A cidade de Itabuna, no sul do estado, apresentou o pior índice de homicídios na adolescência no país, com 17,11 mortes para cada mil habitantes. Os dados foram apresentados ontem pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). A pesquisa é promovida desde 2007 e tem como parceiros o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Observatório de Favelas e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ).

O levantamento apontou cinco cidades baianas entre as 20 mais violentas para adolescentes em todo o Brasil. Camaçari ficou em quinto lugar com 9,82; Vitória da Conquista está na oitava colocação com 8,7; Salvador fica em nono, com 8,32, e Feira de Santana ocupa a 13ª posição no ranking no país, com 6,79 assassinatos para cada mil pessoas. Ou seja, quatro dos 10 municípios com maior valor, incluindo o valor mais alto, pertencem ao estado da Bahia.

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia, contudo, esclarece que, no que diz respeito à pesquisa realizada em 2012 e divulgada hoje (28) pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o número de Crimes Violentos Letais Intencionais no município baiano de Itabuna teve redução de 23,6% em 2013 (133 ocorrências), numa comparação com o ano anterior (174 registros).

O decréscimo, segundo a SSP seria resultado de operações no combate aos homicídios e ao tráfico de drogas na região, a exemplo da transferência de seis líderes de organizações criminosas, detidos no Conjunto Penal de Itabuna, para presídios federais, em março de 2013. A secretaria destaca ainda que no bairro de Monte Cristo, naquele município, já funciona uma Base Comunitária de Segurança com ações de prevenção a violência voltada pra crianças e jovens, além da inauguração do Centro Integrado de Comunicação (Cicom), que otimizou o trabalho da polícia na região.

De acordo com a pesquisa, os estados mais violentos para jovens são Alagoas (8,82), Bahia (8,59), Ceará (7,74) e Espírito Santo (7,15). Fortaleza é a capital mais violenta para jovens, com índice de 9,92. Foram analisados 288 municípios com população igual ou superior a 100 mil habitantes em 2012. A média do IHA para o conjunto destes municípios foi de 3,10 adolescentes perdidos para cada grupo de 1.000.

A pesquisa também informa que menores negros são ainda os mais vulneráveis, com risco três vezes maior de serem assassinados em comparação com adolescentes de cor branca. A pesquisa estipula que que mais de 42 mil adolescentes de 12 a 18 anos correm o risco de serem assassinados no municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, até 2019.

Pesquisa divulgada no início da semana pela Fundação City Mayors, uma ONG internacional, concluiu dados mais recente no qual Salvador ocuparia a 5ª posição entre as cidades mais violentas do Brasil, com 58 homicídios para cada 100 mil habitantes. No ranking da City Mayors, Maceió, com 80, Fortaleza com 73 e João Pessoa com 67 lideram a trágica condição da violência no país.

Custo no Estado ultrapassa os R$ 5,4 bilhões anuais

A taxa de vitimação violenta de jovens na Bahia já atingiu 131,2 por 100.000 jovens em 2010, a quarta pior taxa do país, abaixo apenas dos estados de Alagoas, Espirito Santo e Paraná. O custo da vitimização violenta de jovens na Bahia atinge o montante de 3% do PIB estadual, um dos piores índices do país. Conforme avaliações da pesquisa daquele ano, o custo social da violência juvenil na Bahia superaria os R$ 5,4 bilhões anuais, o quarto maior do país. O melhor desempenho é São Paulo, mas, ainda assim, o custo da violência neste estado atinge 1% do PIB.

A taxa de vitimação violenta inclui homicídio, homicídio por arma de fogo, suicídio e acidentes de tráfego. Se for considerada apenas a taxa referente a homicídio, a Bahia fica em 3º lugar, com 89,9 por cem mil jovens, abaixo apenas de Alagoas e Espírito Santo.

Com mais de 300 mortes violentas diárias entre homicídios e acidentes de trânsito, todas as formas de violências analisadas reduzem a expectativa de vida ao nascer dos baianos em quase dois anos. A taxa de vitimação de jovens por acidentes de tráfego atinge 22,2 por cem mil, situando-se entre a mais baixas do país. Nos mais de 60 mil homicídios anuais no país, 52% das vítimas são jovens com menos de 29 anos e, desses, mais de 70% são negros, no que se poderia classificar como um dos maiores programas de exclusão social do planeta.
Segundo o coronel da reserva da PM e ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, o cenário para 2015 é de mais um ano de recorde de violência ao custo estimado – segundo o IPEA – em mais de R$ 250 bilhões. Daqui a quatro anos, projeta, “teremos somados quase 500 mil mortes violentas ao custo de R$ 1 trilhão”.

Fonte: Tribuna da Bahia