Depois de trabalhar por mais de 15 anos em empresas de seguros e de chegar ao posto de gerente comercial, a maranhense Glaucilene Silva decidiu se tornar corretora. Fez o curso da Escola de Negócios e Seguros (ENS) em 2021 e, ao final, conseguiu a habilitação da Susep (reguladora do setor), que permite que o corretor se cadastre em várias seguradoras e faça negócios em todo o país.

Em menos de dois anos Glaucilene conseguiu criar uma carteira de clientes e abrir a Átrio Corretora de Seguros, em São Luís.

— É um mercado em crescimento. E mesmo que, depois da pandemia, o digital tenha avançado, o cliente ainda fica muitas vezes focado no preço. E nem sempre aquele preço é o melhor. O corretor dá instruções, explica as letras miúdas, sabe as coberturas, o que fazer em caso de sinistro. Não é uma figura dispensável.

Ainda que a tecnologia tenha dado maior autonomia aos consumidores na área de seguros, não dispensou o papel do corretor, que atualmente é mais um consultor.

— Hoje é tudo pelo WhatsApp, tudo com inteligência artificial. Mas, apesar de a tecnologia facilitar, o profissional é insubstituível. E não é só por fazer o elo entre seguradora e cliente. É ele quem evita, por exemplo, a judicialização em caso de sinistro — explica Max Dosea, sócio da Dosea Corretora de Seguros, uma das mais antigas de Sergipe, lembrando a importância de o cliente verificar se o corretor tem habilitação na Susep e se tem boa reputação. — Digo que é como contratar um médico ou um advogado.

Dosea está nesse mercado desde 2010, mas seu pai, Carlos Alberto, fundou o negócio em Aracaju há 33 anos. Por lá, o carro-chefe ainda é o seguro de carro, seguido por seguros de vida, saúde, responsabilidade civil e garantia de fiança. Para o corretor, que dá aulas na ENS há 12 anos, o bom profissional precisa se atualizar para não ser “engolido pelo mercado”:

— Os contratos mudam de acordo com a legislação, as normativas, as coberturas. E cada vez mais há seguros específicos: o que grandes empresas de tecnologia procuram por conta de ataques hackers, seguro rural, para arranhão de carro e até para alguns tipos de doenças. Então, se não estudar, se não se atualizar, você é engolido. Ainda mais depois que a internet acabou com as fronteiras.

Diretora de Ensino da ENS desde 2011, Maria Helena Monteiro também destaca os avanços digitais, mas acredita que eles ajudaram a valorizar o corretor de seguros:

— A inteligência artificial está revolucionando o mercado, traz mais rapidez, coloca à disposição informações sobre os clientes, ajuda a detectar fraudes e até a precificar. Mas é o corretor quem sabe a melhor solução para cada cliente. Ele não é só a ponte entre quem contrata e a seguradora. Para se ter uma ideia, o contrato de um seguro viagem, que é o mais fácil de ser feito pela internet, chega a ter 152 páginas. E a linguagem é complexa: franquia, sinistro, responsabilidade civil, prêmio…

O mercado em expansão levou Gabriella Valadares, sócia da Monet Investimentos, a contratar um corretor de seguros para atuar ao lado do gestores de aplicações.

— Houve um boom de dois anos para cá. Mesmo que seguro ainda não seja a cultura do brasileiro, as pessoas estão mais abertas. Mostramos aos clientes que o seguro alavanca o patrimônio da família e transfere riscos para a seguradora, além de dar a chance de a pessoa se reinventar se acontecer alguma coisa que a obrigue a parar de trabalhar — diz a empresária, ressaltando que seguro não é só para quem tem dinheiro sobrando. — É ainda mais importante para quem não tem, resguarda a pessoa.

Fonte: O Globo