O seguro educacional mal começa a engatinhar no Brasil, mas já responde pela redução de calotes no ensino privado. O segmento movimentou R$ 10,9 milhões no primeiro trimestre de 2014, parcela ínfima dos prêmios no ramo bilionário de seguros de pessoas.

Em novembro de 2013, a arrecadação do seguro educacional não passou de 0,6% dos 2,1 bilhões movimentados no ramo de pessoas, de acordo com a Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

Assim como o seguro de vida, o educacional cobre desemprego, morte ou invalidez permanente por acidente ou doença do pai ou responsável pelo aluno, garantindo o pagamento das mensalidades escolares. O produto é aplicado desde o ensino básico até o superior.

“O objetivo do seguro é dar ao aluno a possibilidade de continuar seus estudos”, explica Alexandre Crozato, superintendente executivo de Seguros de Pessoas do grupo BB e Mapfre, que atua há dez anos no segmento e coleciona um portifólio de 500 mil alunos segurados.

O seguro custa, em média, de 1% a 3% da mensalidade – valor que só pode ser praticado nos planos coletivos, de acordo com Crozato. A imensa maioria dos planos é ofertada por colégios e universidades em convênio com as seguradoras. Apenas 0,01% dos contratos deste tipo de seguro são individuais.

Em muitos casos, é a própria instituição de ensino que banca o seguro para os alunos. Foi o que fez o colégio paulistano Dante Alighieri, que antes contava com a adesão de pais e responsáveis financeiros, mas passou a oferecer o produto gratuitamente a todos os 4,5 mil matriculados.

A gerente financeira do colégio, Ligia Beretta, conta que a adesão ao seguro ajudou a reduzir a inadimplência em torno de 1,5%.

A Universidade Anhanguera, que faz parte do maior grupo de ensino privado do País, lançou no segundo semestre de 2013 um projeto-piloto do seguro educacional para alunos da região Sul do País.

“A cobertura contempla a isenção de seis mensalidades, possibilitando que o aluno esteja matriculado, ativo e adimplente”, informou a instituição.

Perguntada se o preço do seguro é embutido nas mensalidades, a universidade respondeu que “o benefício não gera qualquer despesa extra aos discentes”. A instituição não comentou se o produto visa reduzir a inadimplência e evasão.

Coberturas além de morte, doença e invalidez

Além das coberturas básicas (morte, invalidez por acidente ou doença) e da garantia adicional em caso de desemprego, as instituições de ensino podem contratar outras coberturas, como matrícula, repetência, formatura e pré-vestibular, além de um serviço de ajuda à recolocação profissional, incluindo a atualização e divulgação de currículos.

O grupo BB e Mapfre, por exemplo, oferece como cobertura adicional a proteção escolar, que cobre, além de acidentes pessoais envolvendo o aluno, assistência escolar com reposição de aulas e até transporte para fisioterapia e assistência funeral.

Em torno de 750 instituições de ensino no Brasil oferecem o seguro por convênios com o grupo segurador. “Estima-se que apenas cerca de 5% das redes privadas do País ofereçam este benefício a seus alunos”, diz Crozato.

O total de alunos matriculados em universidades privadas em 2012 era de 5,1 milhões (73% do total), de acordo com o último Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação (MEC), divulgado no segundo semestre do ano passado.

No ensino básico particular, o total de matrículas em 2013 foi de 8,6 milhões, segundo o último Censo Escolar, publicado este ano. Enquanto as escolas públicas perdem alunos, as redes particulares só aumentam seu quadro.

Entre 2012 e 2013, a rede privada de ensino cresceu 3,5% no Brasil, enquanto as instituições públicas – federais, estaduais e municipais –, encolheu 1,9% no número de matrículas.

Para o executivo do BB e Mapfre, o desconhecimento sobre o seguro educacional ainda é o maior entrave à sua massificação. “Apesar de a procura ser cada vez maior e atrair importantes instituições de ensino, considerando o número de redes privadas no País, é possível medir o tamanho do campo a ser explorado”.

Fonte: IG