Em meio ao agravamento dos efeitos mais visíveis das mudanças climáticas, como secas e enchentes cada vez mais extremas e frequentes no País, o mercado brasileiro de seguros se reposiciona para lidar com esse novo cenário. No fim de setembro, por exemplo, foi lançada a proposta um novo produto, uma espécie de seguro catástrofe obrigatório e com custo acessível.

O chamado seguro social seria cobrado das residências, por meio das contas de luz, com um custo estimado entre R$ 2 e R$ 5 por mês. Inicialmente, o benefício seria voltado para pessoas afetadas pelas enchentes.

Um texto foi apresentado pela CNseg ao Congresso Nacional como proposta de substitutivo a um projeto de lei já em tramitação (1.410/2022) na Câmara dos Deputados. A proposta da CNseg prevê o pagamento por meio de Pix, quase imediatamente após a identificação das áreas atingidas e a publicação do decreto de calamidade.

“A nossa ideia é que, quando houver uma enchente em que as pessoas fiquem desabrigadas, esse seguro social pague uma indenização emergencial. Não é uma indenização para reconstruir a casa e construir a infraestrutura pública. É um seguro emergencial que a pessoa vai receber imediatamente, um Pix”, explicou o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, em entrevista coletiva virtual na última quinta-feira (5).

“No dia seguinte em que ocorrer a enchente, a pessoa vai receber uma verba de 15 a 20 mil reais para poder se alojar, adquirir alimentos, adquirir roupas, utensílios, para que a gente não tenha no Brasil o que a gente sempre vê, que é a população completamente desassistida e o setor público com as suas limitações administrativas, tentando, com boa vontade, é verdade, atender aquelas pessoas, mas não tem meios, não tem recursos, não tem cultura administrativa”, acrescentou o executivo.

Outra iniciativa do setor de seguros voltada às mudanças da temperatura global está em fase de conclusão: a análise dos impactos do risco climático no Brasil, feita em parceria com a United Nations Environment – Programme Finance Initiative (Unep- FI), braço financeiro da Organização das Nações Unidas (ONU) para questões climáticas.

“Devemos divulgar em breve essa análise sobre as áreas mais suscetíveis, mais passíveis de serem impactadas, para que as pessoas possam evitar essas áreas para moradia e atividades econômicas”, disse.

O presidente da CNseg disse que as seguradoras e os analistas do mercado sabiam que a mudança do clima na Terra era real e que traria impactos na vida econômica e social de todos.

“A surpresa que tem acontecido nos últimos anos é que a mudança climática está acontecendo muito mais rápido do que a gente pensava. Isso implica em revisão das estratégias do setor, das estatísticas do setor, mas é uma realidade que tem que aprender a conviver”, concluiu.

Fonte: A Crítica Online