As ocorrências de colisão, choque e abalroamento (batia lateral) lideram, respectivamente, o ranking de acidentes no trânsito de Salvador. Mas é o quarto lugar da lista o que mais preocupa: os atropelamentos. O motivo? Esta é a principal causa de mortes nas vias da capital.

Até setembro, foram registradas 125 mortes no trânsito por acidentes. Do total, 52 foram óbitos de pedestres atropelados; 38, por colisões, e 24, por choques.

Em novembro, os atropelamentos já tinham matado 72 vítimas. Em 2013, 81. Ao todo, houve 1.319 ocorrências este ano, contra 1.349 no ano passado. Uma causa é o desrespeito à faixa de pedestre.

As multas por avanço de sinal vermelho, por exemplo, saltaram de 127,3 mil, no ano passado, para 139,2 mil, este ano, registradas por fiscalização manual e eletrônica. As multas por parar na faixa também saltaram de 21, em todo o ano passado, para 326, este ano.

“Nós, pedestres, não podemos confiar no sinal vermelho. Um dia eu quase ia sendo atropelada. Coloquei o pé na faixa, por sorte me assustei com a sombra”, disse a vendedora Carla dos Santos, 29.

Ela desce no ponto de ônibus do Caminho das Árvores diariamente e precisa atravessar a Alameda das Espatódeas para seguir  em direção ao Salvador Shopping. Carla diz que os casos de desrespeito ao sinal são frequentes  neste trecho: “Não há radares, os motoristas avançam”.

A invasão é considerada infração gravíssima. Se flagrado, o motorista perde sete pontos na carteira e tem que pagar R$ 191,53.

Para o comerciante Rodrigo Mendes, 37, a reeducação da população só vai ser conquistada no longo prazo. “Eu dirijo, mas também sou pedestre. Quando estou no carro, tenho consciência da importância de respeitar quem está a pé. Infelizmente, nem todos pensam assim”, diz.

Para ajudar a conscientizar os condutores, o prefeito ACM Neto lançou, nesta segunda-feira, 1º, no palácio Thomé de Souza, a campanha “Pediu pra Parar, Parou”.

Ferramentas

O titular da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador, Fabrizzio Muller, não informa quantas faixas são monitoradas por  radares (segundo ele, é preciso fazer um levantamento). Mas   diz que, até o final do ano, 50 novos sensores (incluindo os de faixa e de velocidade) estarão funcionando. “No início de 2015, serão 236”, prevê.

Segundo Muller, das 2.500 faixas de pedestre existentes na cidade,   cerca de mil foram requalificadas na atual gestão. Em pontos mais críticos, a sinalização é em vermelho para ganhar mais destaque.

A sinalização demandou investimento de cerca de R$ 10 milhões este ano. “Fazemos em média 10 a 12 faixas por noite”, afirma.

O gestor se diz preocupado com o número de mortes por atropelamento: “Este ainda é o grande responsável pelas baixas. Estamos nos mobilizando para reverter isso. O trabalho de fiscalização e implementação de ferramentas  já surtem efeito”.

As avenidas com maiores ocorrências de óbitos de pedestres, este ano, foram a  Luiz Viana Filho (Paralela) e  Mário Leal Ferreira (Bonocô), ambas com quatro cada. Em segundo lugar, estão  Afrânio Peixoto (Suburbana) e Octávio Mangabeira (orla) com três ocorrências, cada.

Sobre estas ocorrências, ele ressalta que há casos em que a imprudência é do pedestre. “Nas vias de trânsito rápido também há situações em que fica evidente que houve negligência  das pessoas, que deixam de utilizar a passarela ou a sinaleira para atravessar  em local indevido”, observa.

Em locais que necessitem de sinalização horizontal (faixas de pedestres, canteiros, linhas) ou vertical (sinaleiras, placas), a população pode entrar em contato com a Transalvador, por telefone ou site. O cidadão deve encaminhar ofício para que uma equipe avalie se há possibilidade de implantar o equipamento.

Fonte: A Tarde