Relatório demonstra falta de iniciativas práticas nas empresasO Global Climate Risk Barometer (Barômetro Global de Riscos Climáticos) da EY apontou uma desconexão entre as preocupações das empresas e a real estratégia de prevenção na prática. “Apesar de concordarem com os compromissos climáticos, quase metade (47%) das organizações entrevistadas não divulga um plano de transição para reverter isso. 74% das empresas entrevistadas não incluem os impactos quantitativos do risco climático nas suas divulgações, o que implica que as alterações climáticas não são consideradas da mesma forma que outros impactos materiais […]” – alegou o portal. Risco e impacto climático não estão sendo considerados igualmente no desempenho financeiro Além dos dados acima, foi constatado no estudo que apenas uma em cada três empresas divulgam ligações quantitativas ou qualitativas entre o impacto relacionado com o clima nas suas demonstrações financeiras, sugerindo que o risco e o impacto climático não estão sendo considerados igualmente no desempenho financeiro. Incidentes climáticos causam destruição ao redor do mundoO recente quadro de enchentes causou preocupação em alguns países da Europa, criando centenas de alertas de enchentes no Reino Unido, depois que fortes chuvas atingiram várias áreas do país.
Possivelmente, em decorrência das questões climáticas, um barco festivo afundou no rio Tâmisa, em Londres. As fortes chuvas vieram logo após a tempestade Henk, que varreu partes do sul do país, trazendo ventos fortes e chuva. As perdas globais seguradas por catástrofes naturais atingiram US$50 bilhões no primeiro semestre de 2023, o segundo maior valor desde 2011. No segundo semestre, até o início de novembro, os executivos de seguros respiravam aliviados com a temporada de furacões mais fraca nos Estados Unidos.Contexto climático brasileiroMuito se disseminou ao longo dos anos que o Brasil era um país livre de catástrofes ambientais. No entanto, essa realidade já se encontra obsoleta, pois as mudanças climáticas estão invadindo o território brasileiro, causando impacto no setor de seguros. Nas últimas semanas, o Rio de Janeiro contou com a presença de um temporal, que causou a morte de pelo menos 12 pessoas.
A quantidade de desalojados e desabrigados pode chegar a 600 em todos os municípios do estado. O Brasil tem sido palco de diversos eventos desastrosos envolvendo chuvas e inundações em várias regiões do país, atingindo, principalmente, as camadas mais desfavorecidas da população. Como o setor de seguros está agindo diante do alerta climático no paísBruna Timbó, head de energia da Gallagher Brasil, corretora de seguros e resseguros, conversou com o InfoMoney sobre a problemática. “Várias saídas paralelas podem ser pensadas para o enfrentamento de sinistros causados por eventos climáticos. Primeiramente, seria interessante fomentar o aumento do percentual de contratação de seguros, no geral, pelo mercado consumidor brasileiro, transferindo o risco dos eventos climáticos para as seguradoras e resseguradoras. Aumentando a base do mutualismo, teremos um mercado de seguros mais saudável e iniciaremos um ciclo positivo, mesmo que mais sinistros sejam cobertos e pagos”, relatou.Iniciativas dos órgãos regulamentadores do setorQuanto à postura dos órgãos regulamentadores, a CNseg destaca estudo do UNEP FI, em parceria com a OIT, que busca fomentar a proteção em decorrência da ação climática, questão que seria indispensável no Plano de Desenvolvimento do Mercado Segurador (PDMS).
O plano tem o intuito de elevar em 20% a população atendida pelos diversos produtos do mercado de seguros, previdência aberta, saúde suplementar e capitalização. O Seguro Social Contra Catástrofe, mostrado pela CNseg na COP 28, Conferência das Nações Unidas sobre mudanças no clima, sinalizou a relevância de um recurso que garanta proteção e auxílio financeiro para a população prejudicada por chuvas, inundações, alagamentos ou desmoronamentos. Ações efetivas que devem ser praticadas pelos seguros O relatório apresentado pela EY citou três ações críticas que as empresas deveriam considerar tomar levando em conta a agenda climática global. O portal destacou: Mudança de mentalidade para a ação: Nas empresas com melhor desempenho, a problemática é usada para impulsionar o comportamento e a ação, vendo a situação dos riscos climáticos como uma oportunidade acionável. Nessas empresas, a divulgação detalhada e rigorosa de dados é acompanhada de estratégia e ação. Agenda de carbono baseada em dados: Os dados não devem ser isolados, mas devem ser conectados e integrados na gestão de riscos e usados para impulsionar a redução de carbono. Elevação de discussões: Os dados climáticos devem ser considerados como pauta para a construção de estratégia corporativa, em que os líderes adotem uma abordagem completa sobre impacto climático em toda a empresa. É preciso enfrentar o impacto ambiental e abraçar oportunidades A urgência em conter e reverter os impactos ambientais demanda a ampliação das estratégias existentes e a adoção de abordagens inovadoras que sejam ágeis e adaptáveis.
A colaboração entre setores governamentais, científicos, empresariais e da sociedade civil torna-se imperativa para fomentar o surgimento de soluções apropriadas. Portanto, investir em pesquisa, tecnologia e práticas sustentáveis pode fortalecer as bases da prevenção e,ainda, abrir caminho para uma coexistência mais harmoniosa entre a humanidade e o meio ambiente. O desafio persiste, mas ao unir esforços e ativar a prática necessária, é possível vislumbrar um horizonte onde a transformação climática se torna uma realidade tangível, preservando as condições ideais para as gerações futuras.
Fonte: Insurtalks