O governo federal vê no mercado de seguros um caminho para alavancar investimentos em infraestrutura e inovação tecnológica. A gestão estuda o tópico em grupos de trabalho e aposta no Marco do Seguros para destravar o setor.

O superintendente de Seguros Privados (Susep) do governo, Alessandro Octaviani, disse em entrevista à CNN que a ideia de um dos grupos de trabalho é explorar o potencial do setor para impulsionar o Novo Pac e a neoindustrialização.

Os estudos serão finalizados até em novembro, com a entrega de um relatório que vai propor redesenhos regulatórios. Também há iniciativas no âmbito do Ministério da Fazenda que procuram caminhos para flexibilizar regras de utilização destes ativos, permitindo direcioná-los a investimentos de maior risco.

O superintendente explica que, em economias contemporâneas, a alocação dos recursos captados pelos seguros são relevantes para a atividade nacional. O secretário de reformas econômicas, Marcos Pinto, vem destacando as capacidades do ramo como fonte de recursos para investimentos produtivos.

“O setor é o próprio investidor, ele capta uma enormidade de recursos na economia popular e faz este dinheiro render adequadamente tanto para poder fazer frente aos sinistros quanto pode direcionar este dinheiro para novos investimentos”, diz Octaviani.

“Então, dinamiza a economia. Os impactos disso para os investimentos de longo prazo, como infraestrutura e inovação tecnológica, podem ser extremamente relevantes”, completa o superintendente.

Marco dos Seguros

Alessandro Octaviani acredita que novo Marco dos Seguros, em tramitação no Congresso Nacional, vai instalar um “ciclo de confiança” no ramo e possibilitar que o setor cresça exponencialmente no Brasil.

“A lei vai assegurar a pessoa que contrata o seguro de que, no final da jornada, ele vai ter a indenização. Essa lei busca organizar o mercado de forma a trazer a confiança ao consumidor. Um consumidor que confia no produto compra mais”, disse.

O projeto de lei (PL) dos seguros está parado no Senado desde 2017. A matéria foi desarquivada em abril deste ano por iniciativa da Fazenda. A relatoria é do senador Jader Barbalho (MDB-PA). A ideia do texto é regulamentar o setor de maneira a elevar a adesão a seus produtos.

Barbalho deve apresentar o relatório nas próximas semanas. O texto está sendo revisado por consultoria do Senado atualmente. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já sinalizou que vai se reunir com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para definir as datas de votação.

Octaviani diz que o ritmo da tramitação diz respeito ao Poder Legislativo. Ele destaca, contudo, que o texto foi construído sob diálogo e consenso entre representantes de seguradoras, segurados e governo, o que estabelece o ambiente necessário para um avanço rápido nas Casas.

“O Congresso Nacional tem sido atencioso com toda matéria que pode alavancar a economia brasileira. E este projeto está nesta categoria”, completa.

O superintendente indica que o setor vem avançando no Brasil nos últimos anos, mas mesmo em períodos em que opera positivamente atinge entre 25% e 30% de seu potencial. Espera-se que o PL possa destravar o crescimento exponencial do ramo no país.

Dados obtidos junto à Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), à Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) e à Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) mostram que 30% da frota de carros circulantes têm seguro no Brasil, assim como 17% das residências, e 18% da população acima dos 18 tem seguro de vida.

Segundo o Ministério da Fazenda, esses percentuais ficam aquém daqueles observados em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, por exemplo, de acordo com dados de associações públicas e privadas, aproximadamente 87% da frota de carros têm algum tipo de seguro, assim como 85% dos donos de casa. 52% dos americanos têm seguro de vida.

Durante a entrevista, Octaviani evitou adiantar termos que estarão previstos no PL, mas apontou que a regulamentação busca dar transparência à contratação de seguros. Para sinistros, por exemplo, ele destaca que é preciso dar clareza à definição de prazos e documentos a serem analisados.

Fonte: Folha de Dourados