A invasão à conta da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, na rede social X (antigo Twitter), que foi hackeada há poucos dias e teve mensagens ofensivas à ela e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicadas pelo responsável pelo ataque, segue rendendo desdobramentos.

Nesta terça-feira (19), Janja defendeu que o debate sobre a regulação das redes sociais volte a ser prioridade para o governo. Segundo ela, a implementação das normas seria uma forma de estabelecer “regras de convivência” no ambiente virtual.

A primeira-dama descreveu o incidente como “invasivo”, criticou a plataforma pela demora em congelar sua conta e também disse que pretende processar a plataforma X pela invasão, apesar de ainda estar analisando se deve entrar com o processo no Brasil ou nos Estados Unidos, onde fica a sede da empresa.

Janja não foi a primeira usuária de redes sociais a ter seu perfil invadido, resultando na perda de controle das publicações por algum período. Só em 2023, é possível encontrar na mídia vários casos de influenciadores digitais que tiverem suas contas em redes sociais invadidas Brasil afora – inclusive gerando prejuízos financeiros, uma vez que os invasores podem aplicar golpes nos milhares de seguidores.

Para atender à crescente demanda de proteção no ambiente digital, não só de influencers mas também de “anônimos”, o mercado segurador começa a desenvolver seguros cibernéticos para amenizar a dor de cabeça de quem tem sua conta hackeada.

Claudio Macedo, co-fundador da insurtech focada em seguro cibernético BlueCyber, conta que já existe solução hoje no mercado para cobrir as despesas do segurado com as ações relacionadas à invasão, como os gastos com “o especialista que vai ajudar a recuperar a conta que foi sequestrada pelo hacker” e “despesas jurídicas para processar o causador dessa invasão”, explica. Não foi o caso da Janja, mas outra cobertura disponível é a de gastos jurídicos para entrar na Justiça contra buscadores (como o Google, por exemplo) solicitando a remoção de vídeos e imagens pessoais vazadas, caso seja necessário.

Esse tipo de seguro, voltado para o consumidor pessoa física, ainda é pouco demandado no Brasil, segundo especialistas consultados pela reportagem. A Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão regulador do mercado segurador, diz não ter como informar quantas apólices (contrato de seguro) de seguro cibernético foram emitidas para pessoas físicas no país e informa apenas o valor total arrecadado pelas seguradoras que operam no ramo.

Somente no primeiro semestre, por exemplo, a quantia arrecada foi de R$ 98,12 milhões, cifra 27,2% superior ao mesmo período de 2022, mostrando o crescimento do segmento. Esse aumento é impulsionado principalmente pelo apetite das grandes empresas, preocupadas em evitar prejuízos causados pelo vazamento de dados de clientes, que pode render multa por violação à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), além de ataques que possam travar as operações das companhias, comentam especialistas do mercado.

Na avaliação de Antonio Trindade, presidente da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais), o seguro cibernético para pessoa física pode seguir o mesmo caminho que o seguro de responsabilidade civil de administradores, conhecido internacionalmente como Directors & Officers (D&O), que também “começou pequeno no país e foi crescendo”.

Para se ter uma ideia, entre 2014 e 2021, as vendas do seguro D&O aumentaram 436% no Brasil, passando de uma arrecadação de R$ 227,6 milhões para R$ 1,2 bilhão, devido à maior conscientização sobre o produto proporcionada pela Lava Jato e às multas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que passou a fiscalizar mais o mercado de capitais, e aos processos relacionados a danos ambientais e trabalhistas, analisa a colunista de Seguros do InfoMoney, Denise Bueno.

Fonte: InfoMoney – Online | Últimas Notícias