Coberturas e benefícios vão além de indenização por morte. Especialistas recomendam reavaliar seguro de tempos em tempos

A ideia de que seguro de vida é apenas uma proteção para os beneficiários em caso de morte está pra lá de ultrapassada. Há muitas coberturas em que quem paga a conta pode usar, ao longo do contrato, assistências que podem servir para cuidar da saúde.

Confira as orientações de especialistas para a contratação e a gestão do seguro ao longo da vida.

Tipos de seguro de vida: entenda qual é o mais adequado ao seu perfil

  • Repartição. Nos seguros estruturados no regime financeiro de repartição, os prêmios (mensalidades) pagos pelos segurados não formam reserva individualizada. Com base no princípio do mutualismo, esses valores são destinados ao custeio dos sinistros ocorridos no grupo. Então, ao deixar de pagar, o segurado não tem valor a receber.
  • Resgatável. Nesse tipo de seguro é constituída uma reserva financeira individualizada que permite o resgate parcial do valor pago. Neste tipo de contrato, costuma haver uma capitalização para que o seguro não fique mais caro com o aumento da idade do segurado (os reajustes etários). Os valores ficam sujeitos apenas à atualização financeira anual pelo índice de preços definido no contrato. Nessas apólices, o segurado paga mais caro enquanto é mais jovem, formando a reserva que será consumida quando tiver idade mais avançada.
  • Universal life. Este produto, ainda em regulamentação no Brasil, prevê que o capital segurado é composto por uma parcela de risco (mutualismo) e outra de acumulação, permitindo que o segurado constitua uma reserva individual que poderá ser resgatada.

Coberturas adicionais: planejamento para a vida, não apenas para morte

A indenização por morte é a mais conhecida deste segmento de seguro, mas está longe de ser a única. Há coberturas que podem ser contratadas separadamente, como para doenças graves, custo hospitalar, perda de renda, incapacidade temporária, acidente, e que beneficiam o segurado em vida.

Coletivos e individuais: contratos podem se complementar

Os contratos coletivos, firmados por grupos e empresas, normalmente são mais baratos. No entanto, podem não atender necessidades específicas. Na visão de Carlos Gondim, da Fenaprevi, eles podem ser complementares, avaliando a cobertura e o capital previsto em cada um.

Assistências e serviços: benefícios vão além das indenizações

Assim como o seguro de carro oferece reboque e o residencial, chaveiro e encanador, os seguros de vida estão incorporando novas assistências. O pacote varia, mas já é possível encontrar oferta de telemedicina e teleatendimento por psicólogos, check-up, programas de bem-estar e saúde e até assistência residencial.

Reajuste por faixa etária: alta pode ser expulsória, mas há alternativa

Assim como nos planos de saúde, o reajuste por faixa etária pesa no orçamento de quem tem seguro de vida após os 60, 70 anos de idade. Diferentemente da saúde suplementar, não há regras para esse aumento, que variam de acordo com a seguradora. Em alguns casos, o valor do prêmio chega a ser multiplicado por dez em uma década, o que pode ter um caráter expulsório.

Diogo Jorge, da Susep, explica que o valor do prêmio (mensalidade) deve ser proporcional ao nível de risco dos segurados, o que justifica o aumento de acordo com a idade. Gondim afirma que os novos contratos já são calculados a partir de uma expectativa de vida maior, o que pode postergar esses reajustes. Nem todos os contratos, no entanto, preveem reajuste etário. Nos chamados nivelados, por exemplo, o valor inicial, pago quando se é mais jovem, é mais alto.

Renovação de contratos: repactuação usualmente é feita anualmente

A maior parte dos seguros é renovada anualmente. Mas há casos de contratos com prazos longos de cinco, dez, 20, 30 anos e até vitalícios. O professor Maurício Viot recomenda que se faça uma pesquisa de mercado quando estiver próxima a renovação do seguro de vida, assim como se faz com o de automóvel. Especialistas lembram ainda que é facultado à seguradora renovar ou não a apólice. No caso dos contratos individuais, no entanto, há uma discussão se poderia haver esse cancelamento, principalmente, quando se fala em apólices de renovação prolongada, inclusive diante da dificuldade, principalmente, entre idosos de contratação de novo seguro, diz o advogado David Nigri.

Revise seu seguro: coberturas e indenização devem ser reavaliados

O seguro de vida deve ser encarado como parte do planejamento financeiro de uma pessoa. Sendo assim, as coberturas contratadas e os valores de indenização devem ser revistos a cada etapa da vida. Uma pessoa que tem como beneficiários filhos em idade escolar, por exemplo, provavelmente precisa prever capital segurado maior que alguém já com filhos adultos. Para quem se aposentou, não faz sentido continuar a pagar a cobertura por perda de renda, em outro exemplo.

Indenização ou renda: escolha depende de capacidade de gestão

É possível escolher se o beneficiário do seguro de vida, na falta do segurado, receberá a indenização de uma vez ou uma renda por tempo determinado. Para especialistas, a melhor escolha é a indenização total, pois permite a gestão do recurso.

Fonte: O Globo