Segurar Tom Cruise custa mais que uma mansão: os riscos reais por trás das cenas de ação

De acordo com informações da Revista Monet (Globo), em Hollywood, existe uma máxima não escrita entre estúdios e seguradoras: se Tom Cruise está no elenco, o perigo é certo e o seguro, estratosférico. Aos 62 anos, o astro da franquia Missão: Impossível segue desafiando a lógica (e a gravidade) ao dispensar dublês e insistir em realizar, ele mesmo, acrobacias cinematográficas de altíssimo risco. Mas o que garante que essa temeridade não leve um estúdio inteiro à falência? A resposta é uma só: seguro. E um dos mais caros e complexos do mundo do entretenimento.

Cenas que desafiam a morte e o mercado

Ao longo da franquia, Cruise já escalou o Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, saltou de penhascos pilotando uma motocicleta, mergulhou por mais de seis minutos sem respirar, ficou pendurado na asa de um avião em movimento e, recentemente, pulou de um avião para o outro em pleno voo, enfrentando ventos de mais de 160 km/h. Cada uma dessas cenas exigiu preparo físico extremo e contratos de seguro sob medida.

As consequências nem sempre são apenas cinematográficas. Em Missão: Impossível – Efeito Fallout (2018), o ator quebrou o tornozelo ao tentar saltar entre prédios em Londres. Mesmo com a cena mantida no filme, a produção precisou ser interrompida por semanas. Em Missão: Impossível III (2006), ele fraturou seis costelas após uma queda. São riscos reais e cada incidente acende um alerta nas seguradoras.

O seguro impossível

Segundo estimativas do setor, o seguro de vida de Tom Cruise representa entre 1% e 3% do orçamento total da produção. Em filmes com orçamentos como o de O Acerto Final, na casa dos US$ 400 milhões, o custo do seguro pode chegar a US$ 10 milhões, cerca de R$ 55 milhões na cotação atual. É, literalmente, o preço de uma mansão de luxo.

E não se trata apenas da vida do ator. O seguro cobre também riscos como atrasos, danos a cenários e equipamentos, ou até a paralisação completa da produção, algo inevitável se Cruise sofrer um acidente grave. A vice-presidente assistente da NFP Property & Casualty Insurance Services, Dominique Butler, foi direta ao avaliar o impacto:

“Que Deus proíba que ele se machuque ou morra. Isso acabaria com o projeto.”

Quando o astro troca a seguradora

O nível de controle que Tom Cruise exerce sobre suas cenas é tão grande que ele já recusou trabalhar com seguradoras que não aceitavam cobrir certas acrobacias. Em vez de adaptar o roteiro, ele trocou a seguradora, um movimento que revela não só seu poder dentro da indústria, mas também o impacto financeiro de suas escolhas.

Análise técnica: o que diz o especialista

Para entender os bastidores desse tipo de apólice, o CQCS conversou com Rogério Araújo, consultor em Planejamento e Proteção Financeira na TGL Consultoria.

“Em casos como o de Tom Cruise, a avaliação de risco envolve histórico profissional, frequência de atividades perigosas, medidas de segurança adotadas e até comportamento no set. E sim, há limites: em algumas situações, a cobertura é totalmente recusada”, explica o especialista.

Segundo ele, o mercado brasileiro já conta com apólices específicas para entretenimento e profissionais de alto risco, mas com restrições. “Ainda estamos longe do nível de maturidade dos Estados Unidos. Com frequência, precisamos recorrer ao resseguro internacional para diluir riscos maiores.”

Oportunidade para corretores: transformar risco em diálogo

Apesar de parecer um exemplo extremo, Rogério destaca que casos como o de Tom Cruise podem e devem ser usados por corretores para iniciar conversas com clientes sobre riscos cotidianos.

“A técnica de escalonamento de risco funciona muito bem. Você começa com um caso extremo e depois traz para a realidade do cliente. Isso ajuda as pessoas a visualizarem o próprio risco”, afirma.

O consultor alerta ainda para um problema estrutural no Brasil:

“Temos quase 70% dos brasileiros economicamente ativos que nunca foram abordados para falar sobre seguro de vida. Eles desconhecem os benefícios e sequer sabem como funciona.”

Missão (realmente) impossível

Enquanto o público se diverte com as cenas de tirar o fôlego, uma engenharia financeira e securitária silenciosa opera nos bastidores para que tudo aconteça com o mínimo de risco possível. O seguro de Tom Cruise é mais que um requisito contratual: é uma blindagem contra o caos.

No fim das contas, talvez a missão impossível não seja escalar prédios ou saltar de aviões. A verdadeira missão impossível é… segurar Tom Cruise.

*Conteúdo produzido pelo CQCS com base em informações da Revista Monet, publicada pelo Grupo Globo.*

Fonte: CQCS

 

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