Depois de três anos de queda no resultado da captação líquida, que contabiliza saques versus as contribuições, montante que encolhia desde 2020, a previdência privada brasileira começa a se recuperar. Em 2023, houve avanço de 28,4% em relação a 2022, o que aponta um início de recuperação para o segmento, que fechou o ano com um saldo positivo de R$ R$ 42 bilhões, o maior desde o início da pandemia de Covid-19. O montante, no entanto, ainda está distante dos R$ 58 bilhões contabilizados em 2019. Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), o setor cresceu 8,8% e arrecadou mais de R$ 170 bilhões no ano passado.

Tensão entre Executivo e Legislativo aumenta e pode colocar em risco efetividade da Reforma TributáriaOs elos do golpe e o risco restante: O país correu riscos porque foram mantidos em posições estratégicas oficiais que conspiraram contra a democracia Edson Franco, presidente da FenaPrevi, diz que o resultado é especialmente positivo quando comparado a outros segmentos, como a indústria de fundos de investimentos, que chegou a fechar com captação líquida negativa durante a pandemia.

– Isso (captação negativa) nunca aconteceu com a previdência privada , mas é fato que houve um aumento significativo de resgates parciais durante a pandemia, seja por perda de renda ou por doença. A melhora dos números mostra um cenário positivo, com um nível de desemprego menor, massa salarial crescendo. Isso é importante, pois para pensar em proteção tem que sobrar dinheiro, o cidadão precisa ter atendida as duas necessidades básicas de sobrevivência – diz Franco, destacando a entrada de cerca de 225 mil brasileiros no sistema previdenciário privado no ano passado.

Apesar de os ativos em planos de previdência ter crescido nada menos que 14,2%, em 2023 – uma alta significativa, lembrando que a economia deve ter crescido próximo 3% – o montante acumulado pelo setor, R$ 1,4 trilhão, equivale a apenas 13% do PIB Nacional. Somando recursos das previdências fechadas, chega-se a 23% do PIB. Em países desenvolvidos como EUA , Holanda e Reino Unido, esse percentual passa de 100%. No nosso vizinho Chile, chega a 60%.

Rio tem a tarifa de gás mais cara para consumo residencial. Para indústria, São Paulo e Ceará estão no topo – O Brasil é a 11ª economia mundial, mas quando fala em reservas previdenciárias está 26º lugar num ranking de 71 países. Isso mostra que há um caminho longo a percorrer para que o sistema previdenciário brasileiro se aproxime de sua justa posição do mercado – ressalta Franco.

O presidente da FenaPrevi destaca que, entre 2013 e 2022, a captação bruta do setor cresceu em média 8,6% a ao ano em termos de crescimento nominal; 2.2% a.a de crescimento real, frente a um crescimento real médio da economia brasileira de 0,6% ao ano.

Bolsonaro perde capital político, mas país continua polarizado pelo menos até 2026, considera analista de risco Franco destaca que a previdência privada tem duas dimensões: a individual e a macroeconômica. E explica:

– A dimensão individual é bastante intuitiva, é a necessidade de reserva já que o sistema público previdenciário já não é suficiente hoje e se tornará ainda mais insustentável no futuro. Todos vão viver mais e precisar de mais renda para ter qualidade de vida. Do ponto de vista macroeconômico, a capacidade de poupança de um país estabelece a capacidade de enfrentar e sair de crises, sejam elas econômicas ou políticas, e também o potencial de investimentos.

O executivo chama atenção para o fato que os dados de setembro da Secretaria do Tesouro Nacional revelam que 23,1% da Dívida Mobiliária Federal Interna está em mãos dos planos de previdência (aberta e fechada). Estima-se que aproximadamente 13% da Dívida Pública é financiada pela previdência privada aberta.

Fonte: Blog Miriam Leitão – O Globo Online