (R$ 12,29 bilhões), com leve crescimento.
O Itaú Unibanco caiu uma posição no ranking de faturamento, sendo ultrapassado pela Caixa, mas continua como o quarto maior grupo em lucro, com R$ 842 milhões. A SulAmérica subiu da nona para a quinta posição em lucro, saltando de R$ 263 milhões para R$ 511 milhões – um crescimento de 94%, mesmo com prêmios ainda modestos no comparativo com os líderes (R$ 336 milhões em abril de 2024). Outro destaque é a Tokio Marine, que manteve o quinto lugar em faturamento e apresentou um lucro de R$ 502 milhões, crescimento modesto frente aos R$ 506 milhões de 2024.
O levantamento mostra uma forte movimentação no ranking de prêmios emitidos. A Icatu, por exemplo, caiu do 12º para o 16º lugar em volume de prêmios, mas aumentou seu lucro de R$ 230 milhões para R$ 240 milhões. Já a Prudential caiu uma posição em faturamento, mas manteve-se entre as 10 maiores em lucro (R$ 420 milhões). Outro movimento relevante foi da Generali, que subiu da 29ª para a 21ª posição em faturamento e cresceu 163% em lucro, passando de R$ 33 milhões para R$ 88 milhões.
Fonte: Notícias SindsegSP | Site