A 8ª CONSEGURO, que este ano acontece entre os dias 19 e 21 de setembro, no Rio de Janeiro, deverá reunir cerca de mil participantes, sendo realizada paralelamente a outros tradicionais eventos organizados pela CNseg: a 7ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros, o 11º Seminário de Controles Internos & Compliance, o 11º Insurance Service Meeting, o 5º Encontro Nacional de Atuários e o 2º Seminário de Riscos e Oportunidades Emergentes.
Em entrevista para o Portal da CNseg, o presidente da Confederação, Marcio Coriolano, fala sobre o evento e como ele, e o setor segurador, como um todo, se inserem no atual quadro político e econômico brasileiro e em um mundo em constante inovação. Confira.
Qual sua expectativa para essa 8ª CONSEGURO?
Minha grande expectativa para essa edição da CONSEGURO é que consigamos despertar as autoridades, e a sociedade em geral, para o importante papel que o seguro pode ter na retomada do crescimento brasileiro. Assim, mais que debater a retomada em si, discutiremos o nosso papel nesse processo, principalmente no que diz respeito à proteção de patrimônio e renda que, quando não é feita pelo setor segurador, precisa ser feita pelo Estado. E no momento em que o dinheiro é curto, a diluição desse risco é ainda mais necessária. E não esqueçamos o importante papel de investidor institucional de nosso mercado, com ativos avaliados em cerca de 1 trilhão de reais, que podem ajudar a financiar a dívida interna brasileira.
Mas, para sermos capazes de liderar essa retomada, precisamos compreender bem o momento em que vivemos e, para isso, os debates na 8ª CONSEGURO e nos eventos associados terão muito a acrescentar. Curiosamente, há exatos dois anos, realizávamos a 7ª CONSEGURO, em São Paulo, quando os sinais já apontavam para as grandes dificuldades que se manifestariam de forma dramática no Brasil, a ponto de, há quatro meses, termos atingido o “fundo do poço”.
E agora, quando o Brasil começa a dar os primeiros tímidos sinais de recuperação, realizamos esta oitava edição, momento ideal para avaliarmos os erros e acertos desse período e, assim, melhor nos prepararmos para a retomada. Razão pela qual, de uma forma ou de outra, todas as palestras, de todos os eventos reunidos, abordarão temas relacionados às dificuldades passadas ou aos desafios futuros.
E além da questão política e financeira, quais temas relacionados ao universo do seguro serão discutidos na CONSEGURO?
Um deles diz respeito à criação e novos produtos de seguro que, em tempos de crise, tornam-se ainda mais necessários. Mas, para isso, o governo precisa permitir um maior grau de liberdade na criação desses produtos, de modo a conseguirmos alcançar justamente quem mais precisa, que são os que mais perderam renda e estão mais ameaçados pelo desemprego.
Um processo regulatório mais ágil e desburocratizado é outra demanda do setor. Veja o caso do Seguro de Vida Universal, há tanto tempo discutido, mas cujos detalhes relativos à remuneração dos ativos só estão sendo concluídos agora pela Susep. O VGBL e o PGBL também estão sendo revistos por um grupo de trabalho da autarquia, bem como o sistema de capitalização. Mas enquanto essas discussões não são concluídas, o mercado fica meio em compasso de espera, dificultando uma resposta mais rápida à crise.
Além disso, precisamos superar certas normas regulatórias antiquadas, que nos mantém presos a processos ultrapassados, que demandam um uso exagerado de papel, tanto na relação das seguradoras com o regulador, como com os próprios consumidores, que comprometem significativamente a eficiência do processo.
O novo perfil do consumidor, mais empoderado, consciente e crítico, é um terceiro tema que deve perpassar os debates na CONSEGURO e Eventos Reunidos. E isso também demanda do mercado uma resposta rápida na apresentação de soluções, inclusive no aproveitamento de novos canais de relacionamento, como os meios remotos e as mídias digitais, que já são realidade em nosso cotidiano.
E um último e importante tema que será debatido é o da inovação. A concorrência baseada em inovação já é uma realidade, por exemplo, no setor financeiro, apesar da necessidade de certa cautela para o mercado segurador, permitindo que os consumidores tenham tempo para se adaptar a essas mudanças. Importante ressaltar que a tecnologia não fará, automaticamente, com que tudo passe a funcionar melhor no setor segurador. Em todo caso, as insurtechs já estão aí e já estão trazendo novos produtos para o mercado, especialmente na área de saúde, mas também em muitas outras, como na área de automóveis, com o rastreamento de veículos e o acompanhamento do perfil do condutor em tempo real.
Na edição anterior da CONSEGURO, foram quatro os Eventos Reunidos – o Encontro Nacional de Atuários, a Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros, o Seminário de Controles Internos & Compliance e o Seminário de Riscos e Oportunidades Emergentes. Nesta, somou-se o Insurance Service Meeting. Quais as vantagens desse modelo para os participantes?
Em um momento crítico para o País, onde se discute uma série de temas importantíssimos, como as reformas política, trabalhista e previdenciária e os projetos de privatização, é muito relevante essa oportunidade de estarmos todos juntos, interagindo e discutindo questões que, apesar de diversas, são transversais e convergem no que tange o papel do setor segurador no apoio à retomada do crescimento, como já dito.
Além disso, todos os temas discutidos na CONSEGURO poderão ser aprofundados nos eventos específicos. Assim, no seminário de Riscos e Oportunidades Emergentes, por exemplo, quando se aborda a criação de novos produtos, as discussões vão além das cláusulas contratuais, tratando também de subscrição de risco, de controles internos e compliance, da proteção do consumidor de seguros, entre outras.
O mesmo ocorre em relação ao Insurance Service Meeting, fórum próprio para a discussão aprofundada da questão da inovação que, por sua enorme relevância nos tempos de hoje, também não poderia deixar de ser discutida na CONSEGURO. Assim, cada evento paralelo à CONSEGURO funciona como uma espécie de segunda camada em relação ao que é discutido no evento principal.
Em meio a mais de 30 palestras e debates, de profissionais nacionais e internacionais, das mais diferentes áreas de atuação, durante os três dias de CONSEGURO e Eventos Reunidos, quais suas dicas de apresentações imperdíveis?
Penso que uma das imperdíveis será a do ministro Roberto Barroso que, com sua inteligência e sua reconhecida capacidade de posicionamento democrático e ético, certamente trará reflexões muito úteis para o entendimento do atual momento político.
Outra palestra que tem gerado muita expectativa é a do filósofo Luiz Felipe Pondé sobre o consumidor do futuro. A ideia é que saiamos do campo teórico para as discussões sobre quem realmente é esse cara. Assim, teremos mais clareza sobre o que precisa ser feito para nos aproximarmos com mais rapidez desse consumidor que, hoje, é muito mais empoderado, consciente e impaciente.
Este é um tema particularmente caro para mim, que estou muito envolvido no Programa de Educação em Seguros, fazendo experimentações em veículos digitais, como a Rádio CNseg e o Canal no YouTube. Entretanto, confesso, ainda me sinto meio como um feiticeiro mexendo um caldeirão e tentando descobrir como efetivamente podemos nos aproximar desse novo consumidor. E, para isso, a palestra do Pondé pode contribuir muito.
Destaco também a palestra do Sérgio Abranches, pessoa por quem tenho muito respeito, que vai discutir a sociedade do século XXI com base no fantástico livro que ele acabou de lançar: “A era da incerteza”. Nele, o sociólogo e cientista político discute os fundamentos conceituais desse momento de transição radical na maneira como as pessoas se comunicam e se comportam em uma sociedade onde a informação circula com tanta rapidez.
Mas essas são apenas três das mais de trinta palestras que serão realizadas ao longo dos três dias de evento por profissionais, brasileiros e estrangeiros, do mais alto gabarito. Enfim, um evento imperdível. Por isso, conclamo a todos que visitem a área de Eventos do Portal da CNseg para que se informem mais detalhadamente sobre a programação da 8ª CONSEGURO e Eventos Reunidos, e não deixem de se inscrever neste que é o maior evento do mercado segurador brasileiro.
Fonte: CNseg