As estatísticas são altas e a cada ano crescem. O número de acidentes envolvendo motociclistas na capital baiana já supera a média do ano de 2013. Se no ano passado era de 8,8 por dia, este ano já chega a 9,4 por dia.

Conforme os dados da Transalvador (Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador), até início de novembro de 2014 houve 2.946 acidentes com motociclistas nas avenidas da cidade. Destes, 40 acidentes resultaram em morte do motociclista ou carona. Em 2013, durante os 12 meses do ano, houve 3.223 e 56 mortes. Porém, como 2014 ainda não terminou, se compararmos o mesmo período do ano passado, o número deste ano sofreu um aumento de 244 acidentes.

De janeiro a outubro de 2013 foram 2.628, já em 2014 houve 2.874. Se repetirmos a mesma estatística do ano passado, a tendência é superar o total do ano de 2013.

Para Ana Cristina Regueira, coordenadora de Segurança e Educação para o Trânsito do Detran-BA (Departamento Estadual de Trânsito), a impunidade, aliada a outros fatores como imprudência e desrespeito ao outro, contribue de forma efetiva para o aumento do número de acidentes.

“Deve-se principalmente à sensação que as pessoas têm de impunidade. Quando o condutor começa a pilotar a moto, geralmente tem mais cuidado, mas quando se sentem seguros para tal, começam a burlar as normas. A principal regra para quem dirige moto é a utilização dos equipamentos de segurança: capacete, sapatos fechados, calças e jaquetas, porque em um provável acidente diminui e muito os impactos. É como o cinto de segurança no veículo, não impede o acidente, mas vai salvar a vida da pessoa que está no veículo”, disse.

“Outro fator é a velocidade. Dentro da cidade temos que andar a 80km ou 60km, a depender da localização. Mas em uma moto a sensação de liberdade, que dá por ser um veiculo mais leve, faz com que eles não tenham a preocupação de obedecer o que a via pede em termos de velocidade. Muitas vezes também os condutores se colocam no ponto cego, onde o condutor de um determinado veículo não consegue visualizar pelo retrovisor”, completou.

 A coordenadora ressalta que a via é coletiva. “É necessário que além do uso dos equipamentos de segurança, haja respeito às regras do trânsito, que a moto esteja regular, com condições de uso, manutenção feita, e que o condutor entenda que a via é coletiva, é de motociclistas, pedestres, veículos etc”, pontuou.

Conforme análise de Ana Cristina, os homens tendem a ser  mais imprudentes que as mulheres motociclistas. “O homem é muito afoito e muitas vezes as regras não são respeitadas. A regra pede que a moto ocupe o mesmo espaço que os outros carros. Ele só pode andar nos corredores  se os carros estiverem parados. Passar entre os carros para cortar caminho também não pode e vemos que isso é desrespeitado. A mulher motociclista é bem mais prudente, cumpre as regras, param no lugar certo quando o sinal está fechado”, afirmou.

Para ela, as autoescolas preparam bem os motociclistas. “Eles passam pela mesma formação do condutor de veículo de quatro rodas. Não têm como dizer que são maus preparados. O que acontece é uma autoconfiança de achar que comigo nada vai acontecer. Se existem regras, precisam ser cumpridas”, disse.

Segundo Ana Cristina, a educação para o trânsito desde criança é de extrema importância. O Detran tem um projeto intitulado Curso de Professor Multiplicador, onde a equipe das escolas de trânsito do Departamento faz palestras e ministra cursos para os professores e diretores, que  repassam aos alunos. O projeto já atendeu 30 escolas no interior e 10 na capital.

Fonte: Tribuna da Bahia