O secretário pontua que os desafios para 2024 são muitos. Ele comenta que entre as primeiras ações já realizadas estão uma reunião com a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, que foi ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Ex-deputado federal, Neri Geller (PP) foi nomeado no dia 21 de dezembro secretário de Política Agrícola do Mapa e tomou posse no último dia 27. Essa é a terceira vez que assume o cargo. Ele já comandou a pasta nos anos de 2013 e 2015, e em 2014 assumiu o cargo de ministro da Agricultura e Pecuária.
O ano de 2024 deverá ser de inúmeros desafios para o setor produtivo, principalmente no que tange ao clima. De acordo com o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) conseguiu a aprovação da recolocação de R$ 964 milhões para o seguro rural no orçamento do próximo ano para auxiliar o setor produtivo, montante este considerado recorde.
A reunião com Miriam Belchior teve como intuito “alinhar as pautas do governo e fazer a Secretaria de Política Agrícola realmente exercer o protagonismo que ela merece e exerceu em 2013, 2017”, diz Neri Geller.
Crédito rural entre os desafios
Conforme o secretário de Política Agrícola, no que tange ao crédito rural os desafios são grandes, em especial quanto as taxas de juros, assim como os programas de investimentos, como o Moderfrota, de acesso à inovação e de construção de armazéns, “que praticamente foram abandonados e que não tem recurso”.
“E quando tem recurso com taxa de juros bem acima da linha de inflação, o que é muito perigoso para o setor que com qualquer crise pode-se criar uma bolha de endividamento. Esse ano [2024] os principais são de reorganizar o crédito”.
Neri Geller ressalta que em 2023 mudanças já começaram a ser colocadas em prática quanto a disponibilidade de recursos, como é o caso de recursos em dólar com taxa de juros de 7%.
“O Plano Safra também foi bastante robusto, mas não deu para fazer com taxas de juros que o setor mereça em função do governo de ter pego um orçamento muito limitado”.
Para o Plano Safra 2024/25, o secretário frisa que será trabalhada a redução das taxas de juros.
Reaproximação do setor e segurança jurídica
Em relação à Política Agrícola Neri Geller revela que buscará trazer ainda mais o setor produtivo para dentro do Ministério.
“Quando eu falo em trazer o setor para dentro é trazer a Aprosoja, sindicatos, federações, OCB, as cooperativas do sul do país, para que esses setores que têm interesse de resolver os problemas possam fazer através do Mapa, como foi feito no passado”.
A segurança jurídica do setor produtivo, muito debatida em 2023 com o marco temporal, principalmente, e invasões de terra, também faz parte da agenda de desafios da Secretaria de Política Agrícola.
Neri Geller salienta que se buscará uma participação mais efetiva para que o governo possa ouvir o setor, bem como ter um canal de entrada para conversar e discutir os problemas em relação à segurança jurídica.
“Para isso precisa ter menos ranço ideológico, menos vontade de brigar e mais vontade de trabalhar e trabalhar no sentido de achar solução nos problemas que vamos enfrentar”.
Efeitos do clima em 2023 preocupa
O secretário de Política Agrícola destaca que a situação climática vivida em 2023, causada pelo fenômeno El Niño, principalmente na região centro-oeste, é considerada preocupante e que a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) já está levantando informações, uma vez que relatos que chegaram ao Ministério da Agricultura apontam perdas de produção de até 40% para alguns produtores e regiões.
“Nós já conseguimos recolocar para o orçamento do ano que vem o seguro rural aprovado em R$ 964 milhões. Isso já foi aprovado no orçamento. Quase R$ 1 bilhão. Isso também são recursos recordes para o seguro. E nós não vamos só colocar orçamento. Vamos fazer a gestão como fizemos em 2013, 2014 e em 2017. Isso é direcionado para os produtores e seguradoras”.
Neri Geller frisa ainda que tanto produtores rurais quanto seguradores terão com isso previsibilidade de pagamento e organização.
“Agora, em contrapartida, nós vamos cobrar aumento na questão da eficiência da concorrência para que mais seguradoras possam entrar e o resultado vá lá para a ponta no produtor. Essa subvenção do recurso não é para a seguradora ou outros agentes financeiros. Ela é para a ponta. Para o nosso produtor. Não vamos botar recurso para os agentes financeiros forçarem venda casada. Nós vamos fazer gestão como fizemos lá atrás”.
Ainda de acordo com o secretário, outros setores do agronegócio também estão sendo trabalhados, à exemplo da produção de etanol de milho.
“Nó vamos cuidar e já cuidamos na transição, inclusive, da produção de etanol de milho, da agroindústria que é extremamente importante. A questão tributária que a gente encaminhou, viabilizou a produção de etanol que estava com a margem apertada. Nós conseguimos viabilizar para que o etanol pudesse continuar avançando e ter margem de lucro”.
Fonte: Canal Rural Online