Na última segunda-feira (01), em vídeo viralizado nas redes sociais, um motorista de aplicativo, que não teve a identidade revelada, relatou uma atitude inusitada. O mesmo realizou uma corrida no Rio de Janeiro da Baixada Fluminense para a região de Búzios e, na volta, acionou o seguro para usar a assistência do guincho para ser transportado até seu próximo destino para economizar o dinheiro do combustível. Especialista ouvido pelo CQCS destacou que a referida ação não configura crime, mas traz inúmeras consequências para o segurado e todo ecossistema.

Advogado, sócio da BMEX Consultoria e Corretora de Seguros e professor da Escola de Negócios e Seguros (ENS), Fred Almeida, frisou que o ocorrido não pode ser enquadrado como fraude ao seguro, mas traz consequências negativas imediatas. “Geralmente as apólices preveem um número limitado de uso do serviços, nesse caso ele poderia ficar sem o serviço em um momento que precisar realmente. Outra consequência é que o uso do serviço de assistência é parâmetro na precificação do seguro, o que pode vir a acarretar no aumento do valor no momento da renovação. Além disso, a seguradora tem gastos com esse tipo de serviço, e como todo componente de custo no seguro isso é repassado para o grupo segurado, então esse tipo de fraude prejudica o sistema de mutualismo”, pontuou.

Almeida destacou que o serviço utilizado pelo motorista trata-se de uma assistência. A mesma é oferecida para contratação em conjunto a apólice de seguro, sendo presente não só no seguro auto, mas em praticamente todos os ramos. “As seguradoras oferecem o serviço para agregar valor, também para que serviços de manutenção e correção sejam executados de forma a preservar os bens seguros, e ainda, para deixar mais tangível o seguro, já que muitas vezes, o cliente, erroneamente, tem o entendimento de que ‘não usa o seguro’ quando não acontece o sinistro, porém, na realidade, usar o seguro é dispor da tranquilidade de ter a proteção, aconteça o evento coberto ou não”, disse.

O especialista ressalta ainda que muitas empresas oferecem apenas o serviço de assistência como uma assinatura. O seguro auto, por exemplo, conta com serviços de assistência residencial, help desk, e até mesmo assistência psicológica. Tratando-se de um adicional para agregar valor ao seguro, para tornar a contratação mais atrativa, da mesma forma que o seguro pode ser contratado sem a assistência.

Por fim, o professor da Escola de Negócios e Seguros (ENS) destaca que apesar do ocorrido não configurar-se como crime pode servir de base para campanhas que tenham como objetivo inibir tais práticas, alertando que as mesmas tendem a causar prejuízos a todo ecossistema, elevando os valores dos serviços de proteção.

Fonte: CQCS