Em discurso feito na abertura da 10ª Conferência Internacional de Microsseguros, nesta terça-feira, 11, na Cidade do México, o presidente da CNseg e da Federação Interamericana de Empresas de Seguros – FIDES, Marco Antonio Rossi, destacou a crescente importância do microsseguro na indústria mundial de seguros. Nesse sentido, apontou a Conferência como fonte inspiradora para o desenvolvimento de novos produtos voltados à população de baixa renda.

A conferência do México, organizada pela Fundação Munich Re, Microinsurance Network ((MIN)) e Asociación Mexicana de Instituciones de Seguros (AMIS), conta com cerca de 400 participantes, oriundos de 59 países, para avaliar o avanço e discutir as perspectivas dos microsseguros. Serão três dias de relatos de experiências bem-sucedidas e de novos desafios no esforço para ampliar os seguros para pessoas de baixa renda em todo o mundo.

Marco Antonio Rossi considera o “microsseguro uma salvaguarda para o patrimônio da população de baixa renda, que é acumulado com grande esforço. Lembrando o caminho irregular na trajetória de superação da pobreza, Rossi assinalou que, em tempos de aumento de renda, os pobres melhoram a condição de vida, mas, quando encontram impactos e dificuldades financeiras, regridem. Nesse quadro, cabe ao microsseguro contribuir para tornar esse zigue-zague uma linha reta e ascendente, reduzindo o impacto negativo dos imprevistos financeiros na vida da população de baixa renda.

A seu ver, desde a edição da conferência de Munique, ocorrida há 10 anos, na Alemanha, o mundo mudou, sobretudo na universalização dos serviços tecnológicos de comunicação, com destaque para o uso do telefone celular, fenômeno este que abriu caminho para o acesso do seguro às populações de baixa renda, englobando todo o ciclo do mercado segurador, da criação, venda até a indenização.

Em consequência disso, ratificou-se o uso de múltiplos canais de distribuição de produtos para a população de baixa renda, tendo em vista o objetivo de alcançar o consumidor onde quer que ele esteja e a um custo adequado. “Isso significa a reavaliação de antigos paradigmas. Nesta nova perspectiva, corretores tradicionais passam a conviver em harmonia com correspondentes bancários e de microsseguros. Por outro lado, novas abordagens de aproximação com o consumidor final, utilizando centrais de atendimento, internet, telefones celulares, POS e ATMs, entre outras, permitem ampliar a oferta de produtos, atender às demandas e oferecer um atendimento mais ágil, para além da tradicional abordagem pessoal”, lembrou ele.

Na condição também de presidente da Fides, Marco Antonio Rossi citou números relevantes para a indústria de seguros da América Latina. Tomando como base um estudo do Banco Mundial de 2012, ele assinalou que a classe média somava 103 milhões de pessoas na América Latina em 2003, e seis anos depois contava com 152 milhões. Uma expansão de 50% nesse estrato social. “Este contingente é bastante expressivo. No Brasil, a chamada nova classe média brasileira consome cerca de R$ 1 trilhão anualmente, o que a tornaria a 18ª maior nação do mundo na classificação de consumo”.

A seu ver, a indústria de seguros hoje já é capaz de fornecer cobertura adequada a um custo suportável para uma parte considerável desta população. Porém, destacou, essa realidade não apresentaria um espectro tão amplo, não fossem os resultados dos trabalhos e esforços das instituições voltadas para esse tema. “Esforços traduzidos pelo mapeamento detalhado, pesquisas em profundidade, os campos da tecnologia, canais de distribuição, adequação de coberturas e prêmios, capacitação dos canais de venda, simplificação de linguagem, pagamento de sinistros, entre outros”, enumerou ele.

Toda esta experiência compartilhada forneceu e continua fornecendo elementos fundamentais à indústria de seguros, aos seus parceiros e também aos órgãos supervisores de seguros nas suas estratégias de adequação das operações e controles para este novo cenário, acrescentou ele.

Marco Antonio Rossi deixou claro que o seguro é um dos instrumentos capazes de alavancar a melhoria da qualidade de vida da população. Ele está certo de que a queda à metade da pobreza extrema no mundo, constatada no Relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de 2014, tem alguma contribuição dos programas de microsseguros, mas ainda há um largo caminho a percorrer. Mas o mercado está pronto para enfrentar os desafios de buscar novos consumidores e se reinventar para atendê-los, assegurou.

Ainda durante a solenidade de abertura do evento, Marco Antonio Rossi aproveitou para homenagear representantes de instituições mais ativas no desenvolvimento de microsseguros, como o presidente da Munich Re Foundation, Thomas Loster, e Craig Churchill, presidente da Impact Insurance Facility e do Microinsurance Network.

A delegação brasileira chefiada por Marco Antonio Rossi é formada pela diretora executiva da Confederação, Solange Beatriz Palheiro Mendes, a superintendente de Relações com o Mercado, Maria Elena Bidino (CNseg), o gerente Ricardo Tavares (CNseg), Bento Zanzini (BB/Mapfre), Eugênio Velasques e Rodolf Ern (Bradesco Seguros).

Fonte: CNseg