Na manhã desta terça-feira (10), grandes representantes do mercado de seguros se reuniram para o primeiro dia da Expo ABGR 2023. Organizado pela ABGR (Associação Brasileira de Gerenciamento de Riscos), o evento trás como tema “Os Desafios do Gerenciamento de Riscos nas Empresas”.
Na plenária de abertura, Luiz Otávio Artilheiro, diretor-presidente da ABGR, moderou um debate com Dyogo Oliveira, presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras); Carlos Roberto Queiroz, diretor da Susep (Superintendência de Seguros Privados); Rafaela Barreda, vice-presidente da Fenaber (Federação Nacional das Empresas de Resseguros); e Antonio Trindade, presidente da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais). Os especialistas falaram sobre os desafios, tendências e oportunidades do mercado segurador, compartilhando insights e como as instituições enxergam esse momento de transformação do setor.
Trindade abriu sua apresentação comentando sobre a importância do PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros) para o seguro ser um instrumento de proteção financeira mais acessível no Brasil. “Graças ao empenho da CNseg, e as diversas entidades que estão trabalhando para a expansão do setor, temos a oportunidade de demonstrar o papel que o nosso segmento exerce na economia e no equilíbrio financeiro de pequenas, médias e grandes empresas, além do consumidor pessoa física, que é o centro do nosso negócio”.
De acordo com Trindade, as mudanças regulatórias que a Susep está promovendo, como a possível aprovação do PLC 29/2017, devem trazer mais benefícios e flexibilidade para o mercado, principalmente para as seguradoras desenvolverem novos produtos e serviços. “Meu medo era que com a aprovação desse projeto, nosso setor tivesse um retrocesso na sua regulamentação. Entretanto, após muito diálogo, acredito que hoje teremos uma lei muito bem estabelecida para os contratos de seguros, protegendo, principalmente, o segurado. Os critérios ESG também devem abrir portas, pois com o mundo mais conectado ao conceito de sustentabilidade e responsabilidade social, é necessário que as empresas incorporem ações mais sustentáveis e compatíveis com a preservação do planeta”.
Rafaela reforçou a importância do resseguro na gestão das companhias, auxiliando na transferência de riscos da seguradora para a resseguradora e aumentando a capacidade financeira das organizações. O mercado brasileiro já conta com mais de 100 resseguradores estrangeiros e 13 empresas nacionais cadastradas. O fato das seguradoras terem que comprar uma apólice resseguro para melhorar sua operação traz desafios, e alguns deles são o cenário geopolítico, a instabilidade jurídica local e os riscos sistêmicos, que podem afastar investimentos”.
A especialista também comentou sobre tendências e oportunidades para o setor. Segundo Rafaela, a digitalização dos processos foi fundamental para o avanço da gestão de riscos. “A tecnologia ajudou nesse desenvolvimento. Além disso, acho importante falar sobre a expansão do mercado de Grandes Obras, a neoindustrialização, a transição energética e os riscos climáticos como oportunidades para o mercado de seguros e resseguros demonstrarem a sua relevância perante a sociedade e ao Estado, desenvolvendo soluções que estejam conectadas com as novas demandas de consumidores e empresas”.
O diretor da Susep trouxe para a sua apresentação a visão do órgão regulador. De acordo com Queiroz, a entidade enxerga a evolução da gestão de riscos, ocasionada pela transformação tecnológica, como uma chance de outras indústrias que tenham interesse no mercado de seguros contribuirem para a expansão do setor. “O amadurecimento regulatório da Susep ocorreu pela mudança global que a economia passou nesses últimos anos. Por isso a importância de separar os Grandes Riscos dos Riscos Massificados, que é um dos pilares do PLC 29/2017. Ao estipular que determinados contratos de seguros sigam regras mais condizentes com aquilo que foi acordado entre cliente e seguradora, aumentamos a transparência na relação com o segurado”.
Queiroz ainda ressaltou que no segmento de Grandes Riscos, o principal foco da autarquia é atuar na garantia do interesse segurável que cada empresa transfere para a seguradora fazer a gestão. “Nosso foco é entender, analisar e propor melhorias. A Susep montou o Grupo de Trabalho Seguros, Novo PAC e Neoindustrialização, que tem como objetivo movimentar a inovação no setor e abrir espaço para o diálogo com outros mercados, dando a possibilidade da entidade ouvir as principais demandas em proteção securitária”. Ainda comentando sobre o PLC 29/2017, o diretor da Susep afirmou acreditar que todos os ajustes já foram feitos e logo o projeto deve ser aprovado.
Ao final da apresentação, o presidente da CNseg comentou sobre o cenário econômico brasileiro e como o seguro pode ser um instrumento de melhoria da qualidade de vida. De acordo com Oliveira, ainda estamos no rescaldo da pandemia, com a inflação subindo, taxas de juros ainda altas e desemprego nos países centrais. “Entretanto, o Brasil também entrou em um novo ciclo político e econômico. Passamos de 2013 até o ano passado sem o crescimento real do Produto Interno Bruto e o aumento da renda per capta, e este novo ciclo vai ser marcado por uma expansão do PIB e estabilidade nas taxas de juros, o que é muito positivo para a economia brasileira no longo prazo”.
Falando sobre as oportunidades para o mercado de seguros, Oliveira disse que uma infraestutura economia sólida, somada a agenda de reformas que estão em tramitação, deve abrir novas oportunidades para o setor dialogar com o Governo, gerando incentivos para o aumento do número de brasileiros protegidos por uma apólice. “A retomada de investimentos nas obras de infraestrutura irão gerar grandes oportunidades para o nosso segmento, e acredito que o crescimento econômico é o melhor programa de distribuição de renda. Isso ajuda não somente o cidadão das classes menos favorecidas, mas também as grandes empresas, por isso estamos trabalhando para levar a conscientização da gestão de riscos através do seguro”.
Nicole Fraga
Revista Apólice