As mudanças climáticas provocam perdas econômicas cada vez mais assustadoras em todo o mundo e é certo que vai se agravar nos próximos anos. As catástrofes naturais geraram prejuízos globais da ordem US$ 380 bilhões em 2023, das quais US$ 118 bilhões indenizadas pelas seguradoras. Mas como endereçar o problema no Brasil? Como aumentar a resiliência diante de tantas enchentes e inundações que tem se acumulado ano a ano no País? Quem banca tudo isso? O setor segurador tem a convicção que os governos federal, estadual e municipal não tem condições de assumir a conta sozinho e por isso se coloca como um aliado estratégico para encontrar formas de prevenção e auxílio à população.

Esse assunto foi a pauta da audiência pública promovida pela Comissão Especial sobre Prevenção e Auxílio a Desastres e Calamidades Naturais da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira(17/04), em Brasília, com a participação de lideranças do mercado segurador, ressegurador e de corretoras de resseguros, além de parlamentares.

Perdas econômicas sobem e participação do seguro é baixa no Brasil e no mundo

Ao abrir os debates, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, mostrou que no Brasil é muito baixa a adesão de proteção contra os riscos climáticos, colocando em risco vidas, patrimônios e histórias, o que é preocupante.

O País tem sido duramente afetado pelos extremos climáticos nos últimos anos. Ele alertou que a frequência e a severidade crescentes dos extremos climáticos, considerando-se o prazo de 10 anos, 70% das perdas decorrentes de desastres naturais ocorreram de 2020 a 2023. No ano passado, houve uma média de três eventos climáticos significativos por dia no ano passado e mais de meio milhão de pessoas desalojadas de suas casas.

A CNseg apresentou suas propostas para ampliar a resiliência das cidades e das áreas rurais, acelerar respostas para socorrer vítimas e atividades econômicas dos extremos climáticos e a recuperação da infraestrutura dos municípios.

No setor rural, Dyogo reforçou a importância de ampliar a participação do seguro rural para as atividades agrícolas- hoje representa apenas 6% da produção agrícola nacional (7,3 milhões de hectares), algo que pode ser viabilizado com a ampliação dos recursos do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) e com a criação do Fundo do Seguro Rural(FSR), com participação da União, a fim de manter os valores dos prêmios mais lineares, diante da volatilidade do clima e dos danos inesperados.

Outra proposta apresentada pela CNseg foi a criação do Seguro Social de Catástrofe. Trata-se de um instrumento financeiro para amparar vítimas de desastres provocados por inundações, alagamentos e desmoronamentos. Mediante pagamento entre R$ 2 e R$ 3 e cobrado na conta de luz- oferece indenização de R$ 15 mil por residência e mais R$ 5 mil por óbito nesses eventos, por meio do PIX, para garantir celeridade e recursos livres para as vítimas dessas tragédias.

Ele abordou ainda outras linhas de seguros que poderão contribuir para mitigar os riscos do clima, como o voltado para barragens e descomissionamento, já que as mudanças climáticas representam um desafio para a sua segurança dessas estruturas, e o programa de seguros para a infraestrutura das cidades, capaz de apresentar os investimentos na sua recuperação por desastres naturais.

Outras propostas que colocam o seguro e resseguro como resposta assertiva foram destacadas por outros participantes do encontro, que contou também com a participação de Frederico Knapp, presidente da Swiss Re Brasil Resseguros; João Rabelo, diretor de Novos Negócios do Instituto de Resseguros do Brasil – IRB Re; Isabel Blazquez Solano, CEO de Resseguros Brasil da AON Brasil; Tiago de Freitas Vieira, diretor de Operações e Tecnologia da Brasilseg; Guilherme Soria Bastos Filho, coordenador da FGV Agro; Gesner Oliveira, Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros da FGV; Isadora Carvalho Ferreira Buchala, analista Regional de Resiliência da ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade.

A comissão especial da Câmara foi criada para levantar e organizar propostas que possam reduzir os impactos das mudanças climáticas que assolam todo o território nacional de forma cada vez mais severa e extraordinariamente impactante.

 

Fonte: Sonho Seguro