O desafio da comunicação ainda é grande para ampliar a participação do mercado de seguros no PIB. Em entrevista coletiva realizada nesta tarde, Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, apresentou os números de 2023. O setor emprega 253,7 mil pessoas, em 131 seguradoras, 13 entidades abertas de previdência complementar, 914 operadoras de planos de saúde e 123 resseguradoras.

“O maior problema continua sendo a baixa penetração do seguro, necessitando a ampliação da cobertura”, declarou Oliveira. A CNseg incentiva a inovação no setor, com diversificação de produtos e canais de distribuição. O amplo processo de digitalização do setor tem como objetivo a democratização do seguro e a sua ampliação diante da sociedade. “Nossa obsessão é fazer o seguro chegar a mais pessoas”, reforçou Oliveira.

A projeção para 2023 é de crescimento de 3% em dez/2023 e 2,5% em dez de 2024, calcado na melhora do cenário de crédito, empregabilidade e cenário econômico internacional. “A nota continua de otimismo”, pontuou Oliveira. Ao longo do próximo ano, a CNseg projeta a Selic para 9% em dez/2024.

Em 2022, o setor fechou o ano com 432 milhões de indenizações pagas e, em 2023, chegou a R$ 348,2 bilhões até setembro de 2023. A previsão é fechar o ano em R$ 460 bilhões de pagamentos em saúde. “É uma indústria que gera valor para a sociedade”.

A projeção é de fechar 2023 com R$ 663 bilhões de arrecadação, com crescimento na casa de 10%. A participação no PIB deve ficar em 6,2%.

O crescimento projetado para 2024 é de 11,7%, com saúde. O ramo de danos e responsabilidades, sem DPVAT, pode variar até 16,8%.O grande fator que contribui para o crescimento é a empregabilidade e o aumento da renda.

A pauta para 2024 inclui a regulamentação do PLC 29, a nova lei para o mercado segurador. O tema da Sustentabilidade estará cada dia mais na pauta da entidade, com o seguro para infraestrutura urbana e o seguro social contra catástrofe, além da ampliação do Seguro Rural.

Denis Morais, presidente da Fenacap, falou sobre os números da capitalização. A parte mais difícil foi incluir a capitalização na lei 14.652/23, como garantia de crédito. São mais de R$ 50 bilhões de reservas nos próximos dois anos. Para o PL 3954/2023, que oferece garantia em licitações de obras públicas, “fizemos um trabalho de consultoria para fazer a estimativa de consumo de produtos de capitalização, que deve apoiar o desenvolvimento do setor e as novas iniciativas para que o mercado salto””, apontou Morais.

A estimativa de potencial de consumo indica a possibilidade de montantes anuais três vezes superior ao atual. A receita pode sair de R$ 30 bilhões para R$ 89 bilhões em 2026, podendo a tingir a marca de 100 bilhões em reservas em 2026.

Edson Franco, presidente da Fenaprevi, ressaltou que o Brasil continua como um país de grandes oportunidades. Somadas, as reservas de previdências fechadas e abertas representam 25% do PIB. 2023 foi um ano de recuperação da captação líquida, com recuperação no segundo semestre e crescimento de 13% até outubro de 2023, com aumento da captação bruta e aumento dos resgates.

“Mesmo neste contexto, crescemos no volume de participantes. Não houve redução. Mais da metade dos brasileiros quer parar de trabalhar aos 60 anos, mas apenas 30% acham que vão conseguir. 4 em cada 10 dizem que pretendem viver da aposentadoria do INSS, mas a maioria não sabe o valor que irá receber do poder público”, ponderou Franco.

Percebe-se um nível de conscientização maior, com as pessoas falando sobre morte, o que aumentou a penetração dos produtos de vida e proteção de renda.

Manoel Antonio Peres, presidente da Fenasaude, disse que vivemos nos últimos tres anos uma convergência de fatores negativos, como a questão dos custos assistenciais, que aumentaram exponencialmente durante a pandemia; aumento das fraudes e do desperdício.

“O resultado operacional foi negativo em 2021, 2022 e 2023. O setor arrecadou R$ 190 bilhões e gastou quase a mesma coisa. O setor sobrevive do resultado financeiro, com índice combinado maior que 100”, lamentou Peres.

A sinistralidade do setor está na casa dos 88%. O combate às fraudes é um trabalho árduo. Cerca de R$ 30 bilhões a R$ 34 bilhões, em 2022, foram gastos em fraudes e desperdícios.

A perspectiva para 2024 é o setor se reorganizar, após efeitos dramáticos da pandemia sobre os custos assistenciais do setor, em busca de mensalidades mais sustentáveis para fazer frente às despesas dos beneficiários e ajustes de custos na gestão das operações.

O setor se preocupa com um ambiente regulatório mais estável, que dê mais previsibilidade e segurança jurídica para o negócio de planos de saúde.

Antonio Trindade, presidente da Fenseg, informou que até setembro a arrecadação foi de R$ 93,4 bilhões e indenizações de R$ 41,9 bilhões. São 45% de toda a arrecadação do mercado segurador.

As mudanças climáticas impactaram diretamente o seguro rural. O seguro garante a sustentabilidade do agronegócio, que responde por 25% do PIB acional. “Estamos trabalhando em parceria com o Governo Federal para fazer um aumento da subvenção ao prêmio do seguro rural. Já foi pedida até uma suplementação da verba disponível, de R$ 1 bi para R$ 2 bi para a próxima safra”, avisou Trindade.

O seguro de automóvel ainda tem uma penetração pequena. Trindade ressaltou que a proteção veicular não é seguro; quem contrata um produto de associação de proteção veiculas é corresponsável pela indenização. “Já trabalhamos forte com o judiciário para que fique muito clara a diferença entre os produtos comercializados”, completou Trindade.

As mensagens dos presidentes das Federações e da CNseg foi muito clara: para fazer o mercado crescer, é preciso que haja renda, condições econômicas melhores e muita comunicação, para mostrar à população o que o mercado de seguros pode fazer por ela.

Fonte: Revista Apólice Online