As mudanças climáticas estão rapidamente transformando o cenário do setor de seguros no Brasil, gerando um aumento significativo nos custos e desafios enfrentados pelas seguradoras. Esse é o tema analisado por Antônio Penteado Mendonça em sua coluna “Crônicas, Seguros e um Pouco de Tudo”, publicada no Portal Estadão de Notícias em 14 de janeiro, domingo.

Segundo informações trazidas na matéria, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) revelou que, em 2021, mais de R$ 7 bilhões foram desembolsados em indenizações de seguro rural, um valor que saltou para mais de R$ 10 bilhões em 2022. Esse crescimento se mostrou alarmante e refletiu a intensificação e a frequência cada vez maior de eventos climáticos extremos.

No ano passado, a região Norte do país enfrentou inundações históricas, enquanto a seca atingia recordes na mesma região. O Sul do Brasil, por sua vez, experimentou uma das secas mais severas já registradas em 2022, contrastando com chuvas e tempestades violentas no ano anterior. Antônio alerta sobre a falta de proteção do Seguro Rural, que é evidente, com apenas 10% dos proprietários rurais garantindo seus negócios por meio dessa modalidade.

Penteado comentou que o montante de R$ 10 bilhões em indenizações em 2022, embora expressivo, destaca uma lacuna significativa, indicando que cerca de R$ 90 bilhões de prejuízos recaíram sobre os agricultores: “Isso não apenas impacta o faturamento da atividade agrícola, mas compromete a capacidade de investimento de milhares de pequenos produtores, que enfrentam dificuldades ainda mais acentuadas devido à ausência do seguro”.

Analizando o cenário, ele acerta que as mudanças climáticas, resultado de décadas de negligência ambiental, representam uma conta que levará anos para ser equacionada. Mesmo com a implementação imediata de medidas essenciais para reverter o quadro, os resultados só começarão a se manifestar após duas décadas, sem efeitos imediatos visíveis – “A falta de consenso global sobre ações e prazos agrava a situação, levando a implementações gradualmente escalonadas enquanto o planeta enfrenta eventos climáticos catastróficos de maneira cada vez mais intensa e frequente” comenta.

Olhando o cenário de fora, o colunista analisou a crescente casa de prejuízos, que ultrapassou os US$ 200 bilhões há algum tempo, evidenciando-se nas decisões das seguradoras de recusarem a cobertura contra riscos climáticos na Flórida e incêndios florestais em parte da Califórnia. Penteado alerta também, sobre a temporada de verão no Brasil, chegando com eventos climáticos de grandes escalas, que impactam significativamente o Sul e Sudeste, onde já testemunhamos danos crescentes, cobrando seu preço.

Diante desse cenário, o jornalista pontua que as medidas proativas tornam-se essenciais para minimizar perdas futuras. A proposta de criação de novos seguros obrigatórios, focalizados em eventos climáticos, surge como uma resposta necessária, conforme sugerido pelo próprio mercado segurador. A urgência na implementação destas medidas é imperativa, pois sem elas, a conta dos prejuízos climáticos pode se tornar insustentável, afetando não apenas os setores agrícolas, mas também a estabilidade financeira e econômica do país como um todo.

Fonte: CQCS