O Globo informa que, com o agravamento da situação da segurança no Rio, cresceu o preço dos seguros contratados por empresas para proteger vidas, automóveis, patrimônio e carga. Em 2017, a receita das seguradoras com apólices de transportes cresceu 5,8% no Brasil, para R$ 2,72 bilhões. No Rio, houve um salto de 124,8%, a R$ 210 milhões, segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg). No entanto, a intervenção federal no Rio pode ter impacto sobre a cobertura de tumulto, contratada por empresas, também disponível para seguro residencial e condominial. Danos ocorridos em decorrência de uma operação militar podem não ser ressarcidos pelas seguradoras.

“Há seguros que não têm cobertura patrimonial em caso de danos causados por tumulto com a presença das Forças Armadas, se isso estiver na zona de exclusão da apólice”, diz Fábio Ramos, sócio da área empresarial e de seguros do escritório Bichara Advogados.

De acordo com a CNSeg, a intervenção na segurança do Rio não se enquadra em nenhuma situação de exclusão de cobertura em geral. Neste caso, cada seguradora define regras por contrato.

Sérgio Caron, superintendente da área de transporte da Marsh Brasil, de corretagem de seguros e gerenciamento de riscos, explica que o salto na receita das seguradoras no Rio se deve ao forte aumento da demanda, especialmente na área de transporte, somado ao reajuste no valor das apólices, que acompanhou o crescimento do risco.

“A sinistralidade no Rio ficou três vezes maior que a de São Paulo frente a 2016. Ano passado, o reajuste médio foi de 30% no preço dos seguros, havendo casos em que o valor triplicou. E as participações obrigatórias do segurado, uma espécie de franquia, que eram aproximadamente de 10% do valor do prêmio, agora começam em 30%”, explica.

Em linhas gerais, diz Caron, o mercado reagiu à situação por três caminhos. Um deles foi o aumento do preço do seguro. Outro foi fazer um reajuste menor, porém exigindo uma franquia mais alta. Além disso, surgiu a exigência do gerenciamento do risco, como escolta armada.

“A seguradora precifica um produto, aceitando compartilhar um risco que, por causa da mudança de um cenário, foi alterado no meio do caminho. A seguradora tem duas saídas: aumentar o preço ou evitar o risco. O Rio é um caso emblemático. Há áreas em que as seguradoras não cobrem carros”, diz Ramos, do Bichara Advogados.

Ele destaca que, apesar da intervenção, a tendência é que os preços dos seguros se mantenham nas alturas. “Com a intervenção, deveria haver uma estabilização nessa aversão ao risco porque se reduziria a violência. Mas isso não é imediato. Ao contrário, uma ação de emergência, num primeiro momento, piora a situação, traz confronto e retaliação”.

Renato da Fonseca, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), destaca que o preço do seguro já pesa nas contas das companhias. “Há casos de empresas, principalmente de menor porte, que cancelaram seguros. A recessão trouxe perda de receita e a saída é cortar despesas, adotando outras medidas”.

Segundo Luiz Philipe Baeta Neves, presidente da Associação das Empresas de Assessoria e Consultoria de Seguros, ainda há muitas incertezas em torno da intervenção. Para ele, o fato de a operação acabar no fim deste ano, com a possibilidade de extensão nesse prazo, deixa as seguradoras em dúvida sobre o impacto nos preços dos seguros.

“O setor vai aguardar para ver o que vai acontecer. As empresas não estão contando com a intervenção em si como um fator que vai alterar os valores, já que os contratos têm duração de um ano. O aumento de roubos e furtos é o que eleva o valor do seguro. Só de carros roubados, houve alta de 40% em 2017”, afirma.

Fonte: SindSeg SP com informações de O Globo