O Sistema de Seguros Aberto, denominado Open Insurance em inglês, está sendo desenvolvido no Brasil para padronizar dados e serviços do setor em um ambiente digital e protegido, onde os consumidores poderão compartilhar suas informações entre empresas credenciadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Esse sistema de seguros aberto poderá ser aderido pelos clientes de forma voluntária, os quais poderão solicitar, ainda, a exclusão dos seus dados a qualquer momento à Susep, mesmo após a adesão. Até este mês de abril, o Open Insurance está na segunda fase de implementação, que é voltada justamente ao compartilhamento de dados pessoais.

A primeira fase reuniu informações sobre os canais de atendimentos e produtos entre dezembro de 2021 e junho de 2022. Já a terceira e última fase iniciou em março de 2023 e vai seguir até novembro de 2024, integrando o início dos processos do Open Insurance. As informações são da Susep, órgão regador do projeto.

“O Open Insurance nada mais é do que a versão de seguros do Open Finance (sistema bancário aberto). No segundo momento, em um futuro breve, haverá interoperabilidade entre os dois: seguros e bancos”, detalhou o diretor-técnico da Susep, Airton Almeida, que vê essa integração ocorrer de forma plena no final do primeiro trimestre de 2025.

Isso pode ampliar o escopo de atuação do setor segurador, já que há uma quantidade muito maior de pessoas bancarizadas do que pessoas seguradas. Desse modo, um sistema que integra as duas modalidades se tornaria uma oportunidade de novos negócios e da melhoria de produtos. É o que analisou o diretor-executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) e conselheiro do Open Insurance, Danilo Silveira.

O principal ganho com a medida é a redução dos custos dos seguros, na visão do diretor-técnico da Susep. A transparência dos dados possibilitará ofertas de produtos com preço reduzido, propiciando mais agilidade na hora da contratação. “Vai ficar cada vez mais forte a digitalização do mercado de seguros”, detalhou Almeida.

O vice-presidente de comunicação da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), Carlos Valle, pontuou também que a poparização de novas metodologias como o Open Insurance tende a acontecer de forma gradativa no Brasil, assim como ocorreu com o Código de Defesa do Consumidor e com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

“Vai ser mais uma oportunidade que os corretores vão ter de oferecer seus serviços a mais pessoas que, na ponta da linha, estão comprando. (…) Continuarão existindo todas as formas de oferta (…), mas, no futuro, o Open Insurance é uma ferramenta que vai dar mais agilidade e oportunidade”, acrescentou Valle, da Fenacor.

Um ponto de atenção para o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, está relacionado ao credenciamento de apenas uma Sociedade Processadora de Ordem do Cliente (Spoc) ao Open Insurance até agora, o que poderia ocasionar uma eventual concentração do mercado. A Spoc pode agregar dados, painéis de informação e controle, bem como compartilhar serviços aos clientes no Open Insurance.

Este aspecto deverá ser olhado a fundo em um processo de avaliação do Open Insurance, segundo o superintendente da Susep, Alessandro Octaviani. “Mas eu não tenho dúvida que daqui a pouco chegam novas empresas, e o todo desse objetivo é bom. (…) Vai ser um novo ciclo virtuoso no mercado, vai aumentar as vendas. E certamente vai ser bom para o consumidor e bom para quem está ofertando também.”

Fonte: O Povo