Com o término de eventos como a Copa do Mundo, a projeção das seguradoras que oferecem apólices para riscos de engenharia é que projetos da construção civil e de mobilidade urbana segurem o crescimento que os seguros tiveram no setor.

No primeiro bimestre deste ano, a infraestrutura foi a prioridade do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), que desembolsou mais de R$ 9,8 milhões para a área, totalizando 35% do crédito disponibilizado.

Rosene D’Ávila, superintendente técnica responsável pela área de construção civil da Essor Seguros, aponta dois grandes marcos para o crescimento deste mercado no País. Segundo ela, as obras e projetos da Copa e Olimpíadas e também os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 1 e 2 foram responsáveis pelo aquecimento do setor. Em cenário macroeconômico, Rosene aponta para a recuperação da economia, maior geração de renda e empregos nos últimos anos como fatores que alavancaram os números da área. Contudo, ela explica que os dados são escassos e desatualizados na área de seguros, mas afirma que os projetos tiveram impacto positivo no crescimento de apólices voltadas para esse nicho.

Os últimos índices da Superintendência de Seguros Privados (Susep), de novembro de 2013, mostram que somente o mercado de riscos de engenharia, que dá cobertura para acidentes e outro incidentes durante o processo havia somado R$ 550 milhões no mês em prêmios diretos e com baixa sinistralidade.

A razão, segundo Rosene, é do grande número de seguradoras que oferecem o produto, o que vem aumentando a competividade entre as seguradoras. Por esse motivo, as seguradoras vêm estudando e oferecendo serviços cada vez mais específicos.

Aliado a isso, está o fato de que “como os seguros para infraestrutura não são cíclicos, como os carros, as seguradoras devem encontrar outros empreendimentos”, afirmou. Rosene aposta que, mesmo com o fim das obras dos grandes eventos como a Copa e as Olimpíadas, que elevaram a procura pelos seguros, o ramo tem espaço para crescer.

Ela acredita que o setor imobiliário e de construção civil será o grande propulsor do setor. “O ramo imobiliário ainda tem muito que crescer. Só no Sudeste, o déficit de moradias chega a 36%. No Nordeste, 34% e, no Sul, 12%. Então mesmo com o término das obras de infraestrutura, há ainda muito espaço para o mercado crescer”.

O crédito direcionado para o setor, de acordo com o relatório do Banco Central divulgado na última quarta-feira, cresceu, em 12 meses, 21,1% para financiamentos a pessoas jurídicas e 29,4% para pessoas físicas.

Obras de mobilidade urbana, como estações de metrô, que segundo Rosene envolvem muitas operações de avaliação de riscos, e outras como o rodoanel, devem ser outro espaço no qual as apólices vão crescer.

A competição na área procuram produtos cada vez mais especializados. Baseados em apólices já conhecidas no exterior, produtos como o seguro decenal, da Essor, que segura o empreendimento por mais dez anos após o término da obra, ou como para riscos ambientais para infraestrutura da AIG, vem ganhando espaço no mercado brasileiro.

“Como a competitividade do mercado está grande, as seguradoras vêm procurando se diversificar”, afirmou Rosene.

Fonte: DCI