Seca pela primeira vez no Mato Grosso em 2023 e chuvas torrenciais no Rio Grande do Sul este ano trouxeram impactos negativos ao agronegócio brasileiro, com redução na produção de grãos. O sinal amarelo das intempéries climáticas e seus impactos no campo reforçam números preocupantes. Hoje, menos de dez por cento da área plantada no País tem cobertura do seguro rural e esse cenário precisa mudar, alertou o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras durante a Conferência do Lide, em Londres, a deputados, senadores e executivos.

“Estamos vivendo um ambiente de crescimento de riscos aos quais estamos submetidos enquanto pessoas e famílias, mas também enquanto empresas e negócios, e isso se refere aos riscos climáticos”, disse Dyogo Oliveira. “E esse é um cenário que precisa mudar, pois nós não podemos continuar tendo um crescimento grande dos riscos aos quais estão submetidas as atividades, os investimentos e a produção agrícola e, portanto, a segurança alimentar, sem tratar e direcionar esses riscos”, falou a uma plateia que também incluía executivos do setor segurador brasileiro.

O presidente da CNseg citou, como exemplo, os prejuízos provocados pelas chuvas no Rio Grande do Sul em maio deste ano, que somaram mais de R$ 100 bilhões em prejuízos. O setor de seguros identificou 60 mil pedidos de indenização, que alcançam um montante de R$ 6 bilhões. “De toda perda no estado, só 6% estavam seguradas. Estamos falando das atividades empresariais, dos produtores rurais e da população, que tiveram suas atividades comprometidas devido à falta de proteção de seguro e gestão de risco”.

Esse cenário de mudanças climáticas necessita de uma gestão de risco ativa e, por isso, o setor segurador tem se preocupado em oferecer soluções para a população, especialmente para os mais pobres que, perversamente, são os mais impactados. “Precisamos criar mecanismos para redistribuir esses custos e por isso a CNseg entende que o Seguro Social de Catástrofe permitirá às famílias afetadas terem uma indenização ágil”.

Dyogo falou no painel “A atratividade do Brasil para Investidores Internacionais”, ao lado de Michel Temer, ex-presidente do Brasil, Efraim Filho, Senador (União-PB), Nicola Miccione, secretário-chefe da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Stephen Phipson, CEO da MAKE UK, Fiona Clouder, diretora executiva da Cloudervista e Hugo Motta, deputado Federal (Republicanos-PB).

Segurança jurídica

Em seu discurso, o presidente da CNseg destacou ainda que o Brasil é, sem dúvida, um dos melhores destinos para qualquer investidor internacional, porque oferece uma economia extremamente sólida, com fundamentos econômicos muito bem estabelecidos e uma capacidade comprovada de reação da política econômica às crises e flutuações. No entanto, disse que o Brasil tem uma infraestrutura insuficiente, uma urbanização deficiente e uma série de dificuldades a enfrentar em termos de distribuição de renda, educação e em outras áreas. A atração de investimentos se torna, portanto, uma necessidade premente e por isso é fundamental ter regras claras e segurança jurídica para estimular o crescimento do Brasil.

“O desafio que vejo no Brasil, ainda na questão do crescimento, é o tema da segurança jurídica e temos que, cada vez mais, endereçar com seriedade, pois não podemos ter mudanças bruscas de interpretação e de entendimento. Mudanças na legislação que afetem decisões de negócios de milhões, até bilhões de reais ou dólares”.

 

Fonte: Revista Insurance Corp online | PT