Os seguros fazem parte do dia a dia de milhares de brasileiros – há quem tenha vários contratos. É o caso do gestor comercial Danilo Rodrigues, de Belo Horizonte. Além do plano de saúde do trabalho, ele tem proteção para a casa, o cartão de crédito e até para os pets. Quando viaja, ele faz questão de contratar um seguro viagem.
Danilo conta que isso faz com que ele se sinta mais tranquilo no caso de emergências e situações adversas com ele e os três gatos.
‘Tenho seguro pet, cartão protegido, residencial e contrato o de viagem sempre que faço alguma. O pet foi uma das melhores escolhas. Tenho três gatos e consigo manter uma rotina de cuidado para eles, muito melhor do que só levar ao veterinário quando surge algum problema. Sobre o residencial: nem dentro de casa a gente se sente 100% seguro, então, eu prefiro pagar um pouco mais caro e ter a tranquilidade de estar protegido. No do cartão, é a mesma coisa, não quero precisar ser agredido para o seguro valer’, explica. O setor de seguros teve crescimento de mais de 12% em 2024 em relação ao ano anterior. De acordo com a Superintendência de Seguros Privados, do Ministério da Fazenda, a arrecadação passou de R$ 435 bilhões.
As modalidades vão do tradicional seguro de celular aos de artigos de luxo, como jóias, bolsas, obras de arte e até cavalos. O empresário Paulo Kalassa, sócio da 3[SEG], conta que tem produtos para iates, cavalos de raça e até esportes radicais, com cobertura que pode chegar a US$ 1 milhão.
‘Fazemos apólices para quem vai viajar para o exterior e praticar esportes, com cobertura de US$ 1 milhão para despesa médica, porque, se ele se machucar, tiver que fazer uma cirurgia, precisar de UTI etc, precisar de algo, uma UTI, a cobertura de US$ 30 mil, que é o seguro tradicional, não dê conta’, pondera.
Mas, afinal, como saber em que situações fazer um seguro é válido? A gerente comercial da Genebra Seguros, Priscila Andreis Pinto, explica que o valor do bem a ser segurado e o grau de risco são fatores que devem ser levados em conta na decisão.
‘Os benefícios dos seguros, em geral, variam de acordo com o ramo contratado e as coberturas. Cada um atende a uma necessidade específica. Muitas vezes, alguns seguros se complementam. De forma geral, o principal benefício do seguro é a proteção financeira, a tranquilidade diante dos imprevistos. Esse é o ponto-chave. É uma questão cultural de assegurar-se quanto a casa, carro, vida etc’, pontua. Mas não são apenas bens que podem ser segurados; há contratos até para partes do corpo.
O dentista Sávio Silvestre, de Manaus, tem proteção para as mãos, justamente porque depende delas para trabalhar. Ele explica que, em caso de acidentes, o contrato prevê que ele receba uma indenização de acordo com o tempo que ficar afastado.
‘Quando acionado, o seguro vai fazer uma média do que a gente arrecadaria de trabalho nesses dias e paga os valores correspondentes às nossas horas de trabalho, a partir de uma média dos últimos três meses. Depende de cada seguradora, mas pode ser diário, semanal, mensal… Eu ainda não precisei acionar o seguro; como brincam, a gente faz o seguro justamente para não usar’, conta. Outra modalidade de seguro que tem crescido é a de festas e eventos, que garante reembolso em caso de imprevistos. Plataformas de venda de entradas de shows passaram a oferecer a proteção extra aos clientes, que prevê a devolução no valor pago no ingresso, em caso de roubo, emergências pessoais e falhas no transporte.
A gerente de Estratégia e Novos Negócios da plataforma Sympla, Gabriela Mota, afirma que a taxa extra ajuda os clientes e os produtores de eventos.
‘Sabemos o quanto é ruim perder um evento super esperado por conta de um imprevisto, como emergência de saúde, problema familiar ou qualquer outra situação fora do controle da pessoa. Pensando nisso, fomos atrás de uma solução no mercado de seguros e encontramos um modelo que permite o reembolso integral do ingresso, dentro de certas condições. Para o produtor de eventos, essa proteção ajuda a antecipar vendas, o que dá mais previsibilidade de caixa e reduz o volume de reclamações’, destaca. No ramo empresarial, o seguro de riscos cibernéticos, para proteção contra ataques a sistemas, está em alta. Dados da Confederação Nacional das Seguradoras mostram que a arrecadação dessa modalidade cresceu 475% entre 2020 e 2024 – passou de R$ 41,3 milhões para R$ 237,5 milhões. Já as indenizações pagas no ano passado passaram de R$ 11 milhões.
O gerente do setor cibernético da AIG Seguros, Victor Perego, explica que o produto protege o contratante e terceiros que sejam prejudicados. Para ele, que é membro da Federação Nacional de Seguros Gerais, a modalidade é válida também para pequenas e médias empresas.
‘É comum que as seguradoras, além de vender a apólice de seguro – transferência do risco -, também fornecerem soluções de prevenção e resposta ao risco. Para empresas que têm menos disponibilidade de recursos para investir em proteção, a contratação do seguro pode se justificar simplesmente pelo uso de ferramentas que vão ajudá-la a se proteger o risco. Tecnologias de segurança, no geral, não são baratas. Então, o seguro vira uma forma de se investir em proteção de uma forma mais eficiente. Isso muitas vezes fecha a conta para o segurado e ele decide contratar o seguro também, afirma. Em 2024, o valor pago em seguros contra danos ao patrimônio somou R$ 136 bilhões, o que corresponde a 65% da quantia total arrecadada pelo setor. Já os seguros pessoais, como de vida e auxílio funeral, foram responsáveis por uma parcela de R$ 71 bilhões.
Fonte: CBN online