O mercado segurador fechou o ano passado com um crescimento entre 11% e 12,5%, segundo estimativa da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg). “Uma expansão de dois dígitos está garantida” em 2019, afirmou o presidente da entidade, Marcio Coriolano.
Se confirmado, o resultado vai ficar acima da previsão feita pela entidade em novembro. Na ocasião, a CNSeg enxergava uma faixa de avanço entre 9% e 10,6% para 2019, frente ao ano anterior.
Para este ano, o presidente da CNSeg acredita que o mercado de seguros deve manter o ritmo de 2019. “Acho que todos os fundamentos estão aí, com taxa de juros baixa e num patamar que vai viabilizar financiamentos e novos projetos, expectativa de inflação ancorada. Se não houver evento negativo internacional, o setor tende a ter um ritmo de alta de dois dígitos equivalente ao de 2019.”
Em projeções divulgadas em novembro, a CNSeg estimou um crescimento entre 6,7% e 13,4% para 2020. Foi uma forte elevação comparada à previsão anterior, de agosto, quando a entidade via a possibilidade de o mercado avançar entre 1% e 8,2% neste ano.
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) ainda não consolidou os números de dezembro. Em 12 meses até novembro do ano passado, o mercado registrou um avanço de 10,8%. No período, a indústria de coberturas, incluindo o DPVAT, arrecadou R$ 245,4 bilhões ante R$ 221,5 bilhões de 2018. Sem o DPVAT, a receita alcançou R$ 243,4 bilhões, com alta de 12,2% frente a 2018, que registrou volume de R$ 217 bilhões em 12 meses até novembro.
O crescimento de dois dígitos surpreende porque, até maio de 2019, o avanço anual estava praticamente estagnado em 1,6%. Segundo Coriolano, após o início do segundo semestre, porém, o mercado começou a acelerar. “Em agosto, o crescimento em 12 meses já estava em 6,9%”, cita.
Nas projeções da entidade, se em dezembro o mercado tiver crescimento zero na comparação com o mesmo mês de 2018, o ano passado fecharia com uma expansão de 11%. “Acho difícil que ocorra uma estagnação, porque no fim do ano existem impulsos como um esforço maior de vendas e o 13º”, disse o presidente da CNSeg.
Se a arrecadação tiver metade da taxa de expansão de novembro, o mercado cresceria 11,7%, estima a confederação. Mas se a taxa de 15,2% ante novembro de 2018 se repetir, haveria um avanço de 12,5% no mercado em 2019 comparado ao período anterior.
Conforme Coriolano, no ano passado houve “um período de protagonismo dos seguros de cobertura de pessoas, que têm como exemplo mais conhecido o vida tradicional, e os produtos de acumulação, como VGBL e PGBL”.
Já o caso da Previdência privada aberta, o interesse “se aguçou ainda mais com a reforma” da seguridade social. A isenção da taxa de carregamento, que incide sobre os depósitos feitos no plano, também ajudou a aumentar a procura pelos VGBL e PGBL.
Com a queda de juros e a maior competição com produtos de investimentos, em meio a uma busca por diversificação, “essa taxa passou a ter mais visibilidade”. Segundo a confederação, o segmento de acumulação saiu de um crescimento de 2,2% em julho para 17,15% de alta em novembro, nas mesmas bases, puxados pelo desempenho dos VGBL, que cresceram 18,3%.
Mas se a crise eleva o interesse para proteção pessoal restringe outro lado da indústria seguradora, o de ramos elementares. “O seguro de garantias elementares cresce 5,16%, ou seja, um terço da cobertura de pessoas”, que cresce 15,45% em 12 meses até novembro, afirma Coriolano. Isso acontece porque “a recessão e depois a recuperação econômica lenta atingiu o setor produtivo e todo mundo sofreu”, acrescenta.
O dirigente explica que as empresas são grandes compradoras de seguros e, sem crescimento econômico e melhora da renda e do emprego, “a base de proteção das companhias” fica estagnada. Com uma retomada mais forte, a tendência é de segmentos como vida e saúde ganharem impulso, assim como as coberturas patrimoniais.
Fonte: Valor Econômico